terça-feira, 23 de setembro de 2014

O JOGO SÓ ACABA QUANDO TERMINA.

Faltam doze dias para o 1º turno das eleições gerais 2014. Hoje, na Paraíba, a única certeza que se tem é que não existem certezas. Temos uma avassaladora imprecisão sobre se teremos ou não um 2º turno e sobre quem poderá vencer as eleições estaduais. O que as pesquisas do final da semana passada nos mostram é que o jogo eleitoral está aberto, indefinido e cada vez mais emocionante. Sugiro boas doses de autocontrole aos que gostam de perder tempo e dinheiro com apostas sobre o resultado da eleição. As pesquisas, o ruído das ruas e o humor dos eleitores nos apontam para um 2º turno entre Cássio Cunha Lima e Ricardo Coutinho. A diferença, em percentuais, pró-Cássio vem diminuindo de forma constante.

Isso é algo para estranhar? Não, claro que não. A última vez que vimos uma eleição, para governador da Paraíba, sendo definida no 1º turno, foi em 1998 quando José Maranhão foi eleito com quase 81% dos votos válidos. Em 2010, muito se falava que Maranhão seria eleito no 1º turno já que os outros cincos candidatos (Ricardo Coutinho, inclusive) não conseguiriam reunir mais votos do que o 1º colocado. Mas, não foi isso que aconteceu. Naquele ano, o 1º turno terminou com um incrível empate entre Ricardo, que teve 49.74% dos votos válidos, e Maranhão, com 49.30%. Lembro-me de ver pessoas apostando que Maranhão seria eleito com uma margem de 150 mil votos já no 1º turno.

O fato é que Ricardo Coutinho foi eleito no 2º turno com uma diferença de exatos 148.833 votos. É bom não esquecer que a eleição se definiu a partir dos votos campinenses que Cássio Cunha Lima transferiu para Ricardo Coutinho. Mas, isso são águas passadas do tempo em que Cássio e Ricardo tinham se tornado aliados e até amigos. Hoje, algumas coisas mudaram, mas não o bastante para que o eleitor paraibano aceite que a eleição não seja bem concorrida até o último minuto. Isso tanto é verdade que aquelas pesquisas, que mostravam Cássio eleito no 1º turno, com mais de 20 pontos percentuais a frente de Ricardo, foram logo descartadas. As pesquisas desse momento consideram de forma acertada o acirramento do jogo.

Lógico, está havendo uma campanha que vai alterando os percentuais dos candidatos. Mas, não esqueçamos as variáveis que, literalmente, fazem o jogo variar numa rapidez alucinante. Para mim, a variável mais importante é sempre a rejeição. A pesquisa do Grupo 6SIGMA, contratada pela Campina FM e pela TV Itararé, traz dados precisos. Ao focar a atenção sobre os eleitores que dizem ainda não saber em quem votar, para governador, vemos que o jogo está absolutamente indefinido. Na pesquisa estimulada, Cássio vem em 1º lugar com 43.2% das intenções de voto, Ricardo ocupa o 2º lugar com 36.1%, Vital aparece em 3º lugar com 4.4% e o Major Fabio vem 5º lugar com 0.5%. Antônio Radical e Tárcio Teixeira têm menos do que isso.

Os cinco candidatos reúnem 41.5%. Cássio tem, então, uma ínfima vantagem de 1.7% para liquidar a fatura já no 1º turno. Mas, para isso teríamos que esquecer a margem de erro da pesquisa, que é 2.95% para mais ou para menos. Como é comum em eleições acirradas, são os indecisos que vão resolver o dilema. O Grupo 6SIGMA aferiu que 9.1% dos eleitores ainda não sabem, não decidiram, em quem vão votar. Sem contar os 5.5% que afirmaram votar branco ou nulo. Bastaria que 2% desses indecisos resolvessem votar em qualquer um dos candidatos, menos Cássio, claro, para que tivéssemos 2º turno. Como é Ricardo quem mais cresce, na série histórica que dispomos, o 2º turno vai se fazendo cada vez mais presente.



O IBOPE foi ainda mais incisivo em torno do 2º turno, pois trouxe Cássio com 42%, Ricardo com 37%, Vital com 4% e Major Fabio com 1%. Temos, aqui, um exato empate. Vejam que Ricardo, Vital e o Major somam os mesmo 42% de Cássio. Nesta eleição temos um fato a ser bem estudado futuramente. Eu falo da inversão das rejeições. Ricardo, que chegou a absurda rejeição de 33% do eleitorado, reagiu, e vem se recuperando. O Grupo 6SIGMA trouxe o governador com 24,5% de rejeição e Cássio com 22.6%. A surpresa ficou por conta do Ibope que aferiu Cássio o mais rejeitado com 29%, tendo Ricardo em 2º lugar com 26%. Temos aqui uma substancial alteração no jogo eleitoral, deixando tudo indefinido.

É que Cássio e Ricardo ultrapassaram, em alguns momentos da campanha, o limite máximo esperado na rejeição que é de 27 pontos percentuais. Sempre se poderá questionar como é possível que os candidatos mais rejeitados liderem as pesquisas. É que quanto mais eles se isolam na liderança do processo, mais podem ser rejeitados pelos eleitores adversários. É uma relação de causa e efeito. Nessa fase da campanha, o eleitor que já decidiu em quem votar tende a rejeitar seu principal adversário. É preciso analisar os condicionantes que fizeram e fazem o jogo eleitoral paraibano ter tantas variações. É preciso, ainda, entender mais e melhor como os favoritos podem ser, também, os mais rejeitados. Mas, isso é assunto para outro POLITICANDO.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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