Eu sigo atento a
movimentação dos atores e partidos políticos, pois preciso entender e analisar
a definição das alianças e de suas candidaturas. Por causa disso,
inevitavelmente, termino acompanhando o que não deveria ou não gostaria.
Fatalmente esbarro em questões fúteis que ficariam em outro plano no que
dependesse de minha vontade exclusiva. São coisas que damos uma atenção além do
limite, graças a essa cultura novelística que tanto gostamos de ter. Ao
analista, cabe separar o joio do trigo. Existem coisas que não se deve dar
atenção. Se preocupar com a vida intima dos políticos só contribui para que não
se separe o “rame-rame” politiqueiro do ato de politicar. Se me permitem, do
POLITICANDO.
Graças a nossa formação política e social, não aprendemos a separar as
coisas públicas das particulares. Na política regional, principalmente, as
questões públicas e administrativas terminam sendo uma extensão do mundo
familiar dos políticos. Acompanhamos a politicagem, pois os politiqueiros
teimam em se tornar governantes. Se não nos preocupamos com os lances da
política eleitoral, como poderemos cobrar dos eleitos que atentem para os
muitos problemas sociais que temos? Mas, não é incomum que grupos
políticos-familiares, enraizados no poder regional, lavem suas roupas sujas em
público. Nossa elite política tem o hábito de ocupar a mídia para mandar
recados desaforados para seus desafetos.
Agora mesmo, acompanhamos uma longa discussão da relação
político-familiar. O ex-governador José Maranhão e seu sobrinho, deputado federal Benjamim
Maranhão, seguem trocando acusações, críticas e desaforos pela imprensa
paraibana. A DR da família Maranhão tem sido tão acirrada que não sabemos onde
começam os problemas políticos e onde terminam as questões familiares. Não
passa um dia sem que vejamos uma declaração, por menor que seja, sobre a
questão. É difícil saber se a “DR dos Maranhão” tem haver apenas com questões
político-partidárias ou se os problemas familiares são causa e/ou consequência
da discórdia. O fato é que as questões familiares se misturam com as políticas.
Apenas para atualizar o caro ouvinte, tudo começou quando Benjamim
Maranhão resolver mudar de partido. Ele abandonou o PMDB, onde entrou pelas
mãos do seu tio José Maranhão, e foi para o Partido Solidariedade, também
conhecido pela sigla SDD. Como todo cacique político e patriarca familiar, José
Maranhão não gostou do fato de seu sobrinho ter tomado uma decisão sem levar em
consideração a opinião que ele havia expressado. O ex-governador queria
Benjamim onde sempre esteve e ponto final. O deputado queria buscar novos ares
partidários. Ele queria sair da sombra de seu tio para buscar espaço, pois
sabia que permanecendo no PMDB terminaria tendo sua postulação, a mais um
mandato na Câmara Federal, inviabilizada.
Maranhão queria
Benjamim no PMDB cumprindo o papel de fiel escudeiro. Benjamim se foi para o
SDD ignorando os apelos e as ameaças de seu tio. Consumado o fato, o
ex-governador passou fazer duras criticas ao seu sobrinho, sempre através da
imprensa. José Maranhão já chamou seu sobrinho de traidor, equivocado e
irresponsável. Há a alguns dias, ele disse que Benjamim “não terá apoio na legenda que está, porque ela não existe na Paraíba”.
José Maranhão se mostra bastante magoado com seu sobrinho. Ele afirma que
Benjamim saiu do PMDB por vontade própria. O ex-governador deserdou
politicamente seu sobrinho quando lhe retirou o apoio político. Será que ele
deserdou, também, das heranças familiares?
Benjamim
Maranhão disse que não aceita a alcunha de traidor e que saiu do PMDB por causa
do jeito arrogante de seu tio em tratar os aliados políticos. Ele chegou a
lançar uma nota à imprensa com sua versão para os fatos. O deputado disse que
foi obrigado a sair da legenda por não acreditar que é possível que duas
candidaturas, da mesma família, disputem o mesmo cargo e pelo mesmo partido.
Ele afirmou que sempre foi fiel ao PMDB e que nunca negou a liderança do seu
tio. João Almeida, presidente do SDD de João Pessoa, afirmou que a briga entre
Benjamim e José Maranhão é coisa de família. Ele a comparou a uma briga entre
marido e mulher, onde ninguém deveria meter a colher. Mas, se tudo se resume a
uma questão familiar, porque o presidente do SDD tem que dela tratar?
Dessa confusão
político-familiar se deduz duas questões. A primeira é que a política segue sendo
tratada como um negócio exclusivo das famílias tradicionais da Paraíba. Negócio
este que não deve sofrer interferências por ser pouco-republicano. A outra
questão é que a política partidária deixa de ser tratada como uma coisa pública
para se tornar um espetáculo, onde o ator seria o político, a peça encenada
seria o drama político-familiar e o espectador seria o cidadão-eleitor que, vez
por outra, é convidado a assistir o espetáculo, ou melhor, é convocado a votar.
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES
SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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