sexta-feira, 26 de setembro de 2014

OS GOVERNADORES NÃO QUEREM VOTAR PARA PRESIDENTE – PARTE II.

Ontem, eu mostrei que tem se reproduzido, em quase todos os estados brasileiros, a tendência de o partido que lidera as pesquisas locais não conseguir, ou não quer, que seu candidato a presidente tenha bom desempenho em nível regional. Eu citei o caso de São Paulo, onde quem lidera as pesquisa não pode pedir votos para seu candidato a presidente da República. Eu mostrei que Geraldo Alckmin, do PSDB, não pode pedir votos para Aécio Neves para não dessagrar seus aliados do PSB. Em cada um dos Estados podemos ver os arranjos político-eleitorais passando ao largo do que se montou em nível nacional. Vejamos os exemplos, sempre lembrando que essa falta de coerência dos partidos é danosa para o próprio sistema politico brasileiro.

Um dos melhores exemplos que encontrei foi o caso do Maranhão. Neste Estado, Flavio Dino lidera a pesquisa, realizada pelo IBOPE, com incríveis 48% das intenções de voto. O 2º colocado é Lobão Filho, do PMDB, com 27%. Flavio Dino é do PC do B que apoia Dilma na eleição presidencial. Mas, o PT terminou se aliando ao PMDB de Lobão Fº. Flavio Dino montou um condomínio eleitoral e conta com um vice do PSDB, de Aécio, e com um candidato ao senado do PSB de Marina. No Maranhão, Dilma lidera a pesquisa do Ibope com 60%, Marina tem 19% e Aécio tem 6%. O eleitor maranhense tem todo o direito de dizer que não está entendendo nada, pois em condições normais de temperatura e pressão as alianças seriam outras.

Para o eleitor, normal seria o PC do B se aliar ao PT e não ao PSDB. Imagine a confusão. Dilma vai ao Maranhão, mas não pode receber o apoio público do candidato que lidera as pesquisas, daí tem que subir no palanque do candidato que deve perder a eleição. Aécio Neves vai ao Maranhão e tem que passar pelo constrangimento de subir no palanque com o PSB de Marina Silva. Isso é que é, literalmente, fazer campanha com o inimigo. Mas, os candidatos não parecem se constranger com essas situações. É por isso que não dá para exigir coerência do eleitor na hora em que ele for votar. O eleitor vê seu candidato ao governo se aliando com um adversário do palanque nacional, conclui que está valendo tudo e que ele pode votar de qualquer jeito.


A situação é tão esdrúxula que Flávio Dino não diz em quem vai votar para Presidente da República. Ele tem dito que seu voto “é secreto até a morte”. Aliás, ele não diz não é porque não quer, e sim porque não poder dizer. Flavio Dino afirmou que assumiu um compromisso com seus aliados para não declarar em quem vai votar, para presidente, como forma de evitar maiores problemas.  Ele prefere acreditar que não assumindo está prestando um favor aos seus aliados. Outra situação que seria trágica, não fosse tão desgraçadamente cômica, é a que vemos no Estado do Tocantins. Sandoval Cardoso, candidato a reeleição pelo Solidariedade, chegou ao cúmulo de declarar que não vai anunciar em quem vai votar para presidente.

Ele disse que “como o voto é secreto, vou me resguardar ao direito de não dizer em que vou votar”. O problema é que Sandoval é apoiado pelo PSDB de Aécio e pelo PSB de Marina, além do PP, PDT e PR, todos aliados de Dilma. O problema é que qualquer passo em falso que Sandoval der, pode implodir a mega aliança que ele mesmo costurou. Inclusive, ele racionaliza a questão e diz que não está preocupado, pois, se for eleito, governará com quem quer que seja eleito presidente. O que Sandoval quis dizer foi: “eu não sou a favor e não sou contra, muito menos pelo contrário”. Como diria o candidato a presidente da República, pelo PV, Eduardo José: (SIC) “eu não tenho nada haver com isso”.

No Amazonas, o candidato à reeleição pelo PROS, José Melo, foge de Dilma, Marina e Aécio como o próprio diabo fugiria da cruz. É que ele compôs aliança com PT, PSB e PSDB. Assim, ele está impossibilitado de declarar o voto para um dos três. Há uns dias atrás Dilma foi fazer campanha em Manaus. Para não ter que se encontrar com a candidata/presidente, e não se comprometer, claro, José Melo pegou um avião e foi a Brasília para, supostamente, cumprir uma agenda de governador. Vejam a que ponto chegamos. Na heroica Paraíba as coisas seguem confusas. Ricardo Coutinho apoia Marina, mas firmou aliança com o PT. Como Dilma apoia Vital Filho, do PMDB, não pode nem chegar perto do governador. Cássio, claro, apoia Aécio Neves.

Se as coisas não mudarem nos próximos dias, Ricardo e Cássio e Dilma e Marina vão mesmo se enfrentar no 2º turno. O PSDB já declarou apoio a Marina e que não existem chances reais de apoiar Dilma no 2º turno. Imagine, então, o seguinte: Ricardo e Cássio, no mesmo palanque, apoiando Marina enquanto se batem pelo Palácio da Redenção. O caro ouvinte consegue imaginar isso? Acha possível isso? Eu não vejo como uma situação tão tragicamente cômica e tão comicamente trágica possa acontecer. Mas, o fato de tratarmos essas situações já diz muito do atual processo. Como diria o ex-deputado Gilvan Freire: “a política ficou redonda, não tem mais lados”. Do jeito que vamos teremos, no futuro, candidatos a presidente, se enfrentando em nível nacional, e de braços dados pelos palanques estaduais. POIS É, VIVA A FESTA DA DEMOCRACIA.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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