terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

NO JOGO DA APOSTA ALTA, GANHA MAIS QUEM BLEFA MAIS.

A questão a destacar, neste “FLA X FLU” que se tornou a política-partidária-eleitoral paraibana, não é se o senador Cássio Cunha Lima manterá a aliança, forjada em 2010, com o atual governador Ricardo Coutinho.  Não, isto não deve, não pode, ser o centro das atenções, pois não estamos tendo nenhuma revolução política na pequena e heroica Paraíba. Para acima e além das paixões, e dos interesses, precisamos ter claro que tudo isso é absolutamente normal. O sentido da ação dos atores e partidos políticos é a permanente luta pela hegemonia no poder. Assim, as alianças, e os rachas, são absolutamente normais. Eles se unem e se separam de acordo com as conveniências das conjunturas eleitorais.
Em nossa história política podemos enumerar um sem número de casos em que relevantes atores políticos desfizeram alianças. Em seus livros, o historiador Josué Sylvestre nos relata famosos casos de alianças políticas rompidas. No livro “Lutas de Vida e de Morte", Silvestre nos fala de rachas colossais. Um deles, em 1950, fez Argemiro de Figueiredo (da UDN) e José Américo (do PSD) se enfrentarem num processo eleitoral dos mais acirrados que até mortes causou. Outro caso famoso foi o rompimento entre Wilson Braga e Tarcísio Burity em 1986. Mas, o case dos rompimentos foi a “Briga do Campestre” quando José Maranhão e Ronaldo Cunha Lima protagonizaram um racha que reordenou a política paraibana.
A atual organização político-partidária que temos foi parida neste caso de 1998, em que pese mudanças que foram sendo feitas ao longo dos períodos eleitorais que tivemos. A principal delas foi justamente à aliança entre Cássio Cunha Lima e Ricardo Coutinho. Aliança esta que parece caminhar para o seu fim. O que importa observarmos é que os grupos políticos sobrevivem aos rachas. Às vezes, achamos que os rompimentos são fruto da insanidade dos políticos. Mas, em geral, nos enganamos. Aos rachas e rompimentos precede todo um jogo de bastidores. Os apaixonados e as vivandeiras de plantão só saem às ruas depois que seus chefes políticos autorizam. Apesar de que, neste caso, foram as vivandeiras que tomaram à dianteira de seus chefes.
Sabemos que foram alguns aliados do senador Cássio Cunha Lima, distribuídos pelo governo do Estado, que começaram a promover, estrategicamente, um clima de animosidade para que se pudesse chegar a esse atual estado de coisas. O fato é que muitos vislumbram a maximização de seus interesses tendo o próprio Cássio Cunha Lima à frente do governo do Estado e não um aliado, do tipo de Ricardo Coutinho, que dificilmente se dobra as imposições vindas dos aliados. Essa, meus amigos, é a questão central deste imbróglio. Cássio Cunha Lima, seu partido e sua legião de aliados não querem mais dividir o poder com o PSB de Ricardo Coutinho e, claro, os aliados que o governador foi amealhando por fora da aliança com os tucanos.
 
A aliança, que estava fadada a se quebrar em 2018, deve se encerrar prematuramente pela impaciência do espectro político paraibano. Se considerarmos Ricardo e Cássio, isoladamente, veremos que a manutenção da aliança é o melhor dos mundos. Se PSB e PSDB seguirem juntos, Ricardo Coutinho tem tudo para se reeleger e Cássio Cunha Lima ainda tem mais quatro anos ocupando a mãe de todos os cargos. deste país. que é uma cadeira no Senado Federal. Além do mais, Cássio não precisaria ter que se haver com a Justiça Eleitoral sobre a questão se ele é ou não elegível neste momento. Questão que, diga-se de passagem, motiva muitos debates, mas que, também, não deve ser o centro das discussões.
Pois, se nos apegarmos a essa questão jurídica terminaremos judicializando um processo eleitoral que já tem perturbações de sobra. Em 2018, Cássio estaria livre para disputar o governo do Estado e Ricardo poderia pleitear uma vaga no senado. Interessa perceber que o Senador Cássio não fala em rompimento. Ele tem dito que o PSDB vai discutir o caminho a ser seguido nas eleições de 2014. E ele faz questão de dizer que isso será feito de forma independente e autônoma. Por certo, o senador quer deixar claro que não aceitará intervenções de quem quer que seja no seu processo de tomada de decisão.
No dia de ontem, o PSDB se reuniu e Cássio recomendou que os tucanos entreguem seus cargos ao governador Ricardo. Ele disse, ainda, que os que não são filiados ao PSDB, mas que detém cargos por uma indicação sua, devem examinar suas consciências e decidir que caminho seguir. Talvez, isso tudo seja o começo do fim da aliança. Talvez, essa crise seja o mecanismo para reformular a aliança e leva-la até 2018. O fato é que Cássio, seu partido e seus aliados querem mais cargos e mais espaços em um segundo mandato de Ricardo Coutinho. Devolver os cargos é uma forma de dizer que só se mantem a aliança de outra maneira, com mais cargos.
Este é um jogo de aposta alta. E é, também, um jogo de soma zero, pois o ganho de um jogador tem que, necessariamente, representar a perda do outro jogador. Interessa ver quantos dedos cada jogador está disposto a perder, caso não queira ficar sem a mão.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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