Ontem, eu analisei o papel que o “Blocão” vem desempenhando na política
paraibana e chamei a junção de PT, PP e PSC de “condomínio partidário”. Algumas
pessoas não gostaram de eu ter dito que uma candidatura própria contestaria a
natureza do “Blocão”. Eu, ainda, afirmei que o “Blocão” não é dono de suas
vontades e que seu oxigênio vem do projeto eleitoral do PT nacional.
Um ouvinte me contestou dizendo que o “Blocão” tem autonomia
suficiente para lançar candidatura própria e que torce por isso. Eu devo dizer,
também, que torço para que surjam alternativas, de modo que o eleitor não fique
preso às bipolaridades eleitorais de sempre. Mas, a realidade política é sempre
bem mais complexa do que queremos e gostamos. Nas últimas 72 horas atores
políticos relevantes tem se movimentado intensamente pelo cenário onde os
palanques serão montados em 2014. A deputada estadual, pelo PP, Daniella
Ribeiro disse que o “Blocão” terá candidatura própria, forte e competitiva.
Ela disse acreditar que o
cenário das eleições municipais se repetiria nas eleições estaduais. Daniella
se referia à aliança que PT e PP realizaram e que, por exemplo, elegeu Luciano
Cartaxo prefeito de João Pessoa. Mas, o presidente estadual do PP, e pai da
deputada Daniella, desautorizou sua filha e disse que seu outro filho, Ministro
Aguinaldo Ribeiro, não será candidato nem a Senador, como quer a presidente
Dilma, e nem a governador, como querem os deputados que compõem o “Blocão”.
Enivaldo Ribeiro falou na qualidade de presidente e cacique de seu
partido, além de chefe de uma família influente nas coisas da política
paraibana. Mas, o que verdadeiramente o autoriza a falar é o fato de ser pai do
Ministro e da deputada. De posse de todos esses predicados, o ex-deputado
vaticinou que Aguinaldo Ribeiro será candidato a deputado federal para estar no
cenário nacional em 2015, apto para voltar ao Ministério das Cidades se Dilma
for reeleita, claro. Enivaldo Ribeiro disse que “essa não é uma decisão do
partido, e sim uma opinião pessoal”.
Mas, não duvidem, será isso mesmo que vai acontecer, pois, no Brasil,
a opinião de hoje do cacique político é a decisão partidária de amanhã. A
família Ribeiro, e o PP, não querem abrir mão do Ministério das Cidades, por
isso que o “Blocão” é e continuará sendo um instrumento para viabilizar esses
interesses, independente do queriam alguns deputados, inclusive a própria
Daniella Ribeiro.
O PT, claro, apoiou tal decisão, pois tudo gira em torno da
reeleição de Dilma Rousseff e o clã dos Ribeiro é, hoje, o principal cabo
eleitoral da presidente na Paraíba. Quem não gostou nem um pouco dessa história
do “Blocão” ter candidatura própria foi o PMDB. O ex-prefeito Veneziano Vital
foi logo dizendo que só existe uma candidatura, a dele, no campo das oposições
ao governo de Ricardo Coutinho. Ele disse que, por causa da questão nacional,
PT e PP tem que apoiar a candidatura do PMDB ao governo estadual.
Veneziano disse, ainda, que
o PP deveria parar de especular e lançar uma candidatura. Mas, papai Enivaldo
veio logo em defesa de sua filha, sendo duro com o ex-prefeito de Campina
Grande. Nessas horas, os laços sanguíneos falam sempre mais alto. Ele disse que
“Veneziano deve cuidar do PMDB, não impor candidatura para o lado de cá e
convencer o povo de Campina que não quer mais votar nele”. O fato é que eles discutiram
por nada, pois bem sabem que o “Blocão” não lançará candidatura.
O ex-governador José
Maranhão anunciou que será candidato a deputado federal e disse que até faria
um esforço para disputar uma eleição majoritária, mas que percebeu que “devo me
sacrificar em nome do meu partido”. Vejam que atitude magnânima! Mas, existem
outras questões. Maranhão
entendeu que não tem mais forças políticas suficientes para disputar o governo
do estado ou uma cadeira no senado. Entendeu, também, que disputar contra
lideranças bem mais jovens do que ele exigiria uma energia que ele parece não ter
mais.
E, como sempre, tem a questão familiar. É que,
no Brasil, os interesses familiares se sobrepujam aos interesses republicanos. O
fato é que Maranhão ainda não digeriu que seu sobrinho, Benjamim, tenha saído
do PMDB para se filiar ao Solidariedade. Se Benjamim não tivesse fugido da
órbita político de seu tio, ele o apoiaria, mas Maranhão se sentiu traído por seu
sucessor político e agora parece querer vingança. São coisas da família que
podem ser resolvidas num almoço de domingo lá em Araruna.
PT e PMDB
estam em pé de guerra na Paraíba. O deputado Anísio Maia disse que o PMDB está
em processo de decadência. Trócolli Júnior rebateu dizendo que “Maia vai ter
que engolir essas declarações infelizes”. Essa briga é a de sempre. Os partidos
são aliados, mas se enfrentam para ver quem terá mais espaço nos palanques. PT
e PMDB não pensam em desfazer a aliança que possuem na Paraíba, até porque Lula
e Michel Temer não deixariam isso acontecer por nada desse mundo.
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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