terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

OS PARTIDOS DE VIDA FÁCIL E A LUTA PELO CARGO DE CADA DIA.


Em qualquer dicionário vemos várias definições para o vocábulo partido. No “Caldas Aulete”, por exemplo, partido pode ser algo que se quebrou, pode ser uma opinião favorável ou contrária a alguma coisa, pode ser até alguém com quem se pode casar. A expressão “tomar partido” quer dizer que se adotou uma decisão ou resolução. Claro, partido é a associação de pessoas, com convicções e opiniões comuns, para lutar pela hegemonia no poder político.  Mas, eu encontrei outro sinônimo no mínimo curioso. No “Caldas Aulete” a expressão “ter partido” significa “ter lucro”. É isso mesmo, uma das características que dá sentido a existências de muitos partidos políticos brasileiros é, também, um de seus sinônimos.

Existem, hoje, registrados no Tribunal Superior Eleitoral, exatos 32 partidos políticos. Desses, pelo menos a metade, foi criada para atender aos interesses nada republicanos de uma espécie de subescalão da elite política nacional. Como por encanto surgiram, no espectro político nacional, duas agremiações que exemplificam muito bem (ou muito mal) essa situação. Eu estou falando do Partido Solidariedade (SDD) e do Partido Republicano da Ordem Social (PROS). Estes partidos surgiram, como tantos outros, sem representação no parlamento, ou seja, sem terem passado pelo crivo das urnas. Ao mesmo tempo em que eles requeriam o registro junto ao TSE, a imprensa denunciava fraudes no processo de suas criações.

Após se legalizarem, eles fizeram grandes campanhas no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e em várias Câmaras Municipais para arrecadar parlamentares. É que eles não se interessam em ter como filiado o cidadão comum. Para esses partidos de vida fácil, que se põem a venda como se fossem mercadorias, interessa mesmo é ter parlamentares como filiados, pois é isso que vai virar moeda de troca junto aos governantes. As lideranças dessas siglas intercambiáveis fizeram um negócio de ocasião. Tão logo conseguiram amealhar um sem número de parlamentares veio o período das reformas ministerial, no governo federal, e dos secretariados dos governos estadual e municipal.

Ao contrário do SDD, que se aliou a oposição ao governo federal, o PROS se aproximou do governo Dilma e luta para ganhar um ministério. Qual ministério? Qualquer um, pois o objetivo é dispor da estrutura governamental (eu falo de verbas, claro) para crescer. Aqui na Paraíba, o SDD partiu para a ofensiva sobre alguns governos municipais. No processo de aliciamento de parlamentares, o SDD conquistou quatro vereadores na Câmara Municipal de João Pessoa. Número suficiente para barganhar cargos. Na metade do mês de janeiro, os vereadores do SDD perderam a paciência com o prefeito Luciano Cartaxo e lhe deram o último dia do mês como prazo final para que recebessem seus cargos.

 
O vereador Marmuthe Cavalcanti afirmou que “ninguém governa sozinha, que se governa com aliados”. Ele fez questão de lembrar que o SDD é o partido com mais vereadores na Câmara Municipal de João Pessoa e que tem sido um fiel aliado. A ameaça feita, caso o prazo dado não fosse respeitado, era a de que o SDD romperia com o governo de Cartaxo e passaria para a oposição. Não vamos dourar a pílula. Na verdade, além da ameaça, existe nesses casos uma grave chantagem política. Os políticos dizem que a questão é de articulação ou falta dela. Na verdade, a questão é o velho hábito do “toma-lá-da-cá” da política brasileira. Os governantes se rendem a este tipo de chantagem que é para não sofrerem solução de governabilidade.

Aqui, em Campina Grande, vários partidos estam atentos à necessária reforma política que o prefeito Romero Rodrigues precisa realizar em sua equipe de secretários, já que quatro deles vão se desincompatibilizar para concorrer às eleições proporcionais. O PRB e o PSB se batem pela Secretaria de Agricultura. Apesar de que o PSC quer continuar na titularidade da pasta. O PROS quer uma secretaria, não importa qual. O vereador Alexandre do Sindicato disse que o PROS precisa de uma secretaria para continuar a apoiar o governo de Romero Rodrigues. O PMN seguiu uma estratégia diferente. O vereador Sargento Regis apresentou requerimento para que se crie a Secretaria de Segurança da PMCG. Claro, uma vez criada a tal secretaria, o próprio vereador Regis seria o seu titular.

Aparentemente cansado dos achaques que vem sofrendo, o prefeito Romero ironizou a situação dizendo que não tem pasta suficiente para todos. Romero ainda disse que, com tantos pedidos, teria que criar uma prefeitura paralela para atender aos partidos. Mas, não precisa começar a criar secretarias e cargos e mais cargos para estes partidos de vida fácil. Basta lhes dizer um rotundo não. Pois, eles só sobrevivem alimentados pelos cargos, sem eles essas siglas não têm partido, ou seja, não tem lucro.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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