sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

ATORES POLÍTICOS A BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS


 
O diplomata e ex-secretário de estado dos EUA, Henry Kissinger, já dizia que “o poder político é o afrodisíaco mais forte”. E deve ser mesmo, pois quase não existem políticos que abandonaram a carreira para se dedicarem a outro tipo de atividade. O jornalista e crítico social norte-americano Louis Mencken afirmava que “na democracia, um candidato dedica suas energias tentando provar que outro candidato não está preparado para governar. Em geral, ambos são bem-sucedidos e têm razão”. Analisando declarações de relevantes atores políticos da Paraíba lembrei essas frases. Eles estam, como sempre, dedicados a luta em torno do afrodisíaco definitivo chamado poder. Afrodisíacos, como as drogas, deixam seus usuários dependentes.

O poder deixa os políticos tão dependentes que eles são capazes de tudo para não perdê-lo. Agora mesmo, vemos lideranças paraibanas se lançando numa luta de vida e morte para não perderem aquilo que dá sentido as suas próprias existências. Inclusive, os políticos já começaram a se agredir mutuamente. Como diria Mencken, já tentam provar as incompetências políticas alheias. Eu venho percebendo um nervosismo, um alvoroço, uma impaciência por parte dos principais políticos. As indefinições partidárias e as incertezas quanto a quem pode vir a ser candidato têm deixado os atores políticos da Paraíba à beira de um ataque de nervos. Vejamos algumas declarações. Sugiro que tentemos entender o que está se passando.

No dia 17 de janeiro, o deputado estadual, pelo PMDB, Raniery Paulino se exasperou com a estratégia do senador Cássio Cunha Lima de protelar ao máximo o anuncio se será ou não candidato a governador. Paulino perdeu a paciência e exigiu que o senador tucano tomasse uma decisão de uma vez por todas. Ele disse que a Paraíba não pode ficar esperando pela decisão de uma única pessoa. O deputado traiu-se e revelou toda a ansiedade que acomete seu partido.

No mesmo dia, o senador Vital Filho também perdeu a paciência. Para pressionar a presidente Dilma a nomeá-lo de uma vez por todas para o Ministério da Integração Nacional, Vital Fº saiu do prumo e partiu para a chantagem emocional. Literalmente, ele disse que: “se eu não for nomeado ministro, votarei em Cássio Cunha Lima para governador”. Vejam a que ponto pode chegar à ansiedade de um ator político quanto o assunto é maximizar suas cotas de poder.

O deputado federal, Leonardo Gadelha, também estava agitado. Parecia cansado de esperar por uma definição do Blocão sobre quem será seu candidato a governador, até porque ele lançou prematuramente sua pré-candidatura. O deputado disse que o Blocão tinha que se definir até o carnaval, que não dava mais para ficar esperando uma definição. Leonardo Gadelha parece desconhecer a regra básica da política eleitoral que diz que quem larga primeiro tende a chegar por último.

 
Outro que não sabia mais o que fazer com sua ansiedade era o deputado estadual Trócolli Jr. Ele deu uma declaração de forma açodada, adiantando e provavelmente queimando, uma alternativa que sabemos que se cogita. Trócolli sugeriu que Cássio Cunha Lima e Veneziano Vital formassem uma chapa para concorrer ao governo do Estado. Ele justificou dizendo que coisas bem mais difíceis já aconteceram na política. Tem razão o deputado. Já aconteceu de tudo, tudo mesmo. O problema dessas declarações apressadas, impensadas, é que elas agitam ainda mais o ambiente e criam animosidades irreparáveis naqueles que vão sendo preteridos no jogo. Apesar de que essas declarações funcionam, também, como balões de ensaio.

Até políticos tarimbados se revelaram nessa onda de nervosismos. José Maranhão falou que gostaria de ser candidato a senador ou a governador e se vitimizou, dizendo que sua candidatura a deputado é só mais uma das tantas renúncias que ele já fez pelo PMDB. O deputado Benjamim Maranhão estava irritadíssimo com Luciano Cartaxo. Ele deu prazo para o prefeito de João Pessoa dar os cargos que prometeu ao partido Solidariedade. Do contrário iria para a oposição. Eu confesso que gosto de ver os políticos perdendo as estribeiras. É que, assim, eles se tornam sinceros e dizem o que pensam sem rodeios. Benjamim deixou claro que seu partido só apoia o prefeito Luciano se ganhar cargos. É o velho e péssimo hábito da política brasileira do toma-lá-da-cá.

O Vice-governador, Rômulo Gouveia, pareceu, também, bastante impaciente com os boatos e com as articulações de bastidores. Ele disse que se “Cássio Cunha Lima compor com o PMDB eu pulo fora”. Simples assim! Sem tergiversar. O governador Ricardo Coutinho denunciou o estresse, além do costumeiro mau humor, em mais uma daquelas declarações que teve que dar para dizer que, ele e o senador Cássio, não têm motivos para romper o acordo de 2010. O fato é que essas declarações não ajudam em nada. O problema é a surpresa e a desorganização que elas causam na ambiência política. Definitivamente, tem políticos na Paraíba que ainda não entenderem o que vem a ser o jeito mineiro de fazer política.

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