A história política de Campina
Grande, na segunda metade do século XX, é singular em um aspecto que a
diferencia de tantas outras cidades. Neste período, Campina tinha alta
capacidade de absorver movimentos políticos que aconteciam no eixo Rio-São
Paulo. As mudanças causadas pelo fim da 2ª Guerra Mundial e da ditadura do Estado
Novo Varguista alteraram a vida política de nossa cidade e fizeram com que
novos atores surgissem no cenário político municipal.
O
processo da redemocratização brasileira de 1945 encontrou partidos de projeção
nacional como UDN, PSD e PTB em processo de organização em Campina Grande. Até
o Partido Comunista do Brasil (PCB) se estruturava na cidade. Em maio de 1945
surgiu em Campina a União Socialista da Paraíba que logo se transformou em PCB.
Para deixar sua marca no cenário político da cidade a USP lança um manifesto no
jornal "A Voz Diária" em 24/05/1945. Nele se lia que: “O povo de
Campina Grande não poderia permanecer alheio à renovação política nacional e
mundial, oriunda da derrota do fascismo e da crescente importância das massas
na vida dos povos”.
Como se vê,
havia um claro entendimento de que as questões políticas nacionais e
internacionais deveriam ser tratadas pela sociedade campinense. Essa foi sempre
a tônica dos movimentos políticos aqui surgidos neste período. Logo cedo o
trabalho dos militantes comunista de Campina Grande rendeu frutos. Nas eleições
de dezembro de 1945, Yedo Fiúza, candidato a Presidente da República pelo PCB,
teve aqui 1.455 votos.
Nessa eleição Luis Carlos Prestes
e João Santa Cruz , candidatos ao senado federal pelo mesmo PCB, tiveram 1.501
e 1.494 votos, respectivamente. Já em 1947, nas eleições para o legislativo
estadual, Félix Araújo, também do PCB, teve 885 votos. Se levarmos em consideração que, nesse
período, Campina Grande tinha 18.304 eleitores veremos que essas não deixam de
ser, relativamente, boas votações, à medida que estamos falando de um movimento
em formação.
Já na década de 50, as ideias que
deram lastro a criação da Petrobrás se alastram pela cidade. As teses nacionalistas
começam a ser discutidas, em Campina Grande. O Grêmio Literário Machado de
Assis é o comitê que aglutina todo esse movimento. Ele era frequentado por intelectuais de
esquerda e seguidores do deputado federal José Joffily que integrava a Frente Parlamentar
Nacionalista. Foi a partir do Grêmio que se criou em 1957 o Movimento
Nacionalista Brasileiro - Seção de Campina Grande.
O MNB local participou da
política da cidade de 1958 até o golpe de 64, notadamente nas eleições
municipais de 1959 e 1963. Os militantes do MNB campinense atuavam no sentido
de inserir os problemas da cidade no contexto das questões nacionais. A seção campinense do MNB se desenvolveu
bastante a ponto de fundar, em 1958, o semanário "Evolução", que no
início da década de 60 chegou a circular diariamente. O MNB tinha, ainda, um
programa semanal de rádio chamado a "Voz Nacionalista".
Mas, foi na década de 60 que a
capacidade de Campina Grande absorver os movimentos nacionais se exacerbou. Em
1961, quando o presidente Jânio Quadros renunciou, a sociedade campinense ficou
em polvorosa. A população se mobilizou para não só acompanhar os fatos como
para fazê-los ecoar pela cidade. Movimentos em defesa da legalidade democrática
surgiam em vários setores. O Centro Estudantal Campinense decretou greve geral
dos estudantes.
Greve esta que
só acabou quando o vice-presidente João Goulart tomou posse. Foi nessa época
que sindicatos e entidades estudantis lançaram o "Manifesto ao Povo
Campinense" onde a marca do nacionalismo é sempre presente. Entre os dias
26 e 28 de agosto de 1961 foram organizados comícios e passeatas pela cidade
contra as tentativas golpistas de impedir a posse de Goulart. A Câmara de
Vereadores participou ativamente das manifestações.
Os setores
nacionalistas da cidade promoveram manifestações em favor das reformas de base
e atuaram no sentido de pressionar os deputados federais do Estado para que
votassem a favor delas no Congresso Nacional. Porém, com o golpe militar de
1964, esses setores foram desarticulados. O prefeito de Campina Grande era
Newton Rique que foi cassado por causa de seu envolvimento com as lutas
nacionalistas.
Assim era Campina Grande. Numa época em que não tínhamos Internet e que a
televisão era mais um projeto do que uma realidade, a cidade farejava o que
acontecia lá fora e fazia acontecer aqui. Tudo isso influenciou o jeito que
temos de lidar com a política nos dias de hoje.
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A
CAMPINA FM.
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