Nicolau Maquiavel, o bruxo italiano da política, já
alertava em “O Príncipe” para os problemas da ausência de limites entre o
político e seus assessores. Maquiavel já tratava a política como uma carreira e
o político como um profissional.
A política exige competência e muito trabalho. Já o
assessor em tempo integral (que tem que ser de confiança e bem qualificado) precisa
ser o profissional que atende às demandas do político. O assessor é o "faz
tudo" do político. Não conheço um único político que não tenho pelo menos
um assessor. É difícil definir o que é e quais são as funções do assessor, até
pela falta de visibilidade de seu trabalho.
A assessoria política não possui uma definição
objetiva de atribuições, responsabilidades e poderes. Ela fica mesmo num campo
subjetivo e só adquire contornos mais precisos nos períodos eleitorais.
O assessor pode ser o "faz-tudo"
do político, que desempenha funções em espaços públicos e privados de seu chefe.
Assessor importante é o que faz a ponte para que se chegue ao líder. É fácil identifica-lo. Ele é o que carrega os
telefones do político e, claro, os atende para filtrar quem fala e quem não
fala com o líder. E existem os especialistas setoriais que são consultados apenas
quando uma matéria de sua especialidade está em pauta. Este é o assessor que
pensa.
O assessor de verdade é
aquele que, a parte funções executivas, faz o papel de conselheiro. Por sua lealdade,
experiência e capacidade orienta seu chefe com criticas e sugestões. Ele é o
cara! Mas, qual a diferença entre assessorar e bajular? O
babão finge que não vê os defeitos de seu chefe. Ele transforma defeitos em
qualidades. O assessor tem que perceber os defeitos e apontá-los para seu
chefe.
Maquiavel deu a solução para o político que não
quer ser alvo de bajulação. Basta fazer as pessoas verem que ele não se ofende quando
lhe dizem a verdade, pois a relação entre político e assessor deve se basear em
lealdade e confiança. A confiança favorece mais ao assessor, pois ele deve
usá-la para não mentir, como faz o babão. O assessor diz a verdade mesmo que
seja dolorosa. Mas, é bom não ultrapassar limite.
Tem coisas que só são ditas em conversas
reservadas. O assessor escolhe a hora certa para falar e não diz tudo. O babão,
na ânsia de ser útil, vai falando sem pensar e sem olhar quem está em volta. Falar
uma verdade pode provocar mal-estar, então é preciso escolher o momento certo. Mas,
não é bom tomar a iniciativa na abordagem das criticas. É melhor esperar que o chefe
solicite a opinião.
O político deve buscar o conselho de seus
assessores e deixar que eles falem a verdade, mesmo que incômodas. Mas, e
citando Maquiavel, quando todos dizem a verdades é porque se perdeu o respeito
pelo chefe. Salvo nas circunstâncias em
que o assessor possui informações que podem afetar seu chefe, a iniciativa de
buscar a assessoria deve ser do político. É ele quem deve tocar no assunto e
pedir uma opinião.
O político deve buscar conselhos, mas só quando
sente que precisa e não quando outros querem. O assessor que contraria essa regra
ultrapassa os limites e corre riscos. Já
o babão não tem esse tipo de problema. Ele fala o que lhe dá na telha, desde
que seja para agradar seu chefe, mesmo que seja uma mentira deslavada.
Acompanhando o dia-a-dia de nossa política
eleitoral vemos bastante o assessor que mata-e-morre pelo seu chefe político.
Não que ele morra de amores pelo líder que lhe emprega. É que ele precisa dar
seu sangue para eleger seu político-patrão, do contrário fica desempregado. Se
o político ganha a eleição, o assessor faz tudo, vira assessor parlamentar,
chefe de gabinete, etc.
Mas, se ele perde a eleição o assessor fica sem
função e pode perder o emprego. Daí que tem assessor que se dispõe a fica na
linha de tiro do político para defendê-lo. Ou seria para defender a si mesmo?
O caro ouvinte deve estar se perguntando o que,
afinal, ele tem haver com isso. Eu explico com o provérbio: “me diga com quem
andas e eu te direi quem és”. Dito de outra forma, mostre-me seus assessores eu
digo se voto ou não em ti.