quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O JOGO DE SOMA ZERO DA POLÍTICA PARAIBANA.

Ontem eu ponderava sobre as possibilidades do fim da aliança, entre o PSDB e o PSB, só vir a acontecer em 2018 quando o senador Cássio Cunha Lima e o Governador Ricardo Coutinho poderiam se dar ao luxo de dispensar valiosos apoios. Se é verdade que até os pombos da Praça da Bandeira sabem que Cássio Cunha Lima será candidato a governador, nas eleições de outubro, é fato, também, que os pombos devem se perguntar se Cássio pode mesmo vir a ser eleito governador. É que os pombos da Praça da Bandeira questionam os “cassistas” que afirmam que tudo se resolverá com o fim da aliança entre o PSB e o PSDB. Eu mesmo fico a me perguntar se não estaria faltando um dos denominadores dessa equação.
Não tem sido raro ouvir que, uma vez desfeita a aliança, todo o resto são favas contadas. Alguns dos meus interlocutores consideram que se Cássio for mesmo candidato não tem para ninguém. Um colega me falou que Cássio deve ganhar já no 1º turno. É como se o rompimento entre o PSDB e o PSB encerrasse a eleição de outubro. É como se a candidatura de Cássio Cunha Lima tivesse o poder de anular todas as outras. Nessas conversar, e como diria Lenine, eu sempre peço um pouco mais de calma. É que caldo de galinha, cautela e chocolate nunca fizeram mal a ninguém, pelo menos não a mim.
O processo eleitoral deste ano será bastante complexo. Existem reais possibilidades de termos, nas eleições, quatro candidatos com chances de vencer. Acreditar que um movimento, como este que se espera do senador Cássio, pode vir a resolver todo o processo é desconsiderar o jogo político em toda a sua complexidade. Se apegar a essa via de mão única é negar a importância de vários atores políticos. A Paraíba está bem posicionada no cenário nacional devido à atuação do Ministro Aguinaldo Ribeiro e dos senadores Cássio e Vital Filho. Existem deputados federais paraibanos com poder de agenda sobre o governo estadual e sobre as prefeituras. Não é a toa que Aécio Neves, Dilma Rousseff e Eduardo Campos acompanham os acontecimentos da política paraibana de perto. E não só isso, eles tentam influir nas decisões para que possam ter palanques sólidos em nosso estado.
Aécio Neves quer Cássio Cunha Lima candidat para subir ao palanque de quem já amealhou mais de 1 milhão de votos numa única eleição. Eduardo Campos contará com o palanque de Ricardo Coutinho, mas bem que ele quer Cássio, também, ao seu lado. Dilma aguarda os acontecimentos, pois se o PMDB não puder viabilizar uma sólida candidatura, ela terá que se contentar com o frágil palanque que o PT pode montar com a candidatura de faz-de-conta de Nadja Palitot. Restaria, então, a possibilidade de um palanque multipartidário do “Blocão” tendo o ministro Aguinaldo Ribeiro como candidato a governador. A oposição teria, então, dois ou três palanques para Dilma pedir votos. O Problema seria como reorganizar essas candidaturas num 2º turno sem PT ou PMDB, mas com o PSDB e o PSB.
 
Se o rompimento se der e se Cássio for mesmo candidato, teremos uma situação bem interessante. Como analista, eu confesso certa ansiedade para acompanhar uma eleição com candidatos do quilate de Ricardo, Cássio, Veneziano e Aguinaldo. Com esses nomes teríamos debates ricos, se não em propostas, pelo menos em termos de intervenções e interpelações. O problema é que ainda falta resolver a equação dos que podem se candidatar, mas não estam com vontade, é o caso de Aguinaldo Ribeiro. E tem o dilema dos que querem se candidatar, mas não podem, seja por questões legais (pode ser o caso do senador Cássio), seja por déficit de capital eleitoral, é o caso do ex-prefeito Veneziano Vital.
Ainda sobre a questão se a aliança PSB/PSDB permanecerá, ou será desfeita, é preciso ver que alguém está blefando. É que este é um jogo de soma zero, i.e., o que um jogador ganha é exatamente o que o outro perde. Se o jogador A diz que não quer mais ficar na aliança e o jogador B diz que ainda quer continuar com a aliança, resta as seguintes opções: se a aliança se desfaz, o jogador A leva tudo; mas, se a aliança permanece, o jogador B é quem fica com tudo.
Se é assim, alguém está blefando nesse jogo, pois mediante a possibilidade de ficar sem nada, porque um jogador insistiria em acabar com o jogo? Ou, dito de outra forma, porque parar com a partida de futebol se os donos da bola ainda querem jogar?
Ricardo Coutinho tem dito que no que dele depender a aliança não se desfaz, mas ele não para de arregimentar prefeitos do PMDB e de outros partidos. Ricardo sabe que perde muito com o fim da aliança, mas ele tem se preparado para ir às urnas contra tudo e contra todos. Cássio colocou na mesa a possibilidade de ser candidato, mas ele não afirma, pelo contrário, remete a decisão ao povo, essa entidade sem nome e sem voz. Cássio segue agindo como o dono da bola que decide como e quando deve a partida começar.

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