quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

COPA DO MUNDO: UMA GRANDE ROUBADA.


No primeiro POLITICANDO de 2014, eu vou falar dessa grande roubada que nós nos metemos. A Copa do Mundo vai nos ocupar até quase o final de Julho. Até lá nos preocuparemos com o evento e com as chances da Seleção Brasileira ganhar o torneio. Depois da Copa teremos as eleições. Se o Brasil for campeão, governantes candidatos à reeleição terão muito que comemorar. Do contrário, pode ser que algum candidato da oposição lembre-se do fabuloso prejuízo que estamos levando. Agora não tem mais jeito, a Copa, que não é do mundo e sim FIFA, vai mesmo acontecer. Resta-nos nunca esquecermos que os tais legados econômicos e sociais foram usados para nos convencer das vantagens de sediar o show do Sr. Joseph Blatter.

Um estudo coordenado pelo professor Stefan Szymanski, do Departamento de Economia do Esporte da Universidade de Michigan, nos EUA, faz ruir o castelo de areia que o governo federal e a CBF montaram. O professor Szymanski analisou dados do Produto Interno Bruto das 20 maiores economias do mundo entre 1972 e 2002. Alguns desses países sediaram uma Copa ou uma Olimpíada neste período. A pesquisa quis saber o óbvio. Investigou-se se com a realização de um desses eventos o país sede apresentou uma tendência de crescimento do PIB. Dito de outra forma, a pesquisa quis ver se há mesmo alguma vantagem econômica para um país ao sediar um evento como a Copa da FIFA.

As conclusões são as que nós já esperávamos. A realização de uma Copa não garante crescimento econômico ao país que a recebe. Não existem garantias que os bilhões de dólares investidos pelo poder público retornarão para a sociedade na forma de legados. Essa pesquisa se junta a outras que investigam os impactos dos últimos mundiais de futebol nas economias dos países sede. O fato é que a relação custo benefício de um mundial da FIFA é desvantajosa para o país que o recebe. O professor Szymanski mostra que a festa gerada pelos jogos não incrementa a economia do país sede. O lucro vem do aumento pontual do turismo. As Copas da FIFA realizadas na França, Alemanha, Coréia do Sul/Japão e África do Sul mostram isso.

O lucro desses países se restringiu as divisas trazidas pelo grande número de turistas que os visitaram na época da Copa da FIFA. E esse lucro não deu, nem de longe, para cobrir os suntuosos gastos que eles tiveram para montarem o evento. O governo alemão tenta até hoje reaver, junto a FIFA, parte dos lucros gerados pela Copa de 2006. E vai continuar tentando até o fim dos dias, pois esse estado de coisas é todo garantido pelos contratos. Quem mandou assiná-los? No entanto, o mundial é um negócio com retorno financeiro garantido para a FIFA e seus patrocinadores. O problema é que uma reduzida parte desse lucro é investida de volta no país sede que, claro, termina gastando bilhões para receber o evento.


É bom lembrar que todo o custo da montagem da infraestrutura para o evento é de total responsabilidade dos governos locais. Isso, claro, é definido nos contratos que o país sede assina com a FIFA. E com o Brasil não é diferente. A pergunta de 1 bilhão de dólares é: se o país sede fatalmente terá prejuízos com a Copa da FIFA, porque tantas nações brigam para sediarem esse evento das mil e uma noites? Elementar, meu caro ouvinte, estamos falando de negócios, não de questões sociais.

O estudo mostra, ainda, que a tal promessa, feita pelo governo federal, de melhorias da infraestrutura de nosso país é uma falácia. Os pesquisadores descobriram que a Copa da FIFA provoca um impacto negativo no PIB do país sede. Eles viram o PIB dos países sede decaindo principalmente no ano seguinte ao evento. Ou seja, em 2014 teremos uma grande festa em nosso país promovida pela FIFA. Em 2015 teremos uma grande ressaca, pois o PIB vai cair mais ainda. No mundial de 2010, o governo da África do Sul esperava um crescimento econômico de 1.0% no PIB. Isso não aconteceu. Pior, o PIB da África do Sul não parou de cair em 2011 e 2012. Claro, os países em desenvolvimento sofrem mais ainda com essa situação.

O fato é que o mundial da FIFA se tornou um evento tão fabulosamente caro que não se pode garantir um lucro acima do que se investiu. Daí que alguém tem que perder e não me consta que a FIFA esteja disposta a isso. Quem perde? Nós que pagamos a conta. A Copa da FIFA no Brasil está chegando ao estágio da insolvência. O governo está ficando sem meios ou condições para pagar aquilo que deve. Mas, ele pode dever, pois a dívida vai ser colocar nas contas públicas, gerando déficit, quedo do PIB, etc, etc, etc.

E se você estiver achando ruim que vá reclamar ao Papa, que por sinal adora futebol. Mas, como ele é argentino não vai querer nos ajudar a não ser que agente deixe a seleção argentina ser campeã no Brasil. Mas, aí já é querer demais.


Você tem algo a dizer sobre essa COLUNA ou quer sugerir uma pauta? gilbergues@gmail.com
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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