O
dia de ontem foi politicamente bastante agitado na capital do estado. Ao que
parece, a eleição de João Pessoa vai ser mais complexa do que a de Campina
Grande. Eu não sei se vai ser mais animada e movimentada, mas parece que será
mais difícil de vir a se resolver.
Depois da confusão patrocinada
pelos membros do PSB que resultou na saída de Luciano Agra do partido e na
definição de Estelizabel Bezerra como a ungida do governador Ricardo Coutinho,
ontem o dia foi de surpresas. Entre o final da tarde e o começo da noite as
notícias foram se sucedendo de uma forma avassaladora.
A primeira grande notícia foi que
o diretório nacional do PT, em Brasília, autorizou que o PT de João Pessoa
fizesse uma aliança com o PPS de Nonato Bandeira. Ato contínuo, Nonato retirou
sua pré-candidatura a prefeito e anunciou apoio a Luciano Cartaxo, afirmando
que seria seu vice. Então, veio à notícia já dada como certa. O prefeito Luciano
Agra anunciou apoio à candidatura de Cartaxo com a justificativa que não
poderia deixar de apoiar seu amigo Nonato Bandeira.
As cartas do jogo foram novamente
embaralhadas. A formação de uma chapa entre PT e PPS, tendo um ex-vice-governador
candidato a prefeito e um ex-secretario municipal candidato a vice agita a
bolsa de apostas. Se essa chapa vingar, promete dar trabalho aos concorrentes
por trazer o apoio de Luciano Agra, que pode ser o fiel da balança na eleição,
e apoios de lideranças como o deputado Luiz Couto.
Luciano Agra tem aprovação em
torno de 70% de sua gestão e é considerado o principal cabo eleitoral de João Pessoa.
E isso não é de todo irreal, pois vários partidos e lideranças o procuraram,
quando ele deixou o PSB, para buscar seu apoio. A questão é saber qual o
potencial de transferência de votos de Agra. Este potencial não deve ser
desprezado. Ainda existem muitas pessoas inconformadas com o fato de Agra não
ser mais candidato a reeleição. É possível que muitos dos inconformados votem
no candidato de Agra como forma de expressar a insatisfação pela forma como as
coisas evoluíram.
Luiz
Couto vê nessa situação a possibilidade de unir parte do PT da capital em torno
de uma única candidatura. Digo parte, pois unir todo o PT em torno de uma única
opção ainda é coisa para as próximas encarnações. Na capital se diz que o PT é
dividido em três grandes fatias. Existem os petistas de Luciano Cartaxo, os de Ricardo
Coutinho e os de Luciano Agra. Essa nova movimentação criaria o “PT DOS
LUCIANOS”, que daria um combate sem tréguas ao PT de Coutinho que, claro,
apoiaria a candidatura de Estelizabel Bezerra.
O PT
é mesmo um partido espirituoso, nem quando consegue lançar candidatura própria
sabe sair do arco de influência de lideranças de outros partidos. Quem não se
lembra do tempo em que havia o “PT de Cássio” e o “PT de Maranhão”, quando as
lideranças petistas se batiam em torno dos interesses desses dois chefes
políticos.
A
candidatura de Luciano Cartaxo ganhou musculatura e oxigênio. O triunvirato Cartaxo,
Nonato e Agra pode dar a estatura necessária que uma candidatura precisa para
ir para o 2º turno.
No
entanto, Cartaxo terá que resolver um não tão pequeno detalhe. Como ficará a
aliança do PT com o PP dos irmãos Aguinaldo e Daniella Ribeiro? Todos devem se
lembrar do acordo feito. O PT de Campina Grande retirou sua candidatura própria
e passou apoiar a de Daniella Ribeiro, em troca o PP de João Pessoa apoiaria a
candidatura de Cartaxo. Devemos lembrar que sempre se cogitou que o PP indicaria
o vice na chapa do PT.