segunda-feira, 1 de setembro de 2014

AFINAL, PARA QUE SERVE UM SENADOR – PARTE 2.

Na sexta-feira, iniciei as análises da série de entrevistas que os candidatos ao Senado Federal concederam a equipe de Jornalismo da Campina FM. Eu comecei tratando da entrevista, no mínimo confusa, que a candidata do PSTU, Rama Dantas, nos deu. Eu ainda estou incrédulo com a declaração da candidata de que pretende se eleger senadora para defender o fechamento do Senado Federal. A ideia de que o Senado deve ser desmontado por não representar os trabalhadores é estapafúrdia. Na sequência tivemos a entrevista com o candidato ao senado pelo PTC, Walter Brito. Esta é uma daquelas entrevistas em que o analista tem facilidades em comentar, pois o discurso do candidato é claro, objetivo, direto, mesmo que sem ideias claras.

Walter Brito começou a entrevista prestando uma homenagem a Eduardo Campos, morto naquele acidente de avião. O candidato afirmou que tinha uma amizade profunda com o ex-governador e com a sua viúva Renata. Eu não duvido que essa amizade existisse. Mas, por isso mesmo, talvez o candidato pudesse não misturar uma questão pessoal com o processo eleitoral. É que é difícil resistir à tentação de contar com um cabo eleitoral de tamanha envergadura celestial. Walter Brito disse que é candidato ao senado por entender que o Brasil precisa de mudanças é que ele é capacitado e competente para promover essas mudanças. Simples assim, sem nenhuma falsa modéstia.

Walter Brito disse que é candidato pelo PTC, que é um partido cristão e ele é evangélico, além de ter um “conhecimento com o presidente Manoel Tourinho há muito tempo, que me facilitou para que tivesse oportunidade de ser candidato por um partido pequeno”. O candidato disse que não optou pelo PTC já que “por uma legenda de uma contingência maior seria muito difícil”. Disso não há o que se reclamar, o candidato deixou muito claro a relação que ele tem com o partido que lhe hospedou. Quando se questionou em que exatamente o candidato seria um instrumento de mudanças, ele disse não se conformar com o Brasil que vivemos hoje e passou citar aqueles dados sobre a questão da violência que tanto vemos nos jornais nacionais.

O candidato relatou um caso em que foi vitima de nossa falta diária de segurança. Ele conta que foi assaltado, que lhe levaram objetos e quase lhe tiraram a vida. Terá sido daí, então, que o candidato passou a se preocupar com a violência em nossas cidades? O candidato é um adepto do discurso do caos. Para ele nada está bom. A educação e a saúde, os transportes e a economia, com seus juros altos, estariam todos de cabeça para baixo. Daí ele passou a repetir o discurso que faz no guia eleitoral. Mecanicamente, ele repetiu seu lema de campanha, seu número e que candidato ao governo está apoiando. Pareceu-me que o candidato esqueceu por alguns momentos que estava dando uma entrevista com tempo considerável para expor suas ideias.

Quando inquirido a justificar porque já mudou tantas vezes de partido, mais uma vez Walter Brito foi objetivo e de uma sinceridade acachapante. Disse ele que: “partido no Brasil não é tão importante, mais importante são as ideias dos candidatos”. Ora candidato, se suas ideias são mais importantes do que o seu partido, devo concluir que o senhor aceitaria a extinção dos partidos políticos? Rama Dantas quer acabar com o Senado e Walter Brito não dá muito valor aos partidos. Assim vamos mal, muito mal. O 3º candidato da série a ser entrevistado foi José Maranhão do PMDB. O ex-governador começou demonstrando que bem entende a função e a importância, histórica, inclusive, da chamada Câmara Alta.

Mas, Maranhão foi logo recorrendo ao que seria o carro chefe de sua campanha. Ele disse que o Senado sempre foi a “casa onde as pessoas mais experientes, mais vividas na vida pública tem assento”. Ele lembrou que no Senado da Roma antiga era assim. Os homens mais experientes, mais sábios é que ocupavam este espaço. Claro, Maranhão está, aqui, legislando em causa própria, pois ele é o candidato mais experiente de todos. Do alto dos seus quase 50 anos de vida pública, já tendo sido governador da Paraíba por 3 vezes, Maranhão se sente do direito de chamar um de seus adversários, o petista Lucélio Cartaxo, de infantil e leviano por causa de declarações suas.

Mesmo querendo muito ser senador da República, Maranhão tem demonstrado uma impaciência singular para com as coisas de uma campanha eleitoral. Ele quase não tolera as criticas feitas pelos adversários o que, claro, não é nada bom. O fato é que Maranhão perde muito tempo explicando porque ainda permanece na seara política, tendo mais de 80 anos de idade, e com o currículo que tem. Maranhão não parece nem um pouco disposto a dar espaço e vez a quem quer que seja. Amanhã, continuarei analisando as entrevistas com os candidatos ao senado, sempre lembrando que a maioria deles parecem não dar a real importância e/ou a merecida dimensão que o Senado Federal possui em nosso sistema político.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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