quarta-feira, 3 de abril de 2013

O PSDB precisa tomar um banho de povo?






Que as articulações visando às eleições presidenciais de 2014 já vão longe ninguém duvida. A campanha eleitoral começou, pois do contrário Dilma Rousseff, Aécio Neves, Eduardo Campos e Marina Silva não estariam agindo como candidatos.



A presidente Dilma não tem parado em Brasília. Diariamente se desloca para alguma cidade brasileira para inaugurar obras, liberar verbas, afagar aliados e tentar cooptar adversários. Se isso não for fazer campanha, eu não sei mais o que pode ser. Marina Silva trabalha para ter assinaturas necessárias para que o TSE lhe dê o visto de funcionamento para o “Rede Sustentabilidade”. É que Marina só será candidata se tiver um partido para chamar de seu, já que não pode compor com aqueles que tanto critica.




Eduardo Campos praticamente não mais governa Pernambuco. Ele anda pelo Brasil para convencer o espectro político nacional da viabilidade de sua candidatura. Mas, sua situação é sensível, pois enfrenta o problema de não ter aliados de peso. Ele só se viabiliza se tiver o apoio do PT e do PMDB, mas isso, claro, é impossível. Resta ir atrás de PPS, DEM, PSB e PSDB, mas só o PPS deve segui-lo. O fato é que Campos deu um passo bem maior do que as pernas do seu partido, pois com o perfil dele já tem Aécio Neves com mais tempo de estrada eleitoral.



Inclusive importa pouco se Lula, e o governo federal, anteciparam o processo eleitoral, até porque nunca foi problema para os partidos e atores políticos começarem uma campanha logo após o término de uma eleição. Na semana passada, o PSDB fez um ato em São Paulo com o claro objetivo de se mostrar unido em torno da candidatura do senador mineiro. Lula, sempre ele, conseguiu mais uma vez pautar a oposição e sua maior expressão intelectual, o ex-presidente FHC.




Os tucanos paulistanos estavam comodamente assentados em seus escritórios conversando sobre as eleições, quando Lula mandou ligar os holofotes e bradou aos quatro cantos que Dilma é candidata a reeleição tendo Michel Temer como vice. Aí foi um Deus nos acuda daqueles. De bate-pronto montaram o evento da semana passada. FHC, raivoso como sempre, passou uma descompostura na raia miúda tucana e não perdeu a oportunidade para pronunciar suas famosas frases de efeito.




A melhor delas foi: “O PSDB precisa de um banho de povo! Nós precisamos do povo!”. Eu adorei! Imaginem a fina flor da intelectualidade tucana paulistana, acostumada com os escritórios climatizados da FIESP e da USP, se lavando com o suor do povo? Eu duvido que os tucanos de São Paulo queiram entrar na fila desse banho. Mas, se isso vier acontecer, FHC vai virar um cascão de marca maior. Aliás, o discurso de FHC tentava reforçar a ideia de que o PSDB está unido.





Ele disse que o partido vai para as eleições de 2014 integralmente unido. Aparentemente FHC falava a verdade, pois até o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, estava presente e discursou pedindo que Aécio Neves assumisse a presidência do PSDB. Um animador pediu aplausos para Aécio Neves e puxou a palavra de ordem “Brasil prá frente, Aécio presidente”. O público o seguiu entusiasmado. Aécio apenas sorria de forma contida, pois ele bem sabe que no ninho tucano não existem flores, só cactos.


 



Tudo ia bem, até que um jornalista, com um espírito de porco bem afiado, fez a pergunta proibida já que o objetivo era passar a ideia de unidade. Perguntou ele: “mas, onde está o ex-governador José Serra?”. Silêncio ensurdecedor. Soube-se depois que Serra se encontrava no Canadá. Como somos o país da piada pronta, logo um engraçadinho disse que Serra só quer ser Luiza, aquela que não se reuniu com a família do colunista social porque estava no Canadá.




Eu sugiro ao caro ouvinte que não se iluda com toda essa união. Lembre-se das disputas que os tucanos já travaram entre si para ver quem enfrentaria o PT nas eleições presidenciais e nas eleições para governador e prefeito em São Paulo. Lembro bem do embate de 2002, quando Taso Jereissati e José Serra se engalfinharam para ver quem seria o candidato tucano a presidente. Não esqueci a edição de 2006 quando Serra e Alckmin esfacelaram o PSDB pelos mesmos motivos. Em 2010, Serra bateu de frente com Aécio Neves para ser candidato. O senador foi de um mineirice a toda prova. Recuou a tempo e assistiu de camarote Serra naufragar mais uma vez na luta pela presidência da República.





Serra volta ao Brasil esta semana furioso pelo fato dos tucanos terem decidido que não vão mais lhe apoiar em suas aventuras eleitorais. Serra não vai deixar barato, até porque tem um setor do PSDB que o quer mesmo que esteja, provisoriamente, calado. A unidade tucana é coisa para os lordes franceses amigos de FHC verem. A fleuma socialdemocrata do PSDB vai dar lugar a uma baixaria política daquelas. Mas, isso não é de todo ruim. Quem sabe se assim o PSDB paulistano não toma um banho de povo!



Você tem algo a dizer sobre essa COLUNA ou quer sugerir uma pauta? gilbergues@gmail.com





Nenhum comentário: