O fato político da semana foi a
“malufada” do Lula e a “lulada” do Maluf. O Macado Simão, da FOLHA/UOL, disse
que “o Lula é muito esperto, achou o
Maluf antes da Interpol”. Mas, vamos falar sério. Se é que dá para ficar
sério com a última diabrura do Lula. Circula na internet que agora só falta
Lula se aliar ao Darth Vader, o vilão da série Guerra nas Estrelas.
Vi depoimentos de pessoas horrorizadas.
Vi políticos, pelo Twitter, indignados, se dizendo decepcionados com a
política. Na imprensa, a revolta foi quase generalizada.
Certo, vamos deixar de
hipocrisia. Quem, na política eleitoral partidária, nunca deu uma “malufada”
básica que atire o primeiro voto ou a primeira pedra. Para quem já se juntou
com Collor, com Sarney e o PMDB fisiologizado; para quem já compôs com a
velhacaria da política nacional; para quem já apoiou e defendeu Severino
Cavalcanti; se juntar com Paulo Maluf é mera consequência. Então, por favor,
deixemos de pruridos e falsos moralismos.
Como diria cazuza, “não escondam
suas crianças e nem chamem o síndico”, pois estamos falando do pragmatismo
eleitoral da política brasileira. Onde tudo é possível. Eu falo de um político (Lula) que se vê acima
do bem e do mal. Que tem dois objetivos. Um, se curar da doença que lhe
acometeu. Outro, impor uma derrota aos tucanos em São Paulo. Para alcançar os
dois objetivos, lula não mede esforços, faz o que for preciso.
A fórmula e a mesma que ele usou
com Dilma Rousseff. Pinçou alguém no governo federal, o ministro Paulo Haddad,
para (partindo do nada) fazê-lo prefeito. Paulo Haddad é o novo poste de Lula.
Eu desconfio que Lula se divirta com esses desafios. É como um jovem que quer
bater seu recorde num jogo de vídeo game. Certo. A aliança está feita e os
estragos também. Luiza Erundina disse que não conseguiria ficar ao lado de Paulo
Maluf. Outros também dirão, mas vão ficar assim mesmo.
Mas, o que nos interessa é o
papel que Campina Grande teve nessa aliança. Nossa cidade entrou no pacote
desse acordo puramente eleitoreiro. Foi na Paraíba que a aliança entre o PT de
Lula e o PP de Maluf foi primeiro celebrada. Antes de Lula e Maluf se abraçar,
os irmãos Ribeiro (ambos do PP) já tinham atraído o PT. Inclusive, Enivaldo
Ribeiro e seus filhos são históricos malufistas. Aguinaldo é ministro do
governo petista de Dilma. Daniella deverá ter um vice do PT porque isso faz
parte de um acordo maior.
Lula
disse a Maluf que o PT já apoia o PP na Paraíba. Citou o exemplo de Campina
Grande. Assim, Campina foi utilizada como moeda de troca. Isso mesmo! Se o PT
já apoia uma candidata do PP numa cidade chamada Campina Grande, porque o PP
não poderia apoiar a candidatura do PT em São Paulo? Este, meu amigos, foi o
argumento de Lula para Maluf. Segundo o jornal O Estado de São Paulo, o
ministro Aguinaldo Ribeiro teve papel decisivo no fechamento do acordo e Lula
reconheceu isso.
Tanto é que, feito o acordo, Lula
pediu o celular de Maluf e ligou para Aguinaldo para agradecer a “articulação
que levou ao acordo PT/PP em São Paulo”, segundo informou a Folha de São Paulo.
Vejam, então, que quando o PT saiu do governo Veneziano para apoiar Daniella
Ribeiro não estava expressando pequenos interesses locais. Estava praticando
algo que vinha sendo gestado em nível nacional. Não que eu veja motivos para
nos orgulharmos, mas o fato é que Campina Grande foi o laboratório onde o fato
da semana foi ensaiado.