Como todos
sabemos, Ulysses Guimarães foi bastante importante e influente no meio político
brasileiros entre as décadas de 60 e 90. O Dr. Ulysses foi, também, um grande
frasista. Suas frases são sempre citadas por políticos e analistas.
Particularmente, eu gosto da frase em que ele definiu o antigo MDB, hoje PMDB.
Segundo Dr. Ulysses, “O MDB é como
pão-de-ló: quanto mais bate, mais ele cresce.” Eu gosto do bom humor com o
qual ele impregnava suas frases. Certa vez ele assim definiu uma eleição: “Adoro as campanhas políticas. Dão-me
transporte, de comer e de beber, o melhor quarto da casa, aplausos, votos, e
ainda me chamam de estadista”.
Ulysses Guimarães aproveitava suas tiradas para manifestar uma sinceridade
impar, que deixava muitos de seus pares irritados. Do alto de sua maturidade
política, disse ele: “Sou louco pelo
poder, seduzido pelo poder e é para isso que eu vivo”. Uma boa frase do Dr. Ulysses é a que diz que:
“Não se pode fazer política com o fígado,
conservando rancor e ressentimentos na geladeira”. Mas, porque eu estou
citando frases do Dr. Ulysses? Eu lembrei essa última, analisado o
comportamento de relevantes atores políticos paraibanos. Nos últimos dias,
vários deles deixaram de fazer política com o cérebro, ou seja, com a razão, e
passaram a fazer com o fígado, ou melhor, com a emoção.
Um dos políticos mais figadais da Paraíba é o ex-prefeito de João Pessoa
Luciano Agra, que pertenceu ao PSB, e hoje está filiado ao PEN, aquele partido
que entende tanto de ecologia quanto eu entendo do impressionismo francês.
Luciano Agra andava distante dos holofotes da mídia paraibana. Ele vinha se
limitando a utilizar seus perfis, em algumas redes sociais, para dar bom dia e
boa noite a seus seguidores, e para citar frases de políticos e filósofos famosos.
Luciano é uma espécie de novato na política. Ele veio à tona quando concorreu,
como candidato a vice-prefeito de João Pessoa, na chapa encabeçada por Ricardo
Coutinho, que era candidato à reeleição.
Quando Ricardo renunciou à prefeitura para se candidatar a governador,
Agra se tornou o prefeito da capital paraibana. Foi aí que começamos a conhecer
o jeito emocional de fazer política de Luciano Agra. Poucas vezes vi um
político tão intempestivo como ele. Num curto espaço de tempo, a amizade entre
Agra e Coutinho se tornou uma rixa política com efeitos devastadores na
política municipal da Capital. Todos devem lembrar os motivos que impediram que
Agra fosse candidato a prefeito em 2012.
Esse jeito
figadal de fazer político o fez errar feio nas estratégias. O resultado todos
conhecemos. Luciano perdeu o apoio do governador Coutinho, do PSB e do extinto
coletivo girassol. Ato contínuo, ficou sem legenda para concorrer. Teve que se
contentar em apoiar a candidatura do atual prefeito Luciano Cartaxo. Ao que
tudo indica, os “lucianos” já se desentenderam. O prefeito teria se irritado
com as cobranças e os péssimos humores de Luciano Agra.
Tanto é que Agra
saiu de seu casulo para dar aquela velha declaração em que o branco é preto e o
preto é vermelho. Ele disse que não existem hostilidades e que o prefeito
Cartaxo tem dado toda à atenção aos seus pleitos e demandas. Se eles estivessem
bem, não seria preciso dizer nada. Agra só se pronunciou porque as coisas vão
desandando. Ele não tem escolha, deve cevar bom relacionamento com o PT, se
quiser que os petistas sejam os fiadores do PEN nas articulações. É que existem
algumas possibilidades de Agra compor a aliança majoritária, concorrendo ao cargo
de vice-governador, na chapa encabeçada pelo PMDB ou então numa chapa que teria
o senador Cássio Cunha Lima como candidato.
Mas, Agra não
perde a oportunidade de destilar suas raivas. No final de semana ele voltou a
descarregar toda sua ira contra o governo de Ricardo Coutinho. Ele disse que o
governo paralisou obras e não cumpriu promessas na educação. Agra disse que o
reajuste que o governo concedeu ao funcionalismo público é aviltante. Daí ele
focou seu discurso nas minucias do que faz o governo. Criticou as pontes
erguidas em Itabaiana e Ingá e passagens em desnível feitas na Capital.
Sempre se poderá
dizer que o papel do politico de oposição, que quer se candidato, é o de bater
na situação. Mas, no caso de Luciano Agra enfrentar e destratar o governo
estadual é um dever e é um desejo que ele cumpre a partir do fígado. O problema
de Luciano Agra é se apegar às coisas menores, além de nutrir sua movimentação
político com os rancores que tanto guarda. Como diria o Dr. Ulysses: “A política não é ofício da bagatela, a
pragmática da ninharia. Quem cuida de coisas pequenas, acaba anão”.
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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