Sempre que temos
um debate, no rádio ou na TV, algumas pessoas me perguntam sobre quem teria
vencido o debate. Nos EUA, os institutos de pesquisa fazem aferições, no minuto
seguinte ao fim do debate, entre candidatos a presidente. Na verdade, os
americanos entendem que “venceu o debate” aquele candidato que se saiu melhor
na hora de responder as perguntas mais complexas, mais cavilosas. Nos EUA,
vence o debate o candidato mais calmo, mais seguro, mais ponderado. Para os
norte-americanos tem desempenho, digno de elogio, aquele candidato que não
gagueja, que não vacila, quando tem que responder sobre questões polêmicas como
pena de morte, aborto, racismo, uso das células tronco, etc.
Aqui no Brasil, nem existe muito essa ideia de um candidato vencendo o
debate. Na verdade, o eleitor gosta de assistir ao debate, entre candidatos a
governador ou a presidente, para torcer e vibrar como se estivesse assistindo a
um jogo de futebol. Ao contrário do que muitos podem pensar, os debates no
Brasil quase não servem para que o eleitor indeciso tire suas conclusões e,
finalmente, decida em quem votar. A maior parte das audiências é composta pelos
que já estam bem decididos. A assistência de um debate é formada pelos
eleitores, apoiadores e militantes dos candidatos envolvidos. Basta ver que as
pessoas ficam assistindo ao debate e postando mensagens nas redes sociais, onde
vibram com as boas respostas de seus candidatos.
Elas aproveitam, claro, para falar das gafes, absurdos e de qualquer erro
que possa cometer aquele adversário por quem se nutre a mãe de todas as iras.
No Brasil, o debate serve bem mais para motivar a militância do que para
dirimir dúvidas. Ontem, tivemos, aqui na CAMPINA FM, o debate entre os
candidatos ao governo do Estado da Paraíba. Os seis candidatos estiveram
presentes e garantiram um debate acirrado, como tinha que ser, apesar de que
eles não surpreenderam em nada. O debate foi realizado em três blocos. Nos dois
primeiros, os candidatos fizeram perguntas entre si. Já no último bloco tivemos
dois direitos de resposta, concedidos a Tárcio Teixeira e Ricardo Coutinho, e
aquelas famosas considerações finais.
Aliás, os candidatos estam com uma mania muito chata de usarem aqueles
minutinhos finais como se fosse uma colagem de trechos do guia eleitoral. É um
tal de falar o nome e o número do candidato, do seu vice e do seu senador. Ao
invés de utilizarem aquele tempinho final para explicarem mais e melhor pontos
que não puderam ser aprofundados ou para fazerem os últimos ataques aos
adversários, eles ficam, ali, repetindo nomes e números. É uma chatice só. O
debate foi bom, mas, ao final, ficou aquele gostinho de quero mais. É que
quando os candidatos começaram a ficar mais impacientes e, portanto, mais
dispostos a partirem para ao enfrentamento de palavras e ideias, acabou o
tempo.
Os candidatos não me surpreenderam. Na verdade, só havia duas estratégias
bem definidas no debate. Uma era a de Cássio Cunha Lima e Ricardo Coutinho que
se enfrentam, abusando das acusações mútuas, por estarem à frente das pesquisas.
A outra foi adotada por Vital Fº, Major Fabio, Tarcio Teixeira e Antônio
Radical. Cada um, a seu modo, usou bastante tempo para atacar e criticar as
duas candidaturas mais forte. A ideia era mostra-las mais como semelhantes do
que como diferentes. Os candidatos sem maiores pretensões eleitorais se
esmeraram em mostrar que Cássio e Ricardo se atacam por conveniência política,
já que eram aliados até pouco tempo atrás. Aliás, este tem sido o calcanhar de
Aquiles de Cássio e Ricardo, pois precisam ficar dando explicações sobre essa
questão todo o tempo nas entrevistas e debates.
Vital Filho até tentou se colocar no grupo dos que não foram convidados
para a “festa da democracia”, mas Major Fábio, Tárcio e Radical preferiram que
o senador do PMDB ficasse no grupo dos que “sempre estiveram no poder e nunca
fizeram nada para mudar a realidade política, social e econômica do Estado da
Paraíba”. Como o debate se deu no esquema de candidato fazendo pergunta a
candidato até deu para fugir da bipolarização entre Cássio e Ricardo, pois os
outros quatro fizeram perguntas entre si. Parecia até que tinham combinado.
Ricardo e Cássio optaram pela estratégia de baterem um no outro pela via
indireta. Um exemplo? Ricardo perguntava a um dos quatro e pedia para que
comentassem aspectos do governo de Cássio e vice versa.
A ideia de Ricardo e Cássio era amolar a faca e entrega-la para que um dos
quatro candidatos usassem a seu bel prazer. Mas, eles foram inteligentes e não
se deixaram levar por essa tática, pois atacavam os dois indistintamente. Neste
aspecto, Tárcio Teixeira se saiu melhor, pois criticava tanto Cássio como
Ricardo, mostrando como eles podem ser parecidos, mas sem aquele ar revoltado
de Radical ou o histrionismo do Major Fábio. Hoje, eu comecei a analisar o
debate, entre os seis candidatos ao governo do Estado, que tivemos aqui mesmo
na Campina FM. Amanhã, eu vou continuar analisando sempre atento ao que dizem
os candidatos, ou melhor, ao que eles deixam de dizer.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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