
A ideia de que a eleição de um candidato em dois turnos dá
legitimidade ao processo decisório foi aprovada em muitos países. A lógica da
maioria simples, já no 1º turno, não fortalece o eleito. Em nome da
legitimidade, a que se ter pelos menos a maioria simples já num 2º turno,
depois de se ter sido testado num 1º turno. O sistema de reeleição é utilizado
em países com sólidas democracias, mas não da maneira que nós usamos. É que,
entre nós, a reeleição se alimenta de meios e mecanismos nem um pouco
republicanos. Inclusive, quando um governador perde o pleito em que disputou a
reeleição é comum se dizer: “mas, como
ele pode perder a eleição tendo a máquina do governo nas mãos?”. De fato
ser reeleito no Brasil é, ou era, algo corriqueiro.
Vejam que nas eleições presidenciais, FHC e Lula foram reconduzidos
para um segundo mandato. Se Dilma Rousseff perder esta eleição, será a primeira
presidente a não ser reeleita. Nos Estados não é muito diferente. Quanto à onda
de mudanças não há constância. Às vezes a vontade de mudar vem na forma de um
tsunami avassalador, como na primeira eleição de Lula em 2002. Às vezes a
vontade de mudar não passa de uma marolinha, como na reeleição de FCH em 1998. Vejam
que de 1990 para cá a maioria das eleições estaduais se resolveram no 2º turno.
Neste ano, por exemplo, tivemos 2º turno em 16 Estados. Em 1994 aconteceu o 2º
turno em 18 Estados. Em 1998 foram 13 Estados, em 2002 foram 14 e em 2006 foram
10.
Na última eleição, em 2010, tivemos 2º turno em 18 Estados. Na
pequena e heroica Paraíba, tivemos uma única eleição decidida em 1º turno nessa
série. Em 1998 José Maranhão foi eleito governado, já no 1º turno, com quase
81% dos votos válidos. O 2º colocado
nesta eleição foi Gilvan Freire com 16% dos votos válidos. A tirar pelas
pesquisas eleitorais que temos, feitas nos Estados por institutos como
Datafolha, Ibope e CNT Sensus, deveremos ter 2º turno em algo em torno de 18
Estados da federação. Este será um ano com o menor número de eleições
encerradas no 1º turno. Ou seja, são os Estados onde o 1º colocado ultrapassará
as intenções de voto de todos os seus adversários somados, obtendo 50% mais um
dos votos válidos já no 1º turno.
Os estados onde as pesquisas quase não deixam dúvida sobre essa
possibilidade são: Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso,
Piauí, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e Tocantins. O IBOPE até apontou essa
situação para a Paraíba. Mas, como caldo de galinha, cautela e chocolate nunca
fizeram mal a ninguém, pelo menos não a mim, é melhor esperar o resultado
final, pois, aqui na Paraíba, a única certeza é que o sol vai nascer primeiro
lá em João Pessoa. Uma curiosidade é que apenas nos Estados do Amazonas e do
Mato Grosso o governador foi sempre eleito em 1º turno nessa série histórica. O
eleitor desses Estados deve ser bastante pragmático ou então deve ter uma
enorme preguiça de ir às urnas.

Geraldo Alckmin, do PSDB em
São Paulo, e Raimundo Colombo do PSD em Santa Catarina devem ser eleitos em 05
de outubro. Todos os outros 16 governadores enfrentam disputas acirradas e
lutam contra uma oposição das mais fortes. Vejam o nosso caso aqui mesmo na
Paraíba. Se as urnas confirmarem essa dificuldade, de governadores que tentam se
reeleger, veremos que a onda da mudança não se aplica apenas ao plano federal.
Nos Estados os eleitores parecem também desejar uma troca das forças no poder. Outra coisa é que o mecanismo da reeleição é
forte, mas nem tanto, pois quando o eleitor não gosta do chefe do Executivo estadual
parece não pensar duas vezes em lhe negar um segundo mandato, independentemente
da força da máquina eleitoral governista. Será que vai ser isto que vai
acontecer em nossa Paraíba?
QUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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