Um dos dilemas
dessa eleição é o que se coloca para os candidatos aos governos estaduais e aos
candidatos a presidência da República. A questão é: como defender a mudança em
nível nacional, fazendo o discurso da continuidade em nível local? É possível
surfar na onda da continuidade, que Dilma oferece, e defender um projeto de
mudança em um dos estados da federação? Podemos aceitar que o governador
Ricardo Coutinho fale em continuidade mesmo que apoie Marina Silva que defende
a mudança? Se o caro ouvinte perguntar isso a um dinamarquês ou a um suíço ele
dirá que não, que isso é impossível. Mas, como no Brasil ser oposição ou situação
não passa, às vezes, de um estado de espírito, podemos, então, tratar dessa
questão.
De antemão, aviso ao caro ouvinte que não busque coerência nos partidos e
atores políticos quando estivermos tratando de alianças políticas. Para
viabilizar projetos eleitorais, vale tudo, inclusive se aliar ao inimigo e se
afastar do aliado. Interessa vermos o desempenho de Dilma, Marina e Aécio nos
Estados. Segundo pesquisas feitas pelo Ibope, nas duas primeiras semanas de
setembro, Dilma lidera as pesquisas em 15 estados, Marina lidera em 04 e Aécio
não lidera em estado algum. Apesar de que temos empate técnico entre Dilma e
Marina em 08 Estados. Dilma lidera em Roraima, Tocantins, Minas Gerais, Rio de
Janeiro e Pernambuco, enquanto Marina lidera em Goiás e no Mato Grosso do Sul.
Nestes estados a diferença entre as candidatas é sempre inferior à margem
de erro de 3 pontos percentuais que o Ibope estabeleceu para essas pesquisas.
Apenas no Paraná temos um empate concreto. Dilma e Marina têm cada uma, 29
pontos percentuais. Vejamos alguns casos bem interessantes. No Ceará, Dilma
lidera com 56%, Marina tem 25% e Aécio tem 5%. No entanto, o candidato ao
governo, do PT, Camilo Santana, está em 2º lugar e corre o risco de não ir para
a disputa do 2º turno. No Rio Grande do Sul, Dilma tem 16 pontos percentuais de
vantagem sobre Marina, mas seu candidato ao governo, o ministro da justiça
Tarso Genro está em 2º lugar nas pesquisas, sete pontos atrás de Ana Amélia do
PP.
Na Bahia, Dilma tem 50% contra 28% de Marina, mas o candidato do PT,
deputado Rui Costa está em 2º lugar com 27% enquanto o 1º colocado, o
ex-governador Paulo Souto, tem 43%. E não esqueçamos do nosso caso. Na Paraíba,
Dilma lidera a pesquisa do IBOPE com 53% e Marina está em 2º lugar com 24%.
Mas, o candidato de Dilma, na Paraíba, é Vital Filho, do PMDB, que ainda não
conseguiu ultrapassar a barreira dos 05 pontos percentuais em várias pesquisas
feitas. Em Goiás, Marina lidera com 34%, Dilma tem 29% e Aécio tem 19%. Mas, é
o tucano Marcone Perillo que está em primeiro lugar na disputa para o governo
do Estado. Os candidatos do PT e do PSB estam em 3º e 4º lugares.
Marina lidera a pesquisa no Acre, seu estado natal, com 24 pontos
percentuais a frente de Dilma, mas é Tião Viana, do PT, que lidera, com folga,
as pesquisas ao governo do Estado. Estes são os exemplos que confirmam a regra
de não haver coerência nos dados. Mas, o que está havendo com a cabeça do
eleitor? Por que essa tendência de se eleger, nos estados, um governador
adversário do candidato à presidência que lidera as pesquisas locais? Porque
quase ninguém está conseguindo transferir votos nos Estados? A explicação para
esse fenômeno está no fato de que a maioria dos partidos e atores políticos
resolveram dar prioridade total a seus interesses paroquiais em detrimento das
alianças feitas em nível nacional.
Paulo Skaf, candidato pelo PMDB ao governo de São Paulo, não admite votar
em Dilma, pois o PT tem a candidatura de Alexandre Padilha. Quando perguntado
em que vai votar Skaf diz que seu candidato a presidente é Michel Temer que,
claro, é o vice de Dilma. O que Skaf não quer é associar seu nome ao de Dilma
que tem uma alta rejeição em São Paulo. Um repórter insistiu sobre se ele iria,
afinal, apoiar Dilma. Ele se limitou a dar uma resposta no mínimo grosseira.
Disse Skaf: “Tu sabe de nada inocente!”.
A ideia é mesmo confundir o eleitor, pois as alianças estaduais passam
ao largo das alianças nacionais, causando esse tipo de situação esdrúxula, onde
um candidato ao governo apoia o vice, de uma chapa para a presidência, mas não
apoia a titular da chapa.
Aliás, a situação em São Paulo é
mesmo confusa. Pois, Geraldo Alckmin, do PSDB, que lidera todas as pesquisas,
tem que ser comedido no apoio à candidatura de Aécio Neves, pois o seu vice é
Marcio França, do PSB de Marina Silva. Alckmin não pode pedir votos para Aécio
e França não pode pedir votos para Marina no Guia Eleitoral, pois, do
contrário, terminam trincando o palanque que montaram numa situação em que
atropelaram os interesses nacionais de seus partidos. Amanhã, eu vou continuar
tratando das alianças estaduais e de como elas impedem que os candidatos a
presidente da República maximizem seus capitais eleitorais nas unidades da
federação. Claro, não deixarei de mostrar como essa questão se reproduz aqui
mesmo na pequena e heroica Paraíba.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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