No final de
semana o Datafolha trouxe mais uma pesquisa com intensões de voto para
presidente da República. A pesquisa trouxe dados qualitativos que podem ajudar
para que entendamos mais e melhor como está funcionando a cabeça do eleitor
brasileiro. O Datafolha trouxe um empate técnico entre Dilma e Marina, mas isso
nós já sabíamos. A presidente aparece com 35% e a ex-senadora com 34%. Aécio Neves vem em 3º com seus minguados 14%.
A “nanicada”, animada como sempre, soma 04%. Mas, o Datafolha percebeu que
houve uma espécie de acomodação nas intenções de voto para Marina Silva. Aquele
crescimento vertiginoso parece não mais acontecer. É que os efeitos da catarse
pós-morte de Eduardo Campos começam a esmorecer.
Sem contar que
com o crescimento nas pesquisas, Marina virou alvo de seus adversários e
algumas contradições e equívocos começam a aparecer, a exemplo da dubiedade da
ex-senadora em relação à criminalização da homofobia e da questão da camada
pré-sal. Vejamos, por exemplo, a simulação da eleição no 2º turno. Na última
semana de agosto, Marina tinha 50% das intenções de voto contra 40% de Dilma.
Agora, a diferença caiu para 07 pontos percentuais. Marina tem 48% contra 41%
de Dilma. Ou seja, não temos uma eleição
definida, mesmo que os “marineiros” mais empedernidos queiram assim acreditar.
Mas, aqui, interessa ver que o Datafolha teve a preocupação de saber o perfil
ideológico dos eleitores de Dilma e de Marina.
A principal descoberta foi que Dilma é mais bem votada entre os eleitores
de esquerda e centro-esquerda e que Marina ganha entre os eleitores de direita
e centro-direita. Aqui, temos dados qualitativos para que não esqueçamos que as
ideologias ainda existem. Apesar de que é sempre bom lembrar que, quando o
assunto é ideologia política, o eleitor brasileiro não sabe muito bem o que é e
nem o que quer. Nunca fomos dados a cultivar as ideologias do jeito que nos
chegaram, tampouco fomos capazes de criar uma. O federalismo iluminista e
liberal da independência dos EUA foi sendo transformado, quando aqui chegou,
nesse republicanismo escravocrata nada republicano. Os ideais socialistas foram
expropriados por vários setores de nossa sociedade.
Eu já tinha tratado, aqui no POLITICANDO, das colorações ideológicas nas
eleições desse ano. Em nosso cardápio eleitoral temos Levi Fidelix, José Maria
Eymael e o Pastor Everaldo representando as ideias de uma direita conservadora
e autoritária. Representando concepções de uma esquerda com viés mais liberal,
mesclado com o ambientalismo, temos o Eduardo Jorge. E temos, também, a
esquerda revolucionária, dita bolivariana, representada por Zé Maria, Luciana
Genro, Mauro Iasi e Rui Costa. Certo,
até aqui tudo bem. Mas, e Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves? Onde
poderemos aloca-los? Para facilitar, colocarei Aécio Neves numa centro-direita,
com tendências liberalizantes, em que pese os pendores fisiológicos do PSDB.
O fato é que o Datafolha detectou que quanto mais a direita estiver o
eleitor, melhor é o desempenho de Aécio Neves. Detectou, também, que uma
crescente direita e centro-direita é que está colocando Marina nessa situação
tão vantajosa. Ao mesmo tempo, se viu que quanto mais a esquerda estiver o
eleitor, mais cresce o potencial de votos de Dilma. No grupo de eleitores tidos
como de esquerda, Marina fica nove pontos percentuais atrás de Dilma. Na
simulação para o 2º turno, no universo de eleitores de esquerda, Dilma aparece
com 50% das intenções de voto e Marina com 43%.
Quando se inverte a situação e passa a ser lidar com os eleitores de
direita, Marina tem boa margem sobre Dilma.
Entre os eleitores de centro-direita, Marina aparece com 49% contra 37% de
Dilma. Já entre os eleitores de direita a diferença vai a 14 pontos percentuais
pró Marina Silva. Com esses números, podemos dizer que Dilma é de esquerda e
Marina é de direita? Não, claro que não. Aqui, a ideia é buscar elementos para
entender a preferencia dos eleitores considerando a variável ideologia
política. E como bem sabemos, a maioria dos políticos brasileiros são
pragmática e propositadamente desideologizados. Para poder cruzar os dados
entre preferencia eleitoral e questões ideológicas, o Datafolha aplicou dois
questionários. Num perguntou as questões de sempre como em quem se vai votar,
quem se rejeita e como se avalia o governo.
Noutro se fez as perguntas que levam
o eleitor a se posicionar e a se colocar num determinado campo de ideias
políticas. São questões sobre religião, drogas, criminalidade, pena de morte,
homossexualidade, pobreza, aborto, etc. A lógica é um tanto quando formal, mas
funciona. A maioria dos que são, por exemplo, a favor da descriminalização das
drogas e contra a pena de morte disserem que votam em Dilma. Assim se conclui
que ela tem mais votos no eleitorado de esquerda. A maioria dos eleitores de
direita vota em Marina, porque são contra a descriminalização das drogas e a
favor da pena de morte. Amanhã, vou continuar essa análise sempre perguntando
se você, caro ouvinte, tem uma ideologia para votar?
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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