quinta-feira, 24 de outubro de 2013

ESSES POLÍTICOS E SUAS FRASES MARAVILHOSAS.



O Humorista Millôr Fernandes dizia que democracia é eu mandar em você e que ditadura é você mandar em mim. Millôr foi um mestre do humor e um dos melhores criadores de frases que eu já vi. Mas, ele sofria dura concorrência. Hoje, eu vou lembrar frases magistrais de alguns políticos brasileiros. Quando eles tentam explicar o inexplicável não dá outra, só sai pérolas do pensamento político verde-e-amarelo. Nossos políticos são grandes frasistas.


A presidente Dilma disse essa semana algo interessante na tentativa de explicar que o leilão da camada pré-sal não foi uma privatização. Dilma, com aquele jeito sério e sisudo, também não resiste a uma boa frase com pitadas de bom humor. A presidente disse que seu governo não faz privatização e sim parcerias. Ela ainda afirmou que quem faz e fez privatizações é o PSDB e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mais um pouco e ela ia lembrar das “privatarias” de José Serra.


Adorei o eufemismo. A presidente foi inteligente e substituiu um termo pesado, uma expressão inconveniente para quem é candidato, por outra mais suave, mais agradável aos ouvidos do eleitor brasileiro. Assim, saiu o pejorativo termo privatização e entrou o termo parceira, que dá ideia de união. É como se todos estivessem irmanados pelo bem do Brasil. Mas, não importa o termo, o Brasil vendeu mesmo parte considerável da camada pré-sal para os chineses.


Paulo Maluf, símbolo do comportamento antirrepublicano no Brasil, é um frasista de marca maior. Maluf é um praticante do humor politicamente incorreto. Ele perde tudo, perde a viagem, perde o amigo e até o eleitor, mas não perde a chance de uma boa frase. Certa vez Maluf disse que “se você tiver uma fazenda e, na hora da colheita, tiver que optar entre um administrador petista e uma nuvem de gafanhoto, fique com os gafanhotos”. Fantástico. Nunca pensei que diria isso, mas eu concordo com Maluf. É que o jeito petista de administrar o Estado brasileiro causa tantos estragos quanto uma nuvem de gafanhotos sobre uma plantação. Vejam que a extensão dos danos causados pelos mensaleiros petistas ainda não foi devidamente calculado.


José Sarney disse certa vez que “Governo é como violino: você toma com a esquerda e toca com a direita”. Essa frase é de um realismo que assusta. Os políticos são assim. Quando candidatos o discurso é de esquerda, uma vez eleitos, a prática é de direita. Fernando Henrique Cardoso morou muito tempo no Chile e na França, pode estudar bastante e requintar seu estilo. Foi por isso que ele constatou que “os brasileiros são caipiras, desconhecem o outro lado, e, quando conhecem, encantam-se”. Na verdade, FHC estava se referindo a ele próprio que quando conheceu o outro lado passou a pensar e a agir como o outro lado. Nada mais caipira do que um presidente brasileiro pensando como se fosse um presidente da França.

 

Quando era presidente Fernando Collor se sentia como Luis XIV, o Rei-Sol. Certa vez, numa entrevista, afirmou (se dirigindo a jornalistas pelos quais nutria profundo desprezo) que: “Eu faço a historia vocês escrevem a historia”. Collor era assim mesmo. Ele se sentia o astro-rei, o protagonista da história, o presidente que ia acabar com a inflação com um único tiro. Ele era o cara e tinha certeza disso, tanto é que disse, em outro momento, que “eu tenho aquilo roxo”.


E Severino Cavalcanti, o rei do baixo clero, que confessou, quando deixou a Câmara dos deputados, que havia empobrecido com a política. Coitado, ficou tão pobrezinho que teve que ir assaltar os cofres da prefeitura de sua cidade. O governador do Ceará, Cid Gomes, disse em 2011 que o "professor deve trabalhar por amor não por dinheiro". Eis a frase autoexplicativa. O que mais dizer diante de um cinismo sem limites desse? Mas, Cid Gomes não fez nada de mais. Apenas deixou escapar o que a maioria dos governantes pensam sobre os professores da rede público de ensino.


Política com longo histórico em termos de frases é Martha Suplicy, aquela mesma do “relaxa e goza”. Outro dia, Martha disse que “se o horário oficial é o de Brasília, por que a gente tem que trabalhar na segunda e na sexta?”. Exato. Porque, Martha Suplicy, você tem que trabalhar tanto? Podia só trabalhar uma vez por semana e depois ficar só ... relaxando. Para finalizar tem um clássico da fraseologia política brasileira. Rogério Magri, que era ministro de Collor, foi flagrado levando seu cão de estimação a um veterinário num carro oficial e deu a seguinte explicação: “mas, cachorro também é gente”.


 Que o caro ouvinte não pense que eu estou apenas fazendo graça. Na verdade, estou demonstrando que por trás das gracinhas de nossos políticos estam as verdades que eles tanto acreditam.


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