terça-feira, 11 de março de 2014

AFINAL, O QUE QUER O PMDB?

Na linguagem da guerra, diversionismo é o mecanismo que se utiliza para ludibriar o inimigo de forma a enfraquecê-lo. Diversionismo é, por exemplo, fazer o inimigo acreditar que será atacado pelo norte, quando na verdade a invasão se dará pelo sul. A mãe de todos os diversionismos foi o enorme cavalo de madeira que os gregos deram a Tróia. O presente iludiu os troianos ao ponto de fazê-los afrouxar a segurança. Se valendo disso os gregos invadiram as fortificações de Troia e tomaram a cidade para si.
Na política partidária eleitoral não é diferente. Os políticos usam e abusam do diversionismo para derrotarem seus adversários e, assim, maximizarem seus interesses. Agora mesmo vejo táticas diversionistas sendo utilizadas aqui mesmo na Paraíba. Não passa um dia sem que alguma liderança deixe de afirmar aquilo que ela mesma não está disposta a fazer. Ou, dito de outra forma, os políticos manifestam seus interesses de maneira a tentar confundir os adversários.
O enfrentamento entre PT e PMDB, aliados desde o primeiro mandado Lula, tem suas razões, pois alianças sofrem mesmo de fadiga do material. Mas, esta celeuma, como num espetáculo teatral, tem o drama, tem a comédia e até mesmo a farsa. Muito do que vem ocorrendo não passa de prestidigitação. O que estamos vendo é bem mais a capacidade e a destreza que os políticos têm de iludir, utilizando a oratória, do que qualquer outra coisa. Antes de mais nada é preciso que se diga a verdade inoxidável. O PMDB não vai romper com Dilma Rousseff, até porque ele não é um aliado do governo federal, ele é o próprio governo, pois o vice-presidente da República é Michel Temer, cacique maior do PMDB. Salvo alguma hecatombe nuclear, Temer será o vice de Dilma na luta pela reeleição. O que o PMDB quer, na verdade, é ficar livre, leve e solto para compor com quem bem quiser nas eleições estaduais pelo Brasil afora.

Desde que os atritos começaram, motivados por declarações raivosas de parlamentares do PMDB e do PT, as possibilidade de coligações estaduais caíram sensivelmente. Em dezembro havia chances reais de PT e PMDB se aliarem em 16 estados. Hoje, só existem chances de coligação no Distrito Federal e nos estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Sergipe. Claro, as chances do PT paraibano se aliar, já no 1º turno, ao PMDB só crescem devido às questões locais. Em estados como São Paulo, Santa Catarina, Ceará, Maranhão e Goiás os aliados em nível federal devem se enfrentar para alegria do PSDB de Aécio Neves e do PSB de Eduardo Campos.
E que não se pense que isso pode ser um problema. Os políticos sabem como ninguém isolar os conflitos de interesse. É normal, pelo menos na política brasileira, que os partidos sejam aliados em nível federal e adversários em alguma realidade regional. O que por hora interessa é como os atores políticos racionalizam suas escolhas. É que é preciso dar alguma justificativa a sociedade. Assim, o PMDB pode, por exemplo, dizer que vai romper com o PT porque Dilma ainda não nomeou o senador Vital Filho para o Ministério da Integração ao para a pasta do Turismo.
O deputado Eduardo Cunha, líder da bancada do PMDB na Câmara Federa, disse a pérola do diversionismo político. Ele disse que “nós não queremos mais cargos, pois estamos cansados de ser negligenciados pela articulação política do governo”. O presidente do PMDB, Valdir Raupp, disse que de cada 03 deputados do PMDB pelo menos 01 quer romper com o PT. Mas, essa não é vontade dos grandes caciques como Michel Temer, Renan Calheiros e Henrique Alves que estam bem aonde estam.
O problema é que os pequenos caciques estam preocupados. Quem explicou a questão foi o sincero Eduardo Cunha. Ele disse que “o PT, em coordenação com o Planalto, trabalha para conquistar uma hegemonia sem precedentes”. Para Cunha, o PT explora programas do governo, como a entrega de máquinas agrícolas e ônibus escolares. Funciona assim: um deputado do PT entrega a máquina ou o ônibus no município de um deputado do PMDB Cunha terminou partindo para a chantagem política ao dizer que se as coisas continuarem dessa forma “ainda viraremos o DEM do PT”, numa alusão a relação PSDB/DEM dos tempos FHC.
O cálculo é que, dessa forma, o PT deverá eleger mais de 130 deputados em outubro. Cunha lembra que se o PT aumentar a bancada, muita gente da base aliada não volta para Brasília em 2015. Ou seja, bateu o desespero no baixo e médio clero. Cunha ainda disse que o PMDB está virando uma espécie de satélite do PT, principalmente no parlamento. Obviamente que isso se deve ao apurado fisiologismo do próprio PMDB. E é claro que o Deputado Cunha está exagerando na dose. Tudo isso se deve ao apuradíssimo instinto de sobrevivência dos políticos. Ao fim dessa novela tudo continuará como dantes no quartel de Abrantes. O PMDB não vai abrir mão de sua constelação de cargos, o PT continuará se batendo pela sua hegemonia sem precedentes e ambos seguiram assim entre tapas, beijos e cargos.

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