quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

TRATE MAL O TURISTA E ELE JAMAIS VOLTARÁ.




Estamos em período de férias do ano em que vamos ter a Copa da FIFA. Isso deveria mudar a forma de lidarmos com a exploração do turismo. Na verdade, teríamos que ter tornado o turismo a nossa principal atividade econômica neste ano de 2014. Já que agora não tem mais jeito, pois estamos gastando o que temos e o que não temos para construir essas arenas suntuosas, deveríamos pelo menos pensar em como fazer para tirar algum lucro disso, através do turismo. É que o lucro de um país que sedia a Copa da FIFA pode se garantir pela exploração do turismo. Eu digo pode se garantir se o país sede souber se preparar para receber pessoas das mais variadas partes do mundo e esse não parece se o caso do Brasil.


Países que sediaram uma Copa da FIFA não cobriram suas despesas com o lucro que obtiveram com o turismo. Em 2006, os alemães até exploraram bem o turismo. Mas, eles não puderam cobrir seus gastos com o que ganharam com essa atividade. Apesar de que o governo da Alemanha definiu que o mais importante não era o lucro e sim a promoção do povo alemão. Houve um trabalho intenso para que os alemães soubessem receber bem os turistas. A ideia era que o turista pudesse levar de volta para seu país uma boa impressão do povo alemão e de sua organização social. Os alemães não ganharam muito dinheiro com a Copa, mas souberam ter outros tipos de dividendos através dela. Foi com a Copa que o povo germânico pode mostrar para o mundo que aquele passado nazista ficou para trás. Aquela Copa permitiu que o alemão olhasse o mundo de frente, com a cabeça erguida, sem se sentir culpado pelo vergonhoso passado que teve.


Nós bem que poderíamos usar essa Copa da FIFA para mudar a imagem que projetamos no mundo por anos a fio. Se déssemos um show de organização poderíamos nos livrar da imagem do brasileiro malandro que sempre age na base do jeitinho brasileiro. Mas, esse legado nós não teremos. Com essa mórbida sacanagem que lastreia a montagem da Copa, o mundo continuará a nos ver como um bando macunaímas festivos e sem caráter. O Turismo poderia ser nossa válvula de escape. Mas, esqueçamos isso também.


Da forma descompromissada e irresponsável como lidamos com o turismo em um período de férias como este, já se percebe que não vamos ter lucro com o turismo nem na Copa da FIFA e muito menos nas Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. Vejo notícias de turistas enfrentando problemas nos aeroporto e nas rodoviárias, com atrasos nas chegadas e partidas de suas viagens. Vi turistas sem ter hotel para dormir porque as reservas que fizeram não foram confirmadas. Já vimos muito turistas reclamando de como são explorados, eu diria extorquidos, por prestadores de serviços de todos os tipos. São famosas as histórias de taxistas que prolongam os percursos para obterem mais lucro de seus clientes estrangeiros.


E o que dizer da forma malandra que usamos para arrancar dinheiro do turista quando este nos pede uma simples informação? Na Bahia, em Pernambuco, no Rio de Janeiro, para citar alguns casos, o modus operandis é usar da esperteza para lidar com o turista. É que nós agimos como se a principal atração turística em nosso país não fossem nossos famosos pontos turísticos e sim o nosso jeitinho de procurar tirar vantagem em tudo. Nós seguimos pensando que o turista vem aqui para aprender como ser esperto.


Eu não sou turista, e não estou ajo como tal, mas, observo como numa cidade como João Pessoa não se tem a menor ideia de como se deve tratar o turista. Aqui, em João Pessoa, se fala o tempo todo de uma suposta vocação para o turismo. Mas, é interessante ver como a cidade não está minimamente preparada para receber um turista não importando de onde ele venha. Salta aos olhos o despreparo e o descompromisso dos que querem sobreviver explorando a atividade turística.

 


Os bares e restaurantes, as praias e hotéis, os pontos turísticos e os locais de eventos estam sempre lotados, mas os prestadores de serviço agem como se não quisessem receber o turista. É como se ele não tivesse nada a oferecer. Em um supermercado três funcionários se recusaram a me informar onde encontrar um garrafão de água mineral. Em um restaurante o garçom me deu a seguinte resposta quando eu lhe perguntei se tinha caranguejos: “infelizmente tem, sim senhor”. Os prestadores de serviço não querem dar qualquer tipo de informação, estam sempre mau humorados e indispostos a atender. O gerente de um restaurante me disse que o problema se deve a grande quantidade de turistas na cidade.


Mas, já não se sabe com antecedência que os turistas vão chegar em grande quantidade? Porque não se preparar para recebê-los? Porque não contratar mais pessoas e treina-las para que possam prestar um serviço de qualidade? Afinal, quando é que vamos entender que essa pessoa que vem de fora é um cidadão dotado de capacidade de reflexão e que vai levar suas péssimas impressões de volta para o lugar de onde veio?


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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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