O noticiário político desses dias
está de amargar. As notícias giram em torno do fato que os partidos políticos
têm até o próximo sábado, dia 05, para filiarem políticos e torna-los aptos a uma
candidatura em 2014. Uma notícia diz que os partidos montaram balcões para
negociar filiações. Outra que o novíssimo Partido Republicano da Ordem Social
(PROS) montou um quiosque, no Salão Verde da Câmara dos Deputados, para filiar
30 parlamentares.
Uma terceira
notícia afirma que o “Partido Solidariedade”, mal saído da maternidade do TSE,
aguarda a filiação de nada menos do que 20 deputados federais. Sua sigla é SDD,
muito parecida com uma antiga marca de sabão em pó. Aliás, esse Partido
Solidariedade não tem nada haver com aquele que surgiu na Polônia na década de
70 e que lutou contra a ditadura totalitária do Partido Comunista. Aliás, eu
gostaria de saber a que ou a quem ele é solidário?
Vi o presidente
Nacional do PROS, Eurípedes Júnior, todo faceiro na televisão por ter
conseguido tirar o governado do Ceará, Cid Gomes, do PSD e leva-lo para sua
agremiação que tem um nome no mínimo contraditório. Se vivemos em um sistema
republicano é de se esperar que suas instituições sejam igualmente
republicanas. Partindo do pressuposto que todas republicanas, não precisa ficar
reafirmando isso na nomenclatura do próprio partido. Eu confesso que não
entendi bem esse negócio de ordem social. Lembrou-me o lema fascista dos
integralistas lá da década de 30 do século XX. Mas, estranho mesmo é o fato do
PROS e do Solidariedade já estarem registrados e fazendo a captação de
políticos e de verbas públicas, enquanto que o REDE Sustentabilidade de Marina
Silva patina pelos corredores do TSE. Mas, esse é assunto de outro POLITICANDO.
O fato é que partidos novos ou
velhos, não importa, foram à luta, ou melhor, foram às compras, literalmente,
diga-se de passagem. Não é de hoje que partidos montam seus quiosques, com
lindas mulheres que se encarregam de pegar os deputados pelo braço. Os partidos
se prepararam para essa janela de filiação com campanhas publicitárias agressivas
para divulgarem suas marcas. Em Pernambuco, o Partido Trabalhista Cristão
espalhou outdoors que perguntavam: “Quer
ser deputado? Com a gente você tem mais chance!”. Mais parecia propaganda de cursinho
pré-vestibular: “Venha estudar conosco e
garanta seu futuro”. Aqui na Paraíba, o Partido Social Liberal fez a mesma
coisa. Em seu outdoor pode-se ler: “Quer
ser deputado? Filie-se ao PSL. Aqui você tem mais chances!”.
Simples assim.
Na cara dura, os partidos passaram a se oferecer tal qual fazem as prostitutas
pelas ruas de qualquer cidade. Mas, não é só isso. Os partidos prometem mundos
e fundos para atrair os deputados. Segundo a Folha de São Paulo, a mudança de sigla pode render algo em
torno de R$ 3.50 por cada voto recebido pelo parlamentar. Funciona assim.
Digamos que o deputado Fulano de Tal tenha sido eleito pelo Partido X com 50
mil votos. O Partido Y resolve comprar o passe do deputado Fulano de Tal. Para
isso terá que lhe pagar R$ 175.000 mil. É só fazer as contas. Se o deputado
teve 50 mil votos e cada voto custa R$ 3.50, então ele deve receber exatos R$
175.000 mil. O fato é que o voto do eleitor vale a diminuta quantia de R$ 3.50.
E é fato, também, que nesse processo todo o eleitor vale tanto quanto uma
banana apodrecida num final de feira.
O caro ouvinte acha isso uma esculhambação? Tem mais. O PROS, o
Solidariedade e vários outros partidos oferecem um pacote de ofertas. A mais
atraente é a que entrega ao parlamentar o comando político da sigla, que o está
comprando, no estado onde ele tem sua base eleitoral. Aqui, tem até uma venda
casada. Pois o deputado ganha, também, o direito de participar do rateio do
Fundo Partidário. O caro ouvinte sabe quanto é que partidos novatos como PROS,
PEN e Solidariedade ganharão por ano no rateio do fundo partidário? Eles terão
algo em torno de R$ 30 milhões! E isso sem terem tido um voto sequer nas
eleições de 2010.
Não custa lembrar que quanto mais votos o deputado, que está sendo
colocado no carrinho de compras do partido, tenha tido em 2010 mais cotas de
participação ele terá no fundo partidário. O deputado federal, Ademir Castilho,
disse que está deixando o PSD para assumir o comando do PROS em Minas. Numa
ataque de sinceridade, disse “levo 72 mil
votos para o PROS, tenho direito a receber 60% do rateio do fundo referentes a
esses 72 mil votos”.
O mais interessante
é que existe um complexo regimento informal para o troca-troca partidário, que partidos
e políticos não ousam desrespeitar. Parece coisa da Máfia italiana que acordava
tudo em segredo e depois fazia um pacto de sangue. Antes a infidelidade
partidária era generalizada. Os políticos podiam mudar de partidos a qualquer
momento. Criou-se a janela de filiação partidária. Um ano antes das eleições,
os políticos tem um prazo para mudarem de agremiação. A ideia era boa. O problema é que os políticos
ficaram com pouco tempo para organizarem suas idas e vindas partidárias. Daí,
convencionaram que um ano antes de cada eleição eles organizariam uma grande
feira para se oferecerem aos partidos. E ainda há quem diga que nossa
democracia é sólida e que está consolidada. VIVA A DEMOCRACIA!
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A
CAMPINA FM.
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