Em Hamlet, tragédia
do dramaturgo William Shakespeare, um príncipe tenta vingar a morte de seu pai.
A peça trata de vingança, corrupção, violência e moralidade. Num certo momento,
Hamlet diz a famosa frase: “Há algo de
podre no reino da Dinamarca”. Shakespeare escreveu Hamlet entre 1599 e
1601, mas ele trata de coisas que vivenciamos em nossa realidade. Eu não diria
que tem algo de podre no reino da Paraíba, mas existem coisas que não se
explicam ou que soam de forma estranha.
Na semana passada, ficamos
sabendo que Campina Grande e João Pessoa estam entre as 50 cidades mais
violentas do mundo. Em dezembro o Ministério da Justiça revelou que a Polícia
Militar da Paraíba é a mais bem avaliada de todo o Brasil. Se a nossa polícia é
tão boa, tão bem avaliada pelos paraibanos, porque as duas principais cidades
da Paraíba estam frequentando esse ranking nada honroso? Se Hamlet visitasse a
Paraíba diria que há algo de podre nesse pequeno reino.
Vamos entender a
questão. A ONG mexicana Conselho Cidadão
para a Segurança Pública e Justiça Penal divulgou pesquisa com as 50
cidades mais violentas do mundo em 2013. Na lista só aparecem cidades com mais
de 300 mil habitantes. Dessas 50 cidades, 16 são brasileiras e 09 são do Nordeste.
A única capital nordestina não relacionada foi Teresina e Campina Grande é a
única cidade do interior do Nordeste a figurar neste rol. Vejam que somos
grandes até quando o assunto é violência. Como a função principal do
POLITICANDO é analisar os fatos de nossa realidade e para não incorrer no erro
do governo, que contestou os dados da pesquisa da ONG mexicana sem nem bem
conhece-los de perto, eu fui ao site da ONG e busquei outras informações.
Eu vi, por exemplo, que a ONG Conselho do Cidadão descobriu que
sociedades que não fazem restrições, para que seus cidadãos adquiram armas, não
são as mais violentas do mundo. O melhor exemplo vem dos Estados Unidos da América.
A ONG afirma que são os países, como o Brasil, que desenvolvem políticas de restrição
às armas de fogo, que apresentam os maiores índices de violência. Por favor,
não se surpreenda com esse dado, pois ele explica muito de nossa realidade. Sociedades
democráticas são menos falso moralistas do que sociedades, como a nossa, que
fingem que controlam o uso e venda de armas de fogo. Nos EUA é mais fácil saber
a origem de armas usadas em crimes, pois existe um real controle sobre a venda
delas.
A questão é que nos EUA é bem mais fácil comprar uma arma num
estabelecimento comercial do que no submundo criminoso. No Brasil, a burocracia
para se comprar uma arma é monstruosa, daí as pessoas preferirem o mercado
ilegal para adquirir armas. Em Campina Grande, por exemplo, onde é mais fácil
comprar uma arma? Num loja especializada, que emite nota fiscal da compra de um
revolver, ou na Feira da Prata, onde se pode comprar vários tipos de armas sem
nenhum tipo de burocracia?
A ONG Conselho do Cidadão afirma que o desarmamento não detém os
delinquentes, pois eles podem adquirir armas pela via ilegal. A ONG diz aquilo
que já sabemos: as proibições só desarmam os inocentes, deixando-os mais
vulneráveis aos criminosos. Assim, o Brasil aparece em 13º na pesquisa da ONG
mexicana, com uma taxa de quase 30 homicídios por 100 mil habitantes. E que não
se diga que os mexicanos estam nos perseguindo, pois o México aparece em 9º
lugar na mesma pesquisa.
No ranking das 50 cidades mais violentas do mundo, Recife está em
30º lugar e Maceió no 6º lugar. A capital alagoana teve 86 assassinatos por 100
mil habitantes em 2013. João Pessoa ficou em 10º com seus mais de 515
homicídios em 2013. Ela é seguida por Manaus, Fortaleza, Salvador, Vitória, São
Luís, Belém e por aí vai. Essa informação põe por terra a ideia de que uma
cidade precisa ser grande, e com mais de um milhão de habitantes, para poder
ser violenta. Campina Grande fez por merecer o título de 9º cidade mais
violenta do Brasil por causa dos 184 homicídios do ano passado. O fato é que,
em Campina Grande, temos em grande quantidade as maiores causas para a
violência.
A ONG mexicana apontou
como causas para o crescimento da violência o tráfico de drogas, a atuação de grupos
de criminosos e a impunidade. A solução para a violência consistiria em duas ações.
Uma, seria o combate à impunidade. E a Outra seria a ação policial para se prevenir
crimes. A questão não é se nossa polícia combate ou não o crime. A questão é a
forma como ela combate. As estratégias parecem equivocadas, do contrário não
estaríamos nessa posição.
O crime organizado
se instalou em nossa cidade porque encontrou pouca resistência. Os criminosos
procuram sempre as facilidades, eles não gostam de dificuldades. Definitivamente
a melhor estratégia para se combater a crescente criminalidade não é tentar
desacreditar pesquisas sérias e bem feitas como a da ONG mexicana.
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário