No primeiro
POLITICANDO de 2014, eu vou falar dessa grande roubada que nós nos metemos. A
Copa do Mundo vai nos ocupar até quase o final de Julho. Até lá nos
preocuparemos com o evento e com as chances da Seleção Brasileira ganhar o
torneio. Depois da Copa teremos as eleições. Se o Brasil for campeão, governantes
candidatos à reeleição terão muito que comemorar. Do contrário, pode ser que algum
candidato da oposição lembre-se do fabuloso prejuízo que estamos levando. Agora
não tem mais jeito, a Copa, que não é do mundo e sim FIFA, vai mesmo acontecer.
Resta-nos nunca esquecermos que os tais legados econômicos e sociais foram
usados para nos convencer das vantagens de sediar o show do Sr. Joseph Blatter.
Um estudo coordenado pelo professor Stefan Szymanski, do Departamento
de Economia do Esporte da Universidade de Michigan, nos EUA, faz ruir o castelo
de areia que o governo federal e a CBF montaram. O professor Szymanski analisou
dados do Produto Interno Bruto das 20 maiores economias do mundo entre 1972 e
2002. Alguns desses países sediaram uma Copa ou uma Olimpíada neste período. A
pesquisa quis saber o óbvio. Investigou-se se com a realização de um desses
eventos o país sede apresentou uma tendência de crescimento do PIB. Dito de
outra forma, a pesquisa quis ver se há mesmo alguma vantagem econômica para um
país ao sediar um evento como a Copa da FIFA.
As conclusões são as que nós já esperávamos. A realização de uma
Copa não garante crescimento econômico ao país que a recebe. Não existem
garantias que os bilhões de dólares investidos pelo poder público retornarão
para a sociedade na forma de legados. Essa pesquisa se junta a outras que
investigam os impactos dos últimos mundiais de futebol nas economias dos países
sede. O fato é que a relação custo benefício de um mundial da FIFA é
desvantajosa para o país que o recebe. O professor Szymanski mostra que a festa
gerada pelos jogos não incrementa a economia do país sede. O lucro vem do
aumento pontual do turismo. As Copas da FIFA realizadas na França, Alemanha,
Coréia do Sul/Japão e África do Sul mostram isso.
O lucro desses países se restringiu as divisas trazidas pelo grande
número de turistas que os visitaram na época da Copa da FIFA. E esse lucro não
deu, nem de longe, para cobrir os suntuosos gastos que eles tiveram para montarem
o evento. O governo alemão tenta até hoje reaver, junto a FIFA, parte dos
lucros gerados pela Copa de 2006. E vai continuar tentando até o fim dos dias,
pois esse estado de coisas é todo garantido pelos contratos. Quem mandou
assiná-los? No entanto, o mundial é um negócio com retorno financeiro garantido
para a FIFA e seus patrocinadores. O problema é que uma reduzida parte desse lucro
é investida de volta no país sede que, claro, termina gastando bilhões para
receber o evento.
É bom lembrar que
todo o custo da montagem da infraestrutura para o evento é de total responsabilidade
dos governos locais. Isso, claro, é definido nos contratos que o país sede
assina com a FIFA. E com o Brasil não é diferente. A pergunta de 1 bilhão de
dólares é: se o país sede fatalmente terá prejuízos com a Copa da FIFA, porque
tantas nações brigam para sediarem esse evento das mil e uma noites? Elementar,
meu caro ouvinte, estamos falando de negócios, não de questões sociais.
O estudo mostra,
ainda, que a tal promessa, feita pelo governo federal, de melhorias da
infraestrutura de nosso país é uma falácia. Os pesquisadores descobriram que a
Copa da FIFA provoca um impacto negativo no PIB do país sede. Eles viram o PIB
dos países sede decaindo principalmente no ano seguinte ao evento. Ou seja, em
2014 teremos uma grande festa em nosso país promovida pela FIFA. Em 2015
teremos uma grande ressaca, pois o PIB vai cair mais ainda. No mundial de 2010,
o governo da África do Sul esperava um crescimento econômico de 1.0% no PIB.
Isso não aconteceu. Pior, o PIB da África do Sul não parou de cair em 2011 e
2012. Claro, os países em desenvolvimento sofrem mais ainda com essa situação.
O fato é que o mundial da FIFA se tornou um evento tão fabulosamente
caro que não se pode garantir um lucro acima do que se investiu. Daí que alguém
tem que perder e não me consta que a FIFA esteja disposta a isso. Quem perde?
Nós que pagamos a conta. A Copa da FIFA no Brasil está chegando ao estágio da
insolvência. O governo está ficando sem meios ou condições para pagar aquilo
que deve. Mas, ele pode dever, pois a dívida vai ser colocar nas contas
públicas, gerando déficit, quedo do PIB, etc, etc, etc.
E se você
estiver achando ruim que vá reclamar ao Papa, que por sinal adora futebol. Mas,
como ele é argentino não vai querer nos ajudar a não ser que agente deixe a
seleção argentina ser campeã no Brasil. Mas, aí já é querer demais.
Você tem algo a dizer sobre essa COLUNA ou quer sugerir uma pauta? gilbergues@gmail.com
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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