Em qualquer
dicionário vemos várias definições para o vocábulo partido. No “Caldas Aulete”,
por exemplo, partido pode ser algo que se quebrou, pode ser uma opinião
favorável ou contrária a alguma coisa, pode ser até alguém com quem se pode
casar. A expressão “tomar partido” quer dizer que se adotou uma decisão ou
resolução. Claro, partido é a associação de pessoas, com convicções e opiniões
comuns, para lutar pela hegemonia no poder político. Mas, eu encontrei outro sinônimo no mínimo
curioso. No “Caldas Aulete” a expressão “ter partido” significa “ter lucro”. É
isso mesmo, uma das características que dá sentido a existências de muitos
partidos políticos brasileiros é, também, um de seus sinônimos.
Existem, hoje,
registrados no Tribunal Superior Eleitoral, exatos 32 partidos políticos.
Desses, pelo menos a metade, foi criada para atender aos interesses nada
republicanos de uma espécie de subescalão da elite política nacional. Como por
encanto surgiram, no espectro político nacional, duas agremiações que exemplificam
muito bem (ou muito mal) essa situação. Eu estou falando do Partido
Solidariedade (SDD) e do Partido Republicano da Ordem Social (PROS). Estes
partidos surgiram, como tantos outros, sem representação no parlamento, ou
seja, sem terem passado pelo crivo das urnas. Ao mesmo tempo em que eles
requeriam o registro junto ao TSE, a imprensa denunciava fraudes no processo de
suas criações.
Após se legalizarem, eles fizeram grandes campanhas no Congresso Nacional,
nas Assembleias Legislativas e em várias Câmaras Municipais para arrecadar
parlamentares. É que eles não se interessam em ter como filiado o cidadão
comum. Para esses partidos de vida fácil, que se põem a venda como se fossem
mercadorias, interessa mesmo é ter parlamentares como filiados, pois é isso que
vai virar moeda de troca junto aos governantes. As lideranças dessas siglas
intercambiáveis fizeram um negócio de ocasião. Tão logo conseguiram amealhar um
sem número de parlamentares veio o período das reformas ministerial, no governo
federal, e dos secretariados dos governos estadual e municipal.
Ao contrário do SDD, que se aliou a oposição ao governo federal, o PROS se
aproximou do governo Dilma e luta para ganhar um ministério. Qual ministério?
Qualquer um, pois o objetivo é dispor da estrutura governamental (eu falo de
verbas, claro) para crescer. Aqui na Paraíba, o SDD partiu para a ofensiva
sobre alguns governos municipais. No processo de aliciamento de parlamentares,
o SDD conquistou quatro vereadores na Câmara Municipal de João Pessoa. Número
suficiente para barganhar cargos. Na metade do mês de janeiro, os vereadores do
SDD perderam a paciência com o prefeito Luciano Cartaxo e lhe deram o último
dia do mês como prazo final para que recebessem seus cargos.
O vereador Marmuthe Cavalcanti afirmou que “ninguém governa sozinha, que
se governa com aliados”. Ele fez questão de lembrar que o SDD é o partido com
mais vereadores na Câmara Municipal de João Pessoa e que tem sido um fiel
aliado. A ameaça feita, caso o prazo dado não fosse respeitado, era a de que o
SDD romperia com o governo de Cartaxo e passaria para a oposição. Não vamos
dourar a pílula. Na verdade, além da ameaça, existe nesses casos uma grave
chantagem política. Os políticos dizem que a questão é de articulação ou falta
dela. Na verdade, a questão é o velho hábito do “toma-lá-da-cá” da política
brasileira. Os governantes se rendem a este tipo de chantagem que é para não
sofrerem solução de governabilidade.
Aqui, em Campina
Grande, vários partidos estam atentos à necessária reforma política que o
prefeito Romero Rodrigues precisa realizar em sua equipe de secretários, já que
quatro deles vão se desincompatibilizar para concorrer às eleições
proporcionais. O PRB e o PSB se batem pela Secretaria de Agricultura. Apesar de
que o PSC quer continuar na titularidade da pasta. O PROS quer uma secretaria,
não importa qual. O vereador Alexandre do Sindicato disse que o PROS precisa de
uma secretaria para continuar a apoiar o governo de Romero Rodrigues. O PMN
seguiu uma estratégia diferente. O vereador Sargento Regis apresentou
requerimento para que se crie a Secretaria de Segurança da PMCG. Claro, uma vez
criada a tal secretaria, o próprio vereador Regis seria o seu titular.
Aparentemente
cansado dos achaques que vem sofrendo, o prefeito Romero ironizou a situação
dizendo que não tem pasta suficiente para todos. Romero ainda disse que, com
tantos pedidos, teria que criar uma prefeitura paralela para atender aos
partidos. Mas, não precisa começar a criar secretarias e cargos e mais cargos
para estes partidos de vida fácil. Basta lhes dizer um rotundo não. Pois, eles
só sobrevivem alimentados pelos cargos, sem eles essas siglas não têm partido,
ou seja, não tem lucro.
Você tem algo a dizer sobre essa
COLUNA ou quer sugerir uma pauta? gilbergues@gmail.com
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES
SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário