O filósofo
francês Auguste Chartie não gostava de pessoas com ar inteligente. Ele dizia
que essa é uma promessa que não se pode cumprir. O dramaturgo, também francês,
Marcel Pagnol dizia que “promessas e pessoas perdem a força quando envelhecem”.
Já Napoleão Bonaparte afirmou que a melhor maneira de manter a palavra é
evitando empenhá-la e que para se cumprir uma promessa é preciso não fazê-la.
Apesar de que um imperador/ditador, como Napoleão, podia se dar ao luxo de nada
prometer. Eu desconheço que os franceses tenham se especializado em teorizar
sobre promessas e propostas. O que eu bem sei, é que os políticos paraibanos
entenderam que precisam dominar, com maestria, a arte de prometer de tudo um
pouco e um muito também.
Prometer é diferente de propor. A promessa é um compromisso moral e tem um
sentido religioso. Num passado bem distante não havia clara diferença entre
religião e política. Apesar de que, hoje, no Brasil, religião e política se
misturam como feijão e arroz. É por isso que nossos candidatos, assim como os
religiosos, faziam e fazem promessas, quando deveriam fazer apenas propostas. A
promessa é uma coisa do mundo ideal, etéreo. Para se fazer uma promessa, basta
ficar de joelhos e apelar para algum santo. Já a proposta é uma declaração para
que se obtenha uma concessão ou para que se realize um projeto. A proposta
serve para tentar se estabelecer um contrato, para que se receba um voto,
enfim, a proposta é algo concreto do mundo da política.
Enquanto o noivo promete que um dia se casará está tão somente operando no
campo da moral, não há nada de concreto numa promessa. Mas, quando ele propõe a
sua noiva registrar a união em cartório, se passa para o campo material, institucional.
Assim, caro ouvinte, não espere pelas promessas dos candidatos. Exija deles
projetos e proposta e rejeite as ideias mirabolantes que só existem no
“fantástico mundo de Bob”, aquele personagem do desenho animado. Cuidado com os
candidatos que dizem que não são políticos, que não gostam da política, que são
administradores. Desconfie disso. Como pode um político não gostar da política?
É a mesma coisa de um jogador não gostar de assistir jogos de futebol.
Os candidatos falam em administrar, mas desconhecem regras básicas da
administração. Parecem não saber o que é planejamento estratégico. Eles não
sabem o que é fazer um diagnóstico dos problemas para definirem que ações podem
propor. Vejam a proposta de implantar o Veículo Leve sobre Trilhos, o VLT, em
Campina Grande e João Pessoa. Foi diagnosticado que essa é a melhor forma de
resolver os problemas do transporte público dessas cidades? Se foi, que se
apresente o projeto. O fato é que virou moda prometer que se vai construir o
VLT, como forma de resolver todos os problemas da tal “mobilidade urbana” que,
por sinal, a maioria dos candidatos aos cargos do executivo e do legislativo
desconhece o que vem a ser.
ferramentas utilizadas para se fazer planejamento estratégico de
ações públicas ou privadas. Os governantes que realmente administram sabem do
que estou falando. Vindos do inglês, os 5W são: WHAT (O que
deve ser feito?); WHO (Quem deve fazer?); WHY (Que benefício traz?); WHERE (Onde será feito?); WHEN
(Quando deve ser feito?). Já os 2H, são: HOW (Como
será feito?); e HOW MUCH (Quando custa para ser feito?). Nas eleições
municipais de 2012, cinco dos sete candidatos a prefeito de Campina Grande
prometiam que, se eleitos, construiriam um Centro Administrativo na cidade.
Eles apenas respondiam a 1ª pergunta (o que fazer?), já as outras perguntas
ficam no ar.
A perguntinha mágica (How much? Quanto custa?) não era feita, muito menos
respondida. Experimente perguntar a um candidato de onde virão os recursos para
se implementar a promessa dourada que ele repete sem parar durante a campanha.
A resposta padrão é: “eu vou saber buscar os recursos, pois tenho experiência
para isso”. Mas, vai buscar onde? Com quem? Quando? E, claro, quanto é que vai
buscar? Os políticos gostam de acreditar que suas promessas são uma demanda da
população. Daí, eles prometem sem pensar nas consequências, até porque não se
dão ao trabalho de perguntar aos eleitores o que eles querem. Seria bom saber
se o cidadão prefere um VLT, andando por fora da cidade, ou um ônibus operando
de forma eficiente.
A maioria esmagadora das promessas
feitas no Guia Eleitoral não passariam pelo rígido crivo dos 5W e dos 2H. Deve ser por
isso mesmo que os governantes e os candidatos preferem seguir ignorando a
existência dessas ferramentas. As propostas são feitas apenas para rechear um
programa político. As promessas servem para florear o discurso do candidato,
que não pode ficar de 4 a 5 meses repetindo chavões. As promessas servem para
criar expectativas positivas. Prometer é
fácil. Já propor é mais complicado, pois cria vínculos e responsabilidades do
representante para com o representado. Assim, toda vez que seu candidato
começar a prometer não lhe dê ouvidos e peça para ele fazer propostas claras,
objetivas e viáveis.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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