terça-feira, 4 de março de 2014

FIFA – ESSE PARASITA QUE SE APODEROU DE NOSSO ORGANISMO

Presidente da Fifa rebateu as críticas e disse que não é um "parasita sem coração sugando o sangue do futebol" Foto: Getty Images
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, rebateu as críticas e disse, numa palestra para estudantes da Universidade de Oxford, que não é um "parasita sem coração sugando o sangue do futebol".
Foto: Getty Images
Para quem não sabe, o parasita é um organismo que só vive se associado a um conjunto de outros órgãos. O parasita é aquele que retira de seu hospedeiro os meios necessários para sua sobrevivência, sem pedir autorização, e causando uma série de danos. Os parasitas me vieram à mente com as notícias que nos vão chegando sobre a organização da Copa do Mundo. A relação que a Federação Internacional de Futebol Associado, a FIFA, estabeleceu com o Brasil é de total parasitismo. A única diferença é que, neste caso, o hospedeiro autorizou o parasita a se instalar em seu corpo e dele retirar o que bem entender. Não custa lembrar que não foi FIFA que veio aqui implorar para realizar a Copa do Mundo.

Fomos nós, o país do futebol, que, festiva e alegremente, nos candidatamos a ser país sede. Fomos nós, e nosso governo, que nos mobilizamos para vencer a acirrada disputa que dá a um país o direito, e não sei se a honra, de organizar uma Copa da FIFA. Foi o governo da presidente Dilma quem aceitou as regras impostas pela FIFA e que enviou para o Congresso Nacional a chamada Lei Geral da Copa – um pacote de medidas que permite a FIFA agir passando ao largo da Constituição Federal. Não bastassem os escândalos, as desorganizações, o gasto desenfreado e o absurdo de operários morrerem nas obras das faraônicas arenas, não bastasse mesmo o fato de que não teremos os tais legados sociais, agora a FIFA quer acionar na justiça as cidades que desistirem de promover as chamadas “Fan Fests”.

“Fan Fests” são eventos, com telões e shows musicais, que transmitem as partidas de futebol da Copa. Para a FIFA, a ideia é que os torcedores, que não puderam comprar os caríssimos ingressos dos jogos, possam assisti-los em locais apropriados. As pessoas teriam um local, tão animado quanto os estádios, para assistirem aos jogos. A FIFA afirma que o “Fun Park”, onde ocorrem as “Fun Fests”, é um local para confraternização entre as pessoas das mais variadas nacionalidades. Mas, voltemos ao mundo real. O que será que está por trás disso? As doze cidades-sede são contratualmente obrigadas a promover as tais “Fun Fests”. Parece que os governos estaduais e os prefeitos das cidades sede não leram os contratos que assinaram. Certo, eles têm cláusulas draconianas, mas foram assinados.

Agora, que o parasita se instalou no corpo do hospedeiro não adianta reclamar. Como se dizia, ajoelhou, tem que rezar, ou melhor, tem que torcer. O fato é que a cidade de Recife deixou claro que não tem como arcar com os R$ 20 milhões que a FIFA pede. Cada “Fan Fest” custará a bagatela de R$ 20 milhões aos cofres públicos da cidade-sede. A FIFA afirma que foi procurada pela prefeitura de João Pessoa, que estaria interessada no evento. A prefeitura nega e diz que foi a FIFA quem tomou a iniciativa da negociação. O secretario de esportes de João Pessoa, Sergio Meira, foi categoria ao dizer que não há interesse em realizar o evento devido ao seu alto custo. O fato é que a FIFA promete acionar na Justiça a cidade que não realizar a “Fan Fest”.

O fato é que a FIFA dispõem de mecanismos legais, contratuais, para emparedar as prefeituras e obriga-las a realizar um evento que não traz dividendo algum para a sociedade. Pelo contrário, só reafirma a política do pão e circo, ou melhor, pão e futebol. Quase a metade desses R$ 20 milhões vai para os cofres da FIFA. É o que a cidade paga por adquirir um produto licenciado. Como todo mau parasita, a FIFA não quer perder um centavo sequer nesse grande negócio chamado Copa do Mundo.  E tem mais, a cidade sede arca com quase todos os custos do evento, mas pouco pode lucrar com ele, pois os ingressos são gratuitos. A FIFA cede um telão e faz a proteção do local com grades. Todo o resto, inclusive os artistas, é 
bancado pela cidade sede.
Tem mais, a FIFA exige que os artistas, que se apresentaram antes e depois dos jogos, sejam conhecidos nacionalmente, ou seja, são os que têm os cachês mais altos. Outra exigência é que só os produtos dos parceiros da FIFA sejam vendidos nos “Fun Parks”. A cidade sede não pode firmar contratos com empresas que não estejam no rol de patrocinadores da FIFA. A Cidade sede também não pode permitir manifestações políticas nos locais das “Fun Fests”.  Um diretor de marketing da FIFA disse que não serão permitidos cartazes com conteúdo político nas “Fan Fests”, assim como já se proibiu qualquer tipo de manifestação dentro das arenas. É que para a FIFA não basta todo o lucro que estamos proporcionando à custa de nosso PIB e de nosso desenvolvimento, interessa, também, ditar como devemos nos comportar durante o evento.  A questão é o que vai restar de nós, pobres hospedeiros, depois que esse parasita resolver abandonar nosso organismo. Muitas dívidas, muitos problemas com a má gestão do evento, nenhum legado social e, talvez, nenhum título a comemorar.
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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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