O JORNAL
DA PARAÍBA e o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE)
divulgaram uma pesquisa sobre a eleição para prefeito de Campina Grande. Como
toda pesquisa esta retrata um momento específico e traz alguns problemas. Eles
não a invalidam por completo, mas fazem sua credibilidade decair.
Antes de continuar, eu vou
explicar o que é margem de erro e intervalo de confiança. Pois
isso é fundamental para que o eleitor possa ou não confiar numa pesquisa. A
margem de erro é a quantidade de problemas que se aceita na pesquisa. Quanto
maior a margem de erro, mais se admite que os dados não são confiáveis. Intervalo
de confiança é a forma de se indicar a confiabilidade de uma pesquisa. Funciona
assim: escolhe-se um pedaço da pesquisa para que com ele se ateste que ela é
confiável.
Para que o ouvinte entenda sobre
intervalo de confiança e margem de erro, eu vou usar o exemplo das previsões
que a meteorologia faz sobre o clima. É comum se dizer que a temperatura vai
variar entre, digamos 22º e 34º. Com um intervalo tão grande é impossível errar
a previsão. A não ser que aconteça uma catástrofe climática. Nas pesquisas,
quanto maior a margem de erro, menor a possibilidade de se errar. No entanto,
isso pode embutir erros sérios na pesquisa.
A pesquisa do IPESPE traz uma
margem de erro de 3,5% para um intervalo de confiança de 95%. Particularmente,
confio mais em pesquisas que trazem margem de erro de 2% para um intervalo de
confiança de 99%. Nessa pesquisa Daniella Ribeiro aparece com 24% e Romero
Rodrigues com 22%. Se aplicarmos a margem de erro de 3,5% poderemos até ter uma
inversão do resultado, com Romero em primeiro e Daniella em segundo.
Como Tatiana Medeiros aparece em terceiro
lugar com 14% e Guilherme Almeida em quarto com 6%, o IPESPE concluiu,
apressadamente diga-se de passagem, que “a disputa está mesmo polarizada”. Digo
apressada, porque a campanha eleitoral não começou efetivamente. Faltam questões
a se resolverem em torno das candidaturas, como os vices e os apoios, que podem
alterar as coisas drasticamente. Não se pode falar em polarização quando as
convenções e o guia eleitoral ainda não aconteceram. Mas, a pesquisa espontânea
deixou Romero a apenas um ponto percentual de Daniella. Isso deve ter
influenciado a apressada conclusão do IPESPE.
Outro dado que favorece a Romero
é que ele foi apontado como o candidato que os eleitores mais conhecem bem.
Apesar de que Daniella ficou com um ponto a menos do que Romero neste quesito. A
pesquisa não trouxe boas notícias para Tatiana Medeiros. No quesito rejeição
ela apareceu com 27%. Um percentual doze pontos a cima em relação à última
pesquisa.
A surpresa ficou por conta da
rejeição de Arthur Almeida, 35%, e de Sizenando Leal, 31%. Mesmo sendo os menos
conhecidos da população, eles apresentam a pior rejeição. Se poucos os conhecem,
como tantos podem rejeitá-los? Aliás, tem algo estranho com a rejeição dessa
pesquisa. Todos os candidatos tiveram altos índices. Daniella, a menos
rejeitada, teve 16%. Será que o eleitor campinense resolveu rejeitar a todos?
Falando em dados pouco confiáveis.
Tem algo que contraria a campanha publicitária, estampadas em outdoors pela
cidade. Nela o prefeito Veneziano tem seu governo avaliado positivamente por
70,7% da população. Mas, se somarmos os percentuais de Daniella e Romero na
pesquisa IPESPE chegamos a 46%. Ou seja, quase metade da população prefere uma
candidatura de oposição ao governo municipal.