Vendo e ouvindo Propaganda Eleitoral no Rádio e na
TV de Campina Grande e de cidades como João Pessoa, São Paulo, Rio de Janeiro e
Recife tenho assisto a uma espécie de show democrático de horrores. Um show que
piora a cada nova eleição. Na propaganda dos candidatos a vereador às coisas
seguem os postulados da lei do engenheiro aeroespacial americano Edward Murphy.
Para Murphy nada é tão ruim que não possa piorar.
Parece ser nisso que acreditam os candidatos a vereador de Campina Grande. Eles
tem feito um tipo de propaganda pavorosa, cometendo erros de todos os tipos. E
eu não vou falar do contínuo massacre que a língua portuguesa sofre.
A propaganda eleitoral em nossa cidade não é boa,
mas poderia ser pior. Se compararmos com o que tenho visto de outras cidades,
talvez possamos ter algum alento. Mas, se Murphy estiver certo, devemos nos preocupados com os guias
eleitorais que assistiremos para 2014 e 2017. Eu colhi personagens do guia
eleitoral pelo Brasil afora. Dá para rir, dá para chorar e se revoltar com as coisas
que se vê.
Eu vi Didi Cachorrão do Brega (PTC/PI), Pela Égua
(PTB/PI), Perereca do Alumínio (PV/CE), Bixa Muda (PRB/CE), Barata Obama
(PTB/BA), Elvis não Morreu (PMDB/MG), Chupa Cabra (PSC/RJ), Cobra Choca
(PSC/PI). Eu vi ainda Divino
Bosta de Vaca (PRP/MG), Retardado (PC do B/MG), Mulher Xuxu (PSB/SP), Pai Gay
(PV/PE), Pirulito do Amor (PMN/AC), A Idomada (PSDC/CE), Rola Italiana
(PRP/ES), etc, etc, etc. A lista é muito grande. Esses exemplos já mostram bem
nossa miséria eleitoral.
Aqui em Campina Grande nossos candidatos são mais
comedidos. Mas não escapamos de algumas excentricidades e nem daquele tipo de
candidato que desconhece totalmente o papel de um vereador. Eu vi no guia eleitoral de terça-feira cerca de 60
candidatos. Apenas dois falaram das funções de um vereador. Um deles disse que o edil é um representante do
povo que fiscaliza os atos do executivo municipal.
Mas, foram apenas dois num mar de defensores do
povo ou de lutadores em defesa da educação, da saúde, do meio ambiente, da
segurança pública. Quando será que eles vão entender que o cidadão não quer ser
defendido, nem vitimizado, que ele quer é ser bem representado.
Tem candidato dizendo que se for eleito vai criar a
Secretaria de Segurança Pública Municipal. O caro ouvinte não cai numa balela
dessas, pois para que isso seja feito tem que se mudar a Constituição Federal. Tem uma candidata que quer criar a guarda feirante.
A Guarda Municipal nem funciona ainda e já querem criar outra. Imagine se a
moda pega? Vai ter guarda camelô, guarda comerciante, guarda taxista, guarda
bancário.
Um candidato diz que se for eleito vai doar seu salário
de vereador para as associações de combate ao câncer. Ele até apresenta um
papel para provar que registrou a promessa em cartório. Ótimo. Isso é admirável. Mas, se ele doar o salário
dele como vai manter-se? Sem salário, terá que trabalhar em alguma outra coisa,
daí não vai poder representar seus eleitores na Câmara Municipal.
Tem candidatos querendo ser eleitos com votos de sua
categoria profissional. É um tal de fulano do estacionamento, de sicrano da
construção, de beltrano da farmácia, de não sei quem do veículo. Tem um que vai
lutar pelos 10% para os garçons. Imagine um mandato para uma única coisa.
E tem quem use seus segundos para falar de suas
crenças religiosas. Esquecendo que é candidato a ocupar uma vaga numa
instituição política que é, constitucionalmente, laica, que não faz votos
religiosos. E, como está virando moda, tem o candidato que diz que não tem a política
como profissão, que é empresário. É incrível, mas os candidatos desdenham
daquilo que querem fazer parte.
Tem aqueles que estam no desespero. Tem um que pede
encarecidamente, com cara de sofrimento, para que se vote nele. Mais um pouco,
ele vai implorar de joelhos. E tem o que cria uma frase de efeito que no final
não diz nada, como “eu vou ajudar a ajudar”.
E tem os candidatos festivos. Que não falam, apenas
riem, abraçam, beijam, correm e até dançam. Em geral, com aquelas versões
pavorosas de músicas mais pavorosas ainda. Tem candidato desprovido de
personalidade própria que imita sem o menor pudor os gestos e palavreados de
lideranças como Cássio Cunha Lima e Veneziano Vital.