A questão a
destacar, neste “FLA X FLU” que se tornou a política-partidária-eleitoral
paraibana, não é se o senador Cássio Cunha Lima manterá a aliança, forjada em
2010, com o atual governador Ricardo Coutinho. Não, isto não deve, não pode, ser o centro das
atenções, pois não estamos tendo nenhuma revolução política na pequena e
heroica Paraíba. Para acima e além das paixões, e dos interesses, precisamos
ter claro que tudo isso é absolutamente normal. O sentido da ação dos atores e
partidos políticos é a permanente luta pela hegemonia no poder. Assim, as
alianças, e os rachas, são absolutamente normais. Eles se unem e se separam de
acordo com as conveniências das conjunturas eleitorais.
Em nossa história política podemos enumerar um sem número de casos em que
relevantes atores políticos desfizeram alianças. Em seus livros, o historiador
Josué Sylvestre nos relata famosos casos de alianças políticas rompidas. No
livro “Lutas de Vida e de Morte", Silvestre nos fala de rachas colossais.
Um deles, em 1950, fez Argemiro de Figueiredo (da UDN) e José Américo (do PSD)
se enfrentarem num processo eleitoral dos mais acirrados que até mortes causou.
Outro caso famoso foi o rompimento entre Wilson Braga e Tarcísio Burity em
1986. Mas, o case dos rompimentos foi a “Briga do Campestre” quando José
Maranhão e Ronaldo Cunha Lima protagonizaram um racha que reordenou a política
paraibana.
A atual organização político-partidária que temos foi parida neste caso de
1998, em que pese mudanças que foram sendo feitas ao longo dos períodos
eleitorais que tivemos. A principal delas foi justamente à aliança entre Cássio
Cunha Lima e Ricardo Coutinho. Aliança esta que parece caminhar para o seu fim.
O que importa observarmos é que os grupos políticos sobrevivem aos rachas. Às
vezes, achamos que os rompimentos são fruto da insanidade dos políticos. Mas,
em geral, nos enganamos. Aos rachas e rompimentos precede todo um jogo de
bastidores. Os apaixonados e as vivandeiras de plantão só saem às ruas depois
que seus chefes políticos autorizam. Apesar de que, neste caso, foram as
vivandeiras que tomaram à dianteira de seus chefes.
Sabemos que foram alguns aliados do senador Cássio Cunha Lima,
distribuídos pelo governo do Estado, que começaram a promover,
estrategicamente, um clima de animosidade para que se pudesse chegar a esse
atual estado de coisas. O fato é que muitos vislumbram a maximização de seus
interesses tendo o próprio Cássio Cunha Lima à frente do governo do Estado e
não um aliado, do tipo de Ricardo Coutinho, que dificilmente se dobra as
imposições vindas dos aliados. Essa, meus amigos, é a questão central deste
imbróglio. Cássio Cunha Lima, seu partido e sua legião de aliados não querem
mais dividir o poder com o PSB de Ricardo Coutinho e, claro, os aliados que o
governador foi amealhando por fora da aliança com os tucanos.
A aliança, que estava fadada a se quebrar em 2018, deve se encerrar
prematuramente pela impaciência do espectro político paraibano. Se
considerarmos Ricardo e Cássio, isoladamente, veremos que a manutenção da
aliança é o melhor dos mundos. Se PSB e PSDB seguirem juntos, Ricardo Coutinho
tem tudo para se reeleger e Cássio Cunha Lima ainda tem mais quatro anos
ocupando a mãe de todos os cargos. deste país. que é uma cadeira no Senado
Federal. Além do mais, Cássio não precisaria ter que se haver com a Justiça
Eleitoral sobre a questão se ele é ou não elegível neste momento. Questão que,
diga-se de passagem, motiva muitos debates, mas que, também, não deve ser o centro
das discussões.
Pois, se nos
apegarmos a essa questão jurídica terminaremos judicializando um processo
eleitoral que já tem perturbações de sobra. Em 2018, Cássio estaria livre para
disputar o governo do Estado e Ricardo poderia pleitear uma vaga no senado.
Interessa perceber que o Senador Cássio não fala em rompimento. Ele tem dito
que o PSDB vai discutir o caminho a ser seguido nas eleições de 2014. E ele faz
questão de dizer que isso será feito de forma independente e autônoma. Por
certo, o senador quer deixar claro que não aceitará intervenções de quem quer
que seja no seu processo de tomada de decisão.
No dia de ontem,
o PSDB se reuniu e Cássio recomendou que os tucanos entreguem seus cargos ao
governador Ricardo. Ele disse, ainda, que os que não são filiados ao PSDB, mas
que detém cargos por uma indicação sua, devem examinar suas consciências e
decidir que caminho seguir. Talvez, isso tudo seja o começo do fim da aliança.
Talvez, essa crise seja o mecanismo para reformular a aliança e leva-la até
2018. O fato é que Cássio, seu partido e seus aliados querem mais cargos e mais
espaços em um segundo mandato de Ricardo Coutinho. Devolver os cargos é uma
forma de dizer que só se mantem a aliança de outra maneira, com mais cargos.
Este é um jogo
de aposta alta. E é, também, um jogo de soma zero, pois o ganho de um jogador
tem que, necessariamente, representar a perda do outro jogador. Interessa ver
quantos dedos cada jogador está disposto a perder, caso não queira ficar sem a
mão.
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A
CAMPINA FM.
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