Existem três
variáveis que influem fortemente numa eleição para o governo de qualquer um dos
Estados brasileiros. A primeira é a eleição ter que ir para um 2º turno caso um
dos candidatos não atinja aquele limite de 50% mais um dos votos válidos. A
segunda é o expediente da reeleição e a terceira são as chamadas ondas de
mudança que, vez por outra, acometem o eleitorado brasileiro. Ao se
relacionarem, estas três variáveis podem interferir fortemente nos rumos das
eleições estaduais. A partir dos dados que as pesquisas nos vão fornecendo
podemos ver que em apenas 11, dos 27 estados, as disputas para os governos
devem terminar no 1º turno. Ou seja, o expediente de uma eleição em dois turnos
é algo muito bem aprovado no Brasil.
A ideia de que a eleição de um candidato em dois turnos dá
legitimidade ao processo decisório foi aprovada em muitos países. A lógica da
maioria simples, já no 1º turno, não fortalece o eleito. Em nome da
legitimidade, a que se ter pelos menos a maioria simples já num 2º turno,
depois de se ter sido testado num 1º turno. O sistema de reeleição é utilizado
em países com sólidas democracias, mas não da maneira que nós usamos. É que,
entre nós, a reeleição se alimenta de meios e mecanismos nem um pouco
republicanos. Inclusive, quando um governador perde o pleito em que disputou a
reeleição é comum se dizer: “mas, como
ele pode perder a eleição tendo a máquina do governo nas mãos?”. De fato
ser reeleito no Brasil é, ou era, algo corriqueiro.
Vejam que nas eleições presidenciais, FHC e Lula foram reconduzidos
para um segundo mandato. Se Dilma Rousseff perder esta eleição, será a primeira
presidente a não ser reeleita. Nos Estados não é muito diferente. Quanto à onda
de mudanças não há constância. Às vezes a vontade de mudar vem na forma de um
tsunami avassalador, como na primeira eleição de Lula em 2002. Às vezes a
vontade de mudar não passa de uma marolinha, como na reeleição de FCH em 1998. Vejam
que de 1990 para cá a maioria das eleições estaduais se resolveram no 2º turno.
Neste ano, por exemplo, tivemos 2º turno em 16 Estados. Em 1994 aconteceu o 2º
turno em 18 Estados. Em 1998 foram 13 Estados, em 2002 foram 14 e em 2006 foram
10.
Na última eleição, em 2010, tivemos 2º turno em 18 Estados. Na
pequena e heroica Paraíba, tivemos uma única eleição decidida em 1º turno nessa
série. Em 1998 José Maranhão foi eleito governado, já no 1º turno, com quase
81% dos votos válidos. O 2º colocado
nesta eleição foi Gilvan Freire com 16% dos votos válidos. A tirar pelas
pesquisas eleitorais que temos, feitas nos Estados por institutos como
Datafolha, Ibope e CNT Sensus, deveremos ter 2º turno em algo em torno de 18
Estados da federação. Este será um ano com o menor número de eleições
encerradas no 1º turno. Ou seja, são os Estados onde o 1º colocado ultrapassará
as intenções de voto de todos os seus adversários somados, obtendo 50% mais um
dos votos válidos já no 1º turno.
Os estados onde as pesquisas quase não deixam dúvida sobre essa
possibilidade são: Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso,
Piauí, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Tocantins. O IBOPE até apontou essa
situação para a Paraíba. Mas, como caldo de galinha, cautela e chocolate nunca
fizeram mal a ninguém, pelo menos não a mim, é melhor esperar o resultado
final, pois, aqui na Paraíba, a única certeza é que o sol vai nascer primeiro
lá em João Pessoa. Uma curiosidade é que apenas nos Estados do Amazonas e do
Mato Grosso o governador foi sempre eleito em 1º turno nessa série histórica. O
eleitor desses Estados deve ser bastante pragmático ou então deve ter uma
enorme preguiça de ir às urnas.
Apenas o Estado do Pará nunca teve uma eleição decidida em 1º turno
desde 1990. Seria o eleitor paraense o mais consciente do Brasil? Aquele que
sempre levaria a decisão para último momento do 2º turno para tornar sua
decisão a mais legítima possível? Os partidos que mais venceram eleições de
governadores no 1º turno foram PMDB, com 17 vitórias, DEM (incluindo o antigo
PFL) com 16 e PSDB com 15. Não por acaso, PMDB e PSDB são os com mais chances
de eleger governadores neste 1º turno de 2014. Mas, a vida não está mesmo fácil
para ninguém. Temos 18 governadores candidatos à reeleição, mas apenas 06 deles
estão em primeiro lugar nas pesquisas. Apenas 02 devem garantir a vitória no 1º
turno, considerados levantamentos mais recentes.
Geraldo Alckmin, do PSDB em
São Paulo, e Raimundo Colombo do PSD em Santa Catarina devem ser eleitos em 05
de outubro. Todos os outros 16 governadores enfrentam disputas acirradas e
lutam contra uma oposição das mais fortes. Vejam o nosso caso aqui mesmo na
Paraíba. Se as urnas confirmarem essa dificuldade, de governadores que tentam se
reeleger, veremos que a onda da mudança não se aplica apenas ao plano federal.
Nos Estados os eleitores parecem também desejar uma troca das forças no poder. Outra coisa é que o mecanismo da reeleição é
forte, mas nem tanto, pois quando o eleitor não gosta do chefe do Executivo estadual
parece não pensar duas vezes em lhe negar um segundo mandato, independentemente
da força da máquina eleitoral governista. Será que vai ser isto que vai
acontecer em nossa Paraíba?
QUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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