Que as articulações visando às
eleições presidenciais de 2014 já vão longe ninguém duvida. A campanha
eleitoral começou, pois do contrário Dilma Rousseff, Aécio Neves, Eduardo
Campos e Marina Silva não estariam agindo como candidatos.
A presidente Dilma não tem parado
em Brasília. Diariamente se desloca para alguma cidade brasileira para
inaugurar obras, liberar verbas, afagar aliados e tentar cooptar adversários.
Se isso não for fazer campanha, eu não sei mais o que pode ser. Marina Silva
trabalha para ter assinaturas necessárias para que o TSE lhe dê o visto de
funcionamento para o “Rede Sustentabilidade”. É que Marina só será candidata se
tiver um partido para chamar de seu, já que não pode compor com aqueles que
tanto critica.
Eduardo Campos
praticamente não mais governa Pernambuco. Ele anda pelo Brasil para convencer o
espectro político nacional da viabilidade de sua candidatura. Mas, sua situação
é sensível, pois enfrenta o problema de não ter aliados de peso. Ele só se
viabiliza se tiver o apoio do PT e do PMDB, mas isso, claro, é impossível.
Resta ir atrás de PPS, DEM, PSB e PSDB, mas só o PPS deve segui-lo. O fato é
que Campos deu um passo bem maior do que as pernas do seu partido, pois com o
perfil dele já tem Aécio Neves com mais tempo de estrada eleitoral.
Inclusive
importa pouco se Lula, e o governo federal, anteciparam o processo eleitoral,
até porque nunca foi problema para os partidos e atores políticos começarem uma
campanha logo após o término de uma eleição. Na semana passada, o PSDB fez um
ato em São Paulo com o claro objetivo de se mostrar unido em torno da
candidatura do senador mineiro. Lula, sempre ele, conseguiu mais uma vez pautar
a oposição e sua maior expressão intelectual, o ex-presidente FHC.
Os tucanos paulistanos estavam
comodamente assentados em seus escritórios conversando sobre as eleições,
quando Lula mandou ligar os holofotes e bradou aos quatro cantos que Dilma é
candidata a reeleição tendo Michel Temer como vice. Aí foi um Deus nos acuda daqueles.
De bate-pronto montaram o evento da semana passada. FHC, raivoso como sempre,
passou uma descompostura na raia miúda tucana e não perdeu a oportunidade para
pronunciar suas famosas frases de efeito.
A melhor delas foi: “O PSDB precisa de um banho de povo! Nós
precisamos do povo!”. Eu adorei! Imaginem a fina flor da intelectualidade
tucana paulistana, acostumada com os escritórios climatizados da FIESP e da
USP, se lavando com o suor do povo? Eu duvido que os tucanos de São Paulo queiram entrar na fila desse banho.
Mas, se isso vier acontecer, FHC vai virar um cascão de marca maior. Aliás, o
discurso de FHC tentava reforçar a ideia de que o PSDB está unido.
Ele disse que o
partido vai para as eleições de 2014 integralmente unido. Aparentemente FHC
falava a verdade, pois até o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, estava
presente e discursou pedindo que Aécio Neves assumisse a presidência do PSDB.
Um animador pediu aplausos para Aécio Neves e puxou a palavra de ordem “Brasil
prá frente, Aécio presidente”. O público o seguiu entusiasmado. Aécio apenas
sorria de forma contida, pois ele bem sabe que no ninho tucano não existem
flores, só cactos.
Tudo ia bem, até
que um jornalista, com um espírito de porco bem afiado, fez a pergunta proibida
já que o objetivo era passar a ideia de unidade. Perguntou ele: “mas, onde está o ex-governador José Serra?”.
Silêncio ensurdecedor. Soube-se depois que Serra se encontrava no Canadá. Como
somos o país da piada pronta, logo um engraçadinho disse que Serra só quer ser
Luiza, aquela que não se reuniu com a família do colunista social porque estava
no Canadá.
Eu sugiro ao caro
ouvinte que não se iluda com toda essa união. Lembre-se das disputas que os
tucanos já travaram entre si para ver quem enfrentaria o PT nas eleições
presidenciais e nas eleições para governador e prefeito em São Paulo. Lembro
bem do embate de 2002, quando Taso Jereissati e José Serra se engalfinharam
para ver quem seria o candidato tucano a presidente. Não esqueci a edição de
2006 quando Serra e Alckmin esfacelaram o PSDB pelos mesmos motivos. Em 2010,
Serra bateu de frente com Aécio Neves para ser candidato. O senador foi de um
mineirice a toda prova. Recuou a tempo e assistiu de camarote Serra naufragar
mais uma vez na luta pela presidência da República.
Serra volta ao Brasil esta semana furioso
pelo fato dos tucanos terem decidido que não vão mais lhe apoiar em suas
aventuras eleitorais. Serra não vai deixar barato, até porque tem um setor do
PSDB que o quer mesmo que esteja, provisoriamente, calado. A unidade tucana é coisa para os lordes franceses
amigos de FHC verem. A fleuma socialdemocrata do PSDB vai dar lugar a uma baixaria
política daquelas. Mas, isso não é de todo ruim. Quem sabe se assim o PSDB
paulistano não toma um banho de povo!
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