Depois de entrevistar a
presidente Dilma Rousseff no dia seguinte a vinda dela à Paraíba, a equipe de
jornalismo da CAMPINA FM cravou mais um feito. Agora foi a entrevista, mais do
que exclusiva, que a ex-senadora Marina Silva nos concedeu ontem. Falando de
Brasília, a ex-candidata a presidente esteve do seu jeito habitual. Tranquila e
cordial como sempre, Marina foi falando como se estivesse em uma conversa entre
amigos, apesar de que, ela foi, também, enfática e direta quando julgou
necessário.
Marina foi de uma gentileza a
toda prova. Aceitou acordar-se bastante cedo para conceder a entrevista no Café
com a Notícia daqui do Jornal Integração. Eu até cheguei a achar que ela estava
com certo mau humor ou alguma impaciência. Mas, nada grave. Depois de
apresenta-la, Arquimedes de Castro perguntou se ela sabia que, na eleição de
2010, tinha tido mais votos do que Dilma em Campina Grande. Pelo visto, Marina
não sabia e parece ter ficado surpresa com a revelação. Mas, Marina é política
e foi logo expressando sua gratidão, mesmo não resistindo em explorar a
justificativa de que não ganhou porque sua candidatura era o Davi em relação às
candidaturas Golias de Dilma e José Serra.
A segunda pergunta foi feita por
Geovanne Santos que quis saber mais sobre o “Rede Sustentabilidade”. Ele
perguntou que frutos estam sendo colhidos após o evento realizado em Brasília,
há alguns dias atrás, e que criou o partido. Marina disse que o encontro foi maravilhoso e reuniu
1.700 pessoas de todo o país. Ela não tentou dourar a pílula e deixou claro que
ainda não existe um partido formalizado. Que, na verdade, existe um movimento,
em crescimento, mas um movimento. Marina tratou o “Rede Sustentabilidade” como
uma ferramenta política para defender o desenvolvimento sustentável,
considerando a realidade brasileira. Foi quando ela passou a falar como o que
ela realmente é no momento – CANDIDATA.
Ela disse que é preciso desenvolver o Brasil com saúde, moradia, trabalho
e, claro, proteger o meio ambiente. Foi aí que Marina lembrou que seu objetivo
é recolher as tais 500 mil assinaturas para dar entrada, junto ao TSE , no
pedido de registro de seu partido. Marina adentrou no tema da reforma política,
o que demonstra que ela não é a candidata de um discurso só. Ela pôs o dedo na
ferida e falou do financiamento de campanhas e da ideia de que cada parlamentar
só possa cumprir no máximo dois mandatos.
Marina diz que quer
inverter a ordem. Ao invés dos movimentos servirem aos partidos, eles é que se
colocariam a favor das causas dos movimentos. Mas, então, fica a dúvida. O que
realmente quer Marina com seu “Rede Sustentabilidade”? Criar um movimento político
que dê lastro a um partido? Ou criar um partido para dar sustentabilidade
formal e legal a um movimento? Apesar de que isto não é novidade no Brasil. O
PT fazia, ou faz ainda, a mesma coisa em relação ao movimento dos Sem-Terra. Marina
falou que seu movimento/partido defende novas ideias, como ética na política,
desenvolvimento sustentável, transparência e visibilidade. Mas, que me desculpe
Marina Silva, essas ideias não são novas, apenas nunca foram postas em prática
no Brasil.
Eu insisti com a Marina Silva sobre que
formato ela está dando ao “Rede Sustentabilidade”. Eu quis saber se, de fato,
ela quer formar algo não partidário ou suprapartidário ou até mesmo com um
caráter despolitizado. Marina Silva parece
não ter gostada de minha pergunta. Depois de um suspiro, ela negou a pecha de
despolitizado e disse que a defesa do meio ambiente é a bandeira política mais
importante do século XX. Daí, Marina foi falar um pouco das conjunturas.
Mas, Marina disse algo que não
contribui para esclarecer a questão. Para ela “mesmo que a Rede se torne um partido...”. Ou seja, ela própria
parece ter lá as suas dúvidas se o movimento vai se tornar um partido. Daí,
Marina foi falar como candidata da oposição. Ela cobrou que PT, PSDB e PMDB
parem de mudar o código florestal no Congresso para, assim, ver se se acaba com
o desmatamento na Amazônia. Aí, Marina falou do jeito que melhor sabe. É quando
ela cobra dos partidos que façam aquilo que eles não querem.
Marina disse que isso é altamente
politizado. Eu concordo com essa tentativa de fazer com que os políticos lutem
pelo que é realmente importante para nós. Eu apenas lamento em vê-la tão
isolada, sem aliados de peso à sua causa. O melhor momento da entrevista foi
quando Marina disse que Dilma é a responsável pela indicação de Marco Feliciano
para presidir a Comissão de Direitos Humanos. Ela lembrou que isso se deu pelos
acordos existentes entre os poderes.
Marina tem um jeito cativante de
fazer política. Ela nunca bate em um adversário, prefere convidá-lo à reflexão.
Marina Silva é uma política atemporal. Ela parece estar no tempo errado. Eu
espero que no futuro tenhamos muitas Marinas pelo Brasil afora.
Um comentário:
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