Houve um tempo em que a
aliança entre o homem e a mulher só seria um contrato vinculativo quando
houvesse o ato carnal que a consumasse. No jogo eleitoral também é assim.
Alianças entre partidos e atores políticas devem ser consumadas e render
frutos. É que discursos e juras de amor não convencem o eleitor e não rendem
votos. A aliança entre a Rede Sustentabilidade de Marina Silva e o PSB de
Eduardo Campos foi festivamente proclamada no dia 05, mas ainda não foi
consumada, se é que vai.
Quando do anuncio da
aliança, recomendei aos mais ansiosos por mudanças em nossa política partidária
que caldo de galinha, cautela e chocolate não fazem mal a ninguém. Disse que
era cedo para se comemorar e que devíamos deixar passar algum tempo. Só foi
preciso uma única semana para que a aliança Marina/Eduardo entrasse em crise.
No sábado estavam juntos em Brasília fazendo juras de amor um ao outro. Na
segunda já discutiam a relação como se juntos estivessem há muito tempo.
O problema é que a aliança de Marina e
Eduardo foi fruto de uma paixão de outono e não de uma relação que foi
evoluindo com o tempo. Marina disse sim a Eduardo para ter uma sigla, já que o
TSE negou-lhe o registro da REDE como partido. Eduardo disse sim a Marina por
puro pragmatismo e para dar uma demonstração de força e sagacidade política
para àqueles que vinham duvidando de sua capacidade como articulador político.
Quando Eduardo disse, no fatídico ato do dia 05, que “essa aliança causou um terremoto na
política” tinha estampado no rosto um largo sorriso. Ele se divertia, pois
acabara de conseguir o que muitos desejavam e a tanto tempo. Marina também
sorria, mas não tripudiava, como Eduardo, pois isso não faz parte de seu
estilo. Havia, sim, a ironia da
situação. O que Marina estava dizendo é que mesmo com as tentativas para
impedi-la de ser candidata ela estava ali firme e forte. Firme sim, forte nem
tanto, pois a aliança que ali se anunciava começava prejudicada, pois dois
candidatos a presidente se união. Todos perguntavam quem seria o vice na chapa.
Marina e Eduardo desconversavam.
Eduardo disse que: “Vamos
tomar uma decisão sobre a chapa. Não haverá problemas entre PSB e REDE no que
tange a essa questão, isso é algo tranquilo entre nós”. Marina riu e
emendou: “Faço minhas as palavras do
governador Eduardo”. No domingo, dia 06, Marina deu uma longa entrevista à
Folha de São Paulo e foi enfática: “Tanto
eu como o governador Eduardo somos possibilidades para 2014”. Ela se negou
a responder se sua postulação a presidente estava sendo descartada.
Marina lembrou que tem aparecido com algo em torno de 25
pontos percentuais nas pesquisas enquanto que Eduardo fica sempre abaixo dos 8
pontos. Disse ainda que a decisão de quem será candidato deve ser tomada bem
mais adiante. Ela estava dizendo que se bem mais adiante Eduardo não tiver
decolado nas pesquisas vai ter que retirar sua candidatura para apoiá-la.
Eduardo não gostou nada dessa declaração e mandou sua tropa de choque reagir.
O secretário-geral do PSB, Carlos Siqueira, bateu forte: “Não tem isso de discutir lá na frente, pois
a candidatura posta é a de Eduardo Campos. Este é o nome que vai aparecer na
urna como candidato a presidente pelo PSB”. Marina conciliou e disse que
eles estam mais preocupados com a tal “aliança programática” que ela
tanto fala. Mas, não parece ser isso, pois ela já cometeu por duas vezes o ato
falho de se referir a uma aliança pragmática, ou invés de programática.
Dificilmente Marina e Eduardo
conseguirão consumar essa aliança, já que se uniram para disputar o mesmo
posto. E, como se sabe, dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço. Isso vale
tanto na física, quanto na política eleitoral. Marina e Eduardo entraram numa
encruzilhada. Um só pode ser candidato a presidente se o outro desistir. Marina
só é candidata se o PSB lhe der a legenda. Eduardo só é candidato se alcançar
Marina nas pesquisas. Vão terminar ficando sem alternativas. Terminarão
montando um chapa onde um fala grego e o outro mandarim. Quem vai ganhar com
isso? A situação, claro. O Datafolha atestou que quem mais ganha com uma
desistência ou fracasso de Marina é Dilma Rousseff.
Será que essa união se consumará? Será que vai
gerar frutos? Marina prega nova forma de fazer política e até criou a REDE para
ser diferente de todos os outros partidos. Apesar do choque de realidade
política que tomou nos últimos dias. Eduardo fala em combater o status quo com novas práticas. Seu governo é apoiado por 14 partidos. Ele se alia
com o suprassumo do status quo. Para
citar alguns, Heráclito Fortes e Jorge Bornhausen, do DEM, e Severino
Cavalcanti do PP de Paulo Maluf.
Vendo Marina e
Eduardo lavando roupa suja após se aliarem fico duvidando se esse casamento vai
se consumar. A não a ser que eles assumam que estam um dando o golpe do baú no
outro e que vão viver sob o mesmo teto até que a morte política os separe.
Você tem algo a dizer sobre essa COLUNA ou quer sugerir uma pauta? gilbergues@gmail.com
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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