Na semana que
passou fui acometido do mal que metade da humanidade sofre e a outra metade
vai, um dia, sofrer. Tive sérios problemas em minha coluna cervical, fiquei
praticamente imobilizado e tive, por ordens médicas, que guardar repouso
absoluto. Como minha coluna cervical não me sustentava, a COLUNA POLITICANDO
teve que sair do ar. Passei uma semana impossibilitado de fazer muitas coisas.
Mesmo com as dores que sentia, assisti aos debates entre os candidatos a
presidência e ao governo. E assisti a quase todas as edições do Guia Eleitoral
tanto no rádio como na TV. Eu descobri que existem muitas formas de se assistir
a Propaganda Eleitoral. Uma delas é aquela em que não levamos muito a sério o
que dizem os candidatos.
O péssimo estado de minha coluna não impediu que meu cérebro e meu senso
crítico funcionassem a ponto de entender que a melhor coisa a fazer é duvidar,
e até desconfiar, de tudo que os candidatos dizem e fazem no Guia Eleitoral. O
que eu assisti nestes dias de dores intensas foi um show democrático de
horrores. O fato é que a cada nova eleição a tal festa da democracia só piora.
Em nossa pequena e heroica Paraíba tem se feito uma propaganda eleitoral
democraticamente pavorosa. Mesmo que eu não queira falar do contínuo massacre
que a língua portuguesa sofre, vi candidatos cometendo erros de todos os tipos.
Mas, se compararmos com o que vi de outras cidades, talvez tenhamos algum
alento.
Assisti propagandas eleitorais de Recife, São Paulo, Belo Horizonte,
Fortaleza, Salvador. Enfim, colhi personagens do guia eleitoral pelo Brasil
afora. Com a nossa festa da democracia dá para rir, dá para chorar e se
revoltar com as coisas que se vê. Eu vi candidatos como “Cara de Hamburguer” da
Bahia, “Divino Bosta de Vaca” de Minas Gerais, “Zezinho Merda” e “Mick Jagger
do Brasil” de São Paulo, “O homem da jumenta teimosa” do Tocantins, “Pirulito
do Amor” do Acre. Eu revi as bizarrices
de sempre como “Didi Cachorrão do Brega”, “Perereca do Alumínio”, “Bixa Muda” e
“Elvis não Morreu”. Apareceu um que diz que para acabar com o fedor, só votando
em “Cocô”. Isso tudo, claro, em nome da festa da democracia.
Aqui na Paraíba os candidatos são mais comedidos. Mas não escapamos de
algumas excentricidades e nem daquele tipo de candidato que desconhece
totalmente o papel que deve desempenhar caso seja eleito. Eu devo ter visto
algo em torno de 60 candidatos a deputado estadual e federal, além dos
candidatos ao Senado. Apenas dois falaram das funções de um deputado. Um deles
disse que o parlamentar deve representar o povo e fiscalizar os atos do poder
executivo. Isso é o óbvio ululante, mas pelo menos alguém disse. Foram apenas
dois num mar de defensores do povo. Quando será que essa gente vai, finalmente,
entender que o cidadão não quer ser defendido, nem vitimizado? O que o cidadão
quer é ser bem representado.
Tem candidato dizendo que vai criar a Secretaria Especial contra a
Violência. O caro ouvinte não caia numa tolice dessas, pois já existe no
Governo estadual a Secretaria de Segurança Pública. Além do mais, isso não é
atribuição de um parlamentar. Tem um candidato que não fala, apenas entoa o
hino da Igreja que deve frequentar. Seguimos com grande quantidade de pastores
evangélicos candidatos, trazendo as demandas de suas igrejas para a política
eleitoral. Esses candidatos usam seus preciosos segundos para falar de suas
crenças religiosas. Esquecem que estam postulando uma vaga numa instituição
política que é constitucionalmente laica, ou seja, que não faz votos
religiosos.
Tem um candidato, que pensa ter a melhor das intensões, que defende que o
salário dos deputados sejam igualados ao dos professores da rede pública. Como
professor, eu discordo. Sugiro que o salário dos professores sejam equiparados
ao dos parlamentares. Tem um deputado, candidato a reeleição, que teve um
ataque de sinceridade no guia eleitoral. Ele confessou que não foi um bom
deputado. Depois ele diz que foi um bom amigo. I.e., como não estamos
escolhendo amigos, melhor não votar neste candidato. Tem candidato querendo ser
eleito com votos de sua categoria profissional. É um tal de fulano do sacolão,
de sicrano da construção, de beltrano da farmácia. Tem um que vai lutar pelo
aumento salarial de sua categoria. Não seria melhor que ele fosse candidato à
presidência de seu sindicato?
E tem os candidatos que dizem que
não tem a política como profissão. Tem um que confessa detestar a política. É
incrível, como eles desdenham daquilo que querem fazer parte. Desconfie, caro
ouvinte, do politico que não gosta de politica. Tem aqueles que estam no
desespero. Tem um que pede encarecidamente, quase chorando, para que se vote
nele. Mais um pouco, e ele implora de joelhos. E tem o que cria uma frase de
efeito que no final não diz nada, como “eu vou ajudar a ajudar”. Enfim, caro
ouvinte, o guia eleitoral está aí para que tenhamos elementos para escolher. Se
depois de tudo, você não gostar de nada do que viu e ouviu é simples de
resolver. Na urna eletrônica tem uma tecla (branca) para isso.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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