quarta-feira, 10 de abril de 2013

E assim se passaram 100 dias.






Certa tradição da política brasileira, quem nem sempre é respeitada, diz que os primeiros 100 dias de um novo governo devem ser de trégua e paz entre a situação e a oposição. Um corrente discurso diz que é preciso deixar o novo gestor tomar pé da situação. Já vi muitos governantes pedirem uma trégua nos 100 primeiros dias. Fernando Haddad, prefeito de São Paulo, pediu aos partidos e atores políticos, a imprensa e a própria sociedade que tivessem paciência enquanto ele dava forma a sua gestão.





O fato é que se convencionou o prazo de três meses para que o novo gestor faça tudo que não lhe foi permitido no período de transição do poder. De fato, 100 dias é um prazo razoável para que o novo administrador tome posse de seus domínios. Para muitos, esses 100 dias de trégua servem como justificativa ou racionalização para o que se deixa de fazer e para o que se faz de errado. Mas, a tradição é implacável. Passados 100 dias brancos, terminada a trégua, vem à pressão e a cobrança.




Nos três primeiros meses é na cota da gestão passada onde são depositadas todas as culpas. Nos 100 primeiros dias o novo gestor pode dizer que não deve ser responsabilizado por nada, pois tem que lidar com a herança maldita da gestão passada. Mas, agora não tem mais jeito. Acabou-se a lua-de-mel entre o governante e a sociedade. Agora o que se espera é que o prefeito governe, que resolva os problemas e que cumpra com as promessas. Pois, afinal de contas, ele foi eleito para isso.





Os tais problemas herdados da gestão anterior são, agora, os problemas da gestão atual e precisam, devem, ser resolvidos. Assim como os méritos e avanços na atual administração são conquistas do atual governo. Não adianta o ex-prefeito, ou mesmo os que fizeram parte de sua gestão, ficarem pelas redes sociais aludindo esta ou aquela conquista como sendo fruto da gestão anterior. Definitivamente, isso não convence o cidadão/eleitor. Neste momento o cidadão comum não quer mais saber quem deixou e quem tirou o lixo das ruas. Também não se interessa em saber quem tapou os buracos. O que se quer é o lixo recolhido e os buracos tapados. Ponto final.





Vejam que Fernando Haddad acabou com a taxa da inspeção veicular, que era uma promessa de campanha. Mas, poucos querem saber disso. O que importa é que a taxa deixou de ser cobrada e de onerar o bolso do cidadão paulistano. Haddad assumiu e teve que lidar com os problemas e transtornos causados pelas chuvas e pelas enchentes. Todos sabem que ele não pode ser responsabilizado por isso. Mas, e daí? Quem quer saber disso? O que se quer é ver os problemas resolvidos.




Aqui em Campina Grande não foi diferente. Nos primeiros dias se tratava de por a casa em ordem. Esse era o discurso não só do prefeito Romero Rodrigues como de seu secretariado. Claro, eles não tinham mesmo outra coisa a fazer. Mas, vejam que a sociedade campinense esperava que o novo prefeito organizasse um mutirão para que se recolhesse o lixo espalhado pela cidade e que fora deixado pela gestão anterior. A lógica é um tanto quanto cruel, mas funciona assim.


 


O prefeito Romero providenciou com celeridade o recolhimento do lixo. O que se disse foi que ele não fez mais do que a obrigação. Mas, se lixo não tivesse sido recolhido um turbilhão de criticas seriam feitas ao novo prefeito que acabara de tomar posse. Os 100 primeiros dias serviram para que o prefeito pudesse, mediante a trégua concedida, compor sua base aliada na Câmara Municipal. Romero fez isso muito bem. Vejam que algo em torno de 17 vereadores lhe emprestaram apoio neste momento.




Nestes três primeiros meses se viu ações que mostram o calibre do governante. Foi o caso da prefeitura ter assumido a direção de um hospital que estava em estado falimentar, evitando que um equipamento social deixasse de servir a população. Mas, nada pode ser mais complexo do que administrar uma cidade como Campina Grande. Vejam que o SINTAB não quis saber de trégua e partiu para uma greve dos professores da rede municipal.




Independente disso, o fato é que os 100 dias acabaram e as bandeiras brancas estam sendo recolhidas. Agora, é o momento do secretariado do prefeito Romero Rodrigues vir à luz do sol para apresentar seus planos de ação para toda a gestão. A sociedade já sabe o que aconteceu e bem sabe dos problemas deixados pela gestão anterior. Mas não me parece que se queira ficar falando disso, do contrário a chapa de oposição de Romero Rodrigues não teria sido eleita. Desculpem-me, mas terei que usar o velho chavão: agora, é hora de olhar para frente. Assim se passaram 100 dias e as coisas começam a entrar num eixo. O que se quer saber, agora, é o que vai acontecer nos próximos 100, 200, 300, 400, 500 dias.


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