Na linguagem da
guerra, diversionismo é o mecanismo que se utiliza para ludibriar o inimigo de
forma a enfraquecê-lo. Diversionismo é, por exemplo, fazer o inimigo acreditar
que será atacado pelo norte, quando na verdade a invasão se dará pelo sul. A
mãe de todos os diversionismos foi o enorme cavalo de madeira que os gregos
deram a Tróia. O presente iludiu os troianos ao ponto de fazê-los afrouxar a
segurança. Se valendo disso os gregos invadiram as fortificações de Troia e
tomaram a cidade para si.
Na política
partidária eleitoral não é diferente. Os políticos usam e abusam do
diversionismo para derrotarem seus adversários e, assim, maximizarem seus
interesses. Agora mesmo vejo táticas diversionistas sendo utilizadas aqui mesmo
na Paraíba. Não passa um dia sem que alguma liderança deixe de afirmar aquilo
que ela mesma não está disposta a fazer. Ou, dito de outra forma, os políticos
manifestam seus interesses de maneira a tentar confundir os adversários.
O enfrentamento
entre PT e PMDB, aliados desde o primeiro mandado Lula, tem suas razões, pois
alianças sofrem mesmo de fadiga do material. Mas, esta celeuma, como num
espetáculo teatral, tem o drama, tem a comédia e até mesmo a farsa. Muito do
que vem ocorrendo não passa de prestidigitação. O que estamos vendo é bem mais
a capacidade e a destreza que os políticos têm de iludir, utilizando a
oratória, do que qualquer outra coisa. Antes de mais nada é preciso que se diga
a verdade inoxidável. O PMDB não vai romper com Dilma Rousseff, até porque ele
não é um aliado do governo federal, ele é o próprio governo, pois o
vice-presidente da República é Michel Temer, cacique maior do PMDB. Salvo
alguma hecatombe nuclear, Temer será o vice de Dilma na luta pela reeleição. O
que o PMDB quer, na verdade, é ficar livre, leve e solto para compor com quem
bem quiser nas eleições estaduais pelo Brasil afora.
Desde que os atritos começaram, motivados por declarações raivosas de
parlamentares do PMDB e do PT, as possibilidade de coligações estaduais caíram
sensivelmente. Em dezembro havia chances reais de PT e PMDB se aliarem em 16
estados. Hoje, só existem chances de coligação no Distrito Federal e nos
estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e
Sergipe. Claro, as chances do PT paraibano se aliar, já no 1º turno, ao PMDB só
crescem devido às questões locais. Em estados como São Paulo, Santa Catarina,
Ceará, Maranhão e Goiás os aliados em nível federal devem se enfrentar para
alegria do PSDB de Aécio Neves e do PSB de Eduardo Campos.
E que não se pense que isso pode ser um problema. Os políticos sabem como
ninguém isolar os conflitos de interesse. É normal, pelo menos na política
brasileira, que os partidos sejam aliados em nível federal e adversários em
alguma realidade regional. O que por hora interessa é como os atores políticos
racionalizam suas escolhas. É que é preciso dar alguma justificativa a
sociedade. Assim, o PMDB pode, por exemplo, dizer que vai romper com o PT
porque Dilma ainda não nomeou o senador Vital Filho para o Ministério da
Integração ao para a pasta do Turismo.
O deputado Eduardo Cunha, líder da bancada do PMDB na Câmara Federa, disse
a pérola do diversionismo político. Ele disse que “nós não queremos mais cargos, pois estamos cansados de ser
negligenciados pela articulação política do governo”. O presidente do PMDB,
Valdir Raupp, disse que de cada 03 deputados do PMDB pelo menos 01 quer romper
com o PT. Mas, essa não é vontade dos grandes caciques como Michel Temer, Renan
Calheiros e Henrique Alves que estam bem aonde estam.
O problema é que os pequenos caciques estam preocupados. Quem explicou a
questão foi o sincero Eduardo Cunha. Ele disse que “o PT, em coordenação com o Planalto, trabalha para conquistar uma
hegemonia sem precedentes”. Para Cunha, o PT explora programas do governo,
como a entrega de máquinas agrícolas e ônibus escolares. Funciona assim: um
deputado do PT entrega a máquina ou o ônibus no município de um deputado do
PMDB Cunha terminou partindo para a chantagem política ao dizer que se as
coisas continuarem dessa forma “ainda
viraremos o DEM do PT”, numa alusão a relação PSDB/DEM dos tempos FHC.
O cálculo é que,
dessa forma, o PT deverá eleger mais de 130 deputados em outubro. Cunha lembra
que se o PT aumentar a bancada, muita gente da base aliada não volta para
Brasília em 2015. Ou seja, bateu o desespero no baixo e médio clero. Cunha
ainda disse que o PMDB está virando uma espécie de satélite do PT,
principalmente no parlamento. Obviamente que isso se deve ao apurado
fisiologismo do próprio PMDB. E é claro que o Deputado Cunha está exagerando na
dose. Tudo isso se deve ao apuradíssimo instinto de sobrevivência dos
políticos. Ao fim dessa novela tudo continuará como dantes no quartel de
Abrantes. O PMDB não vai abrir mão de sua constelação de cargos, o PT
continuará se batendo pela sua hegemonia sem precedentes e ambos seguiram assim
entre tapas, beijos e cargos.
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A
CAMPINA FM.
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