Eu já disse, aqui mesmo no POLITICANDO, que a rejeição
que os eleitores dispensam aos candidatos é um importante aspecto nas análises das
possibilidades eleitorais de nossos prefeitáveis. Eu já disse, também, que é
mais fácil convencer o eleitor a mudar de voto, ou não votar branco ou nulo, do
que convencê-lo a votar em um candidato que ele dispensa algum tipo de
rejeição.
Em política eleitoral rejeição tem haver com
confiança, com crenças, com capacidade intelectual e experiência política.
Enfim, rejeição é algo associado a valores e questões subjetivas. Os candidatos
gostam de generalidades. Sobre a rejeição, eles têm a justificativa na ponta da
língua. Quando aparecem com rejeição alta dizem que isso acontece por que os
eleitores não os conhecem bem. Dizem que a rejeição está alta porque a campanha
ainda não começou. E tem candidato, adepto das teorias conspiratórias, que diz
que sua alta rejeição é orquestrada pela imprensa e por seus adversários.
Mas, nada disso se
sustenta quando analisamos os dados da rejeição condicional da pesquisa CAMPINA
FM/GRUPO 6SIGMA. O que se percebe é que não basta conhecer o candidato para não
mais rejeitá-lo.
O primeiro motivo para
que o eleitor rejeite o candidato é a alegação de não conhece-lo. Assim, Alexandre Almeida tinha 62.5% em Julho, quando
ainda não havia guia eleitoral, e agora tem 62.2%. Arthur Bolinha tinha 63.9% e
agora tem 75.8%. Sizenando tinha 70.5% e agora tem 51.8%. O guia eleitoral está
no ar e mesmo com a exposição estes candidatos continuam sendo rejeitados por
não serem conhecidos.
Cai, assim, o mito alegado pelos candidatos da
rejeição pelo desconhecimento. O eleitor que opta por esse motivo pode ter
outras justificativas, mas por questões internas prefere não revela-las.
Quando a motivação para a rejeição é o fato de o
eleitor considerar o candidato antipático vemos que algumas campanhas foram bem
sucedidas na desconstrução de uma imagem negativa e outras nem tanto. Em julho
38.3% consideravam Romero antipático, em setembro essa percepção caiu para
26.5%. O mesmo acontece com Arthur. Em julho 16.7% o tinham como antipático,
agora apenas 3.0% pensam assim.
Os dois conseguiram mudar a percepção de parte do
eleitorado e isso se reflete no crescimento que tiveram na pesquisa estimulada,
em que pese Romero ainda ter uma rejeição alta na motivação antipatia. Embutida
nesta rejeição está a opinião dos que são contra a ascendência do senador
Cássio Cunha Lima sobre a candidatura de Romero Rodrigues, em que pese Cássio
transferir mais votos do que retirar.
Alexandre, Guilherme e Sizenando eram, e são tidos,
como antipáticos por alguma coisa em torno de 15%. Como a variação foi pequena,
entende-se que existe uma opinião cristalizada sobre estes candidatos neste
quesito.
Daniella Ribeiro tinha um índice de rejeição
motivada pela antipatia de 55.4% em julho, caindo para 46.9% em setembro.
Tatiana Medeiros tinha 34.2% em julho e permanece com 34.7% em setembro. Tatiana
variou apenas 0.5%. A exposição que só uma campanha propicia não só não ajudou
a diminuir a rejeição como parece ter contribuído para que ela se
cristalizasse.
O caso de Daniella é mais complicado. Ela tinha, ainda
tem, alto índice de rejeição motivada pela antipatia. A campanha desfez pouco tal
percepção e isso influencia sua queda do 2º para o 3º lugar na pesquisa
estimulada.
E vejam a eficiência, negativa, da exposição a que
são submetidos os candidatos para reafirmar ou aumentar a rejeição motivada
pelo despreparado. Arthur tinha 13.9%, agora tem 21.2%. Guilherme tinha 15.8%,
agora foi para 29.6%. Sizenando tinha 18.8% e chegou a 31.8%. Tatiana diminuiu
sua rejeição devido ao despreparo. Em julho era de 38.4%, agora é de 25.5%. A
participação em alguns debates e o guia eleitoral contribuíram para isso. A
presença de Veneziano, também.
Assim como na antipatia, Daniella teve seu índice
de despreparo congelado. Era 25.0%, agora está em 24.5%. Pior do que a
variação, que dá a ideia de movimento, é a estagnação. É a ideia de que por
mais que se faça não se obtém os efeitos desejados.
Eu já vi candidatos dizerem que não entendem porque
caem nas pesquisas estimuladas. Eu sugiro que eles olhem com bem mais atenção
para os números da rejeição condicional, pois eles querem dizer alguma coisa.