Brasília é uma cidade
de muitas histórias. Numa delas se conta que aliados do PT, com pendores mais
democráticos, teriam tentado convencer Lula a não lançar a ofensiva que terminou
impedindo que Marina Silva tornasse o “Rede Sustentabilidade” um partido. Lula
teria dito que essa seria a forma de impedir que Marina fosse candidata e que
terminasse sendo eleita. Reza a lenda que Lula repetia, para quem quisesse
ouvir, que se Marina tivesse um partido para chamar de seu Dilma não se
reelegeria. Conta-se, também, que Lula afirmava que essa história de deixar
para resolver tudo nas urnas era um risco que o PT não poderia correr. Aliás, a
desavença de Lula com Eduardo Campos foi exatamente pelo fato do PSB ter dado
abrigo a Marina.
Parecia que Lula queria dizer para pararem com a ideia de dar espaços
para Marina, pois ela poderia terminar passando todo mundo. Do alto de sua
experiência, Lula parecia prever: “depois, não digam que eu não avisei”. O
plano era perfeito, mas faltou combinar com o “Sobrenatural de Almeida”,
personagem de Nelson Rodrigues dono das improbabilidades da vida. Tudo caminhava
na santa paz, entre PT e PSDB, que reeditariam mais um “FLA X FLU” eleitoral. Lula
e FHC já estavam com as garras afiadas para se engalfinharem em prol de seus
pupilos candidatos a presidente da República. Eduardo Campos, e sua vice oculta
por ações nada republicanas, comporiam o espetáculo como meros coadjuvantes.
Mas, o inesperado, o acidental ou as contingências da vida mudaram
tudo. Os adeptos das teorias conspiratórias andam dizendo que “forças ocultas”,
das quais nos falava o ex-presidente Jânio Quadros, entraram em ação para mexer
no tabuleiro eleitoral. Marina Silva passou de expectadora de luxo para atriz
principal de um espetáculo que, tal qual a Paixão de Cristo, muitos insistem em
já saber como será o final. De minha parte, acredito que o jogo só acaba quando
termina. Em eleições, cantar vitória antes de se apurar as urnas é arriscado e
muitos dizem que dá um azar terrível. Que o diga FHC que, em 1985, sentou-se na
cadeira do prefeito de São Paulo, um dia antes da eleição, se achando eleito e
terminou perdendo o pleito.

Se os dois Institutos não estiverem enganados, ou maquiando os
dados deliberadamente, Dilma e Aécio vão terminar tendo que fazer o mesmo discurso,
pois Marina tornou-se o alvo a se acertar com todas as armas que se tiver ao
alcance da mão. Dilma vem assistindo Marina alcança-la sem ter como reagir, até
porque sua popularidade e a aprovação do seu governo não andam lá muito bem das
pernas. A essa altura do campeonato, Lula, sempre ele, deve estar dizendo: “eu não disse, eu avisei!”. Aécio vê a
situação como se tivesse caído do trem e não pudesse mais alcança-lo. No IBOPE,
do começo da semana passada, Marina tinha 29% contra 19% de Aécio. Mas, no
Datafolha do final da semana Aécio tinha perdido quatro pontos percentuais.

Mas, Mister Sobrenatural de
Almeida resolveu intervir. Marina se tornou candidata a presidente catalisando
para si este sentimento de mudança, dando clara alternativa para quem não
aguenta mais o falso dilema que PT e PSDB encenam há tanto tempo. O tucanato e
os “lulo-dilmistas” estam tentando encontrar aquele local que, ao baterem,
farão Marina sentir fortes dores, se é que este local existe de verdade. A
tirar pelo debate da TV Bandeirantes este local ou não existe ou está muito bem
escondido. Marina é tão politicamente correta que irrita seus adversários. Um
amigo disse que “Marina é tão boa, que
chega a ser ruim”. Inclusive, ela tirou o PT e o PSDB da confortável zona do
confronto bipolar. Agora é salve-se quem puder, pois de frágil Marina Silva só
parece ter mesmo é a aparência.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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