terça-feira, 1 de outubro de 2013

O FATOR CÁSSIO.








Na pequena e heroica Paraíba, quando o assunto é eleição, só se fala em quem poderá ser candidato. Nesta seara, a única certeza que se pode ter é que o governador Ricardo Coutinho será candidato à reeleição. No mais, sobram dúvidas e incertezas. A mãe de todas elas é se o senador Cássio Cunha Lima será ou não candidato ao governo do Estado. Essa é a questão que vai pautar o processo eleitoral de 2014. E o senador Cássio sabe tão bem disso que, claro, não pretende se revelar nem tão cedo.



Ele insiste em dizer que “só no momento próprio discutiremos sobre 2014”. Ele evita ser taxativo. Não diz que será candidato, em que pese não negar quando questionado. Ele tem repetido que “... o PSDB tem condição de lançar nomes para todos os cargos”. O que Cássio está querendo dizer é que seu partido poderá lançar candidato a governador que, claro, seria ele próprio. Assim, os cálculos estam sendo feitos a partir das imposições do fator Cássio, pois ele é o elemento com maior peso no processo.



Se Cássio não for candidato o cenário se define. Ricardo sai candidato com boas chances de se reeleger, tendo o “blocão” como provável adversário direito, desde que algum dos deputados estaduais da oposição resolva sacrificar uma quase certa reeleição. O “blocão” é formado por PT, PEN e PP. Para estes partidos seria bom lançar a candidatura de Aguinaldo Ribeiro. Mas, o Ministro das Cidades deve ser candidato a deputado federal e trabalhar alucinadamente para reeleger Dilma e assim manter seu invejável cargo de ministro forte da presidência da República.



Mas, o que acontece se Cássio Cunha Lima deixa sua confortável cadeira de Senador para se lançar numa disputa como nunca se viu na Paraíba? Os cenários políticos se alteram. Ricardo Coutinho passaria a ter um adversário de peso, muito peso. A primeira questão é que Cássio Cunha Lima só poderá sair candidato a governador se o inevitável rompimento político com Ricardo Coutinho acontecer até o São João de 2014, que é quando os partidos fazem suas convenções.


Digo inevitável, porque até os pombos da Praça da Bandeira sabem que a aliança entre o PSB de Ricardo e o PSDB de Cássio é como nossa água potável, ela vai acabar, só não se sabe bem quando. O que precisamos refletir é o que ganham, e o que perdem, Ricardo e Cássio se resolverem acabar com essa aliança em 2014. Nas condições de hoje, eu não sei bem o que eles ganham, mas sei que os dois têm muito a perder.

 


Ricardo ainda precisa dos votos de Cássio para se reeleger. Campina Grande, o 2º maior colégio eleitoral da Paraíba, onde as eleições para governador se resolvem, não deve chancelar o nome de Ricardo sem o aval de Cássio. Cássio demonstra desenvoltura impar na atividade parlamentar e sua proximidade com o senador Aécio Neves pode leva-lo a atuar no cenário eleitoral nacional de 2014. O senador mineiro já disse que o quer na coordenação de sua campanha. Cássio poderia desemprenhar um importante papel numa possível aliança entre o Aécio Neves e o governador de Pernambuco Eduardo Campos. Mas, para isso os ânimos entre tucanos e socialistas paraibanos teriam que estar apaziguados.



Cássio Cunha Lima poderá voltar a enfrentar a ira do presidente do STF, Joaquim Barbosa, se quiser ser candidato a governador. Explico. Ainda não está claro se Cássio é ou não ficha suja, i.e., se ele pode ou não ser candidato. Ricardo terá que ter uma tropa de choque afiada, já que ele não é dos mais habilidosos no trato com as lideranças dos rincões da Paraíba. Ricardo se revelou um bom administrador, mas isso não é o bastante para ganhar uma eleição tão complexa.



Muito se diz que ajuda quem pouco atrapalha. Não ter a oposição de Cássio, e seu grupo, já é algo notável. Pragmaticamente, eles devem seguir entre tapas e beijos até que um não mais sirva para o outro. A água dessa aliança só deve acabar lá por volta de 2017. Cássio Cunha Lima aventa, sim, a possibilidade de ser candidato, mas não descuidada da aliança, por isso quer uma redistribuição dos cargos na chapa majoritária para 2014. Ele quer que seu irmão, vice-prefeito de Campina Ronaldo Fº, seja o vice de Ricardo. Quer, também, que o vice-governador, Rômulo Gouveia, concorra a única e preciosa vaga para o Senado Federal. Rômulo também deseja isso, diga-se de passagem. Mas, Ricardo ficaria emparedado, seu poder de barganha diminuiria.



Não é a toa que ele busca outras lideranças para reequilibrar o jogo em que se transformou a complexa aliança que lidera. É por isso que o ex-senador Wilson Santiago, por exemplo, vem sendo cortejado tal qual uma noiva virginal. Ricardo admite ter ao seu lado quem quer que seja, desde que não lhe faça sombra. É que ele segue fiel à tese do girassol, onde ele seria o sol e não a flor que gira em torno do astro-rei. O fato, é que na política sempre existem mais caciques do que índios. A aliança que governa a Paraíba ainda se abriga sob um teto forte, mas isso não significa que esse teto possa continuar a abrigar tantos caciques por tanto tempo. As alianças políticas são como os casamentos, onde um dia a casa cai.




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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.




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