quinta-feira, 20 de março de 2014

ATENÇÃO, DEPUTADOS, FAÇAM SUAS ESCOLHAS.


Na terça-feira a Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba voltou às suas atividades normais após quase quatro meses de recessos e férias parlamentares. Pois é, antes tarde do que nunca. Mas, para não esquecermos, este ano tem eleição. Salvo uma ou outra exceção, os deputados estarão, até outubro, ocupados com suas campanhas eleitorais. A maioria buscará a reeleição, para seguir ocupando uma cadeira na Assembleia, e alguns tentarão vôos mais altos, como a Câmara dos Deputados. Essa primeira sessão do ano serviu para que os deputados apresentassem a nova configuração das bancadas da situação e da oposição. O fim da aliança entre PSB e PSDB forçou o reordenamento dos lugares ocupados por uma parte dos parlamentares.

Vejam o caso do Deputado Estadual Carlos Dunga, que é do PTB, e que ocupava um cargo no Governo do Estado, indicado que foi pelo senador Cássio Cunha Lima. Com o fim da aliança, Carlos Dunga teve que deixar o governo. O deputado Dunga tinha dito que ficaria, sim, ao lado do Senador Cássio após o fim da aliança, mas ele não queria deixar o cargo que ocupava na administração estadual. Como não é possível ir para o céu sem antes morrer, o deputado teve que escolher. Na terça-feira, no chamado pequeno expediente, o deputado Dunga comunicou formalmente, a Mesa Diretora da Assembleia, que mudou de lado, que agora joga no time da oposição. A deputada Iraê Lucena (do PSDB) fez a mesma coisa.

Disse ele: “Como meu candidato poderá ser Cássio Cunha Lima, digo que não faço mais parte da bancada do governo. Eu não voto no PSB, voto no PSDB”. Nem parece que o deputado Dunga é filiado ao PTB, pois ele fala como se fosse um antigo tucano. O deputado aproveitou para devolver o cargo que um de seus filhos ocupava no governo estadual e para pressionar outros deputados “cassistas” a tomarem o mesmo caminho. Na política é assim, eles mudam de bancada como quem troca de roupa. Interessa ver que é assim mesmo que o fim de uma aliança é selado. Os que têm cargos no governo, ou que pertencem a bancada da situação, vão anunciando, sem meias palavras, que estam deixando seus cargos ou mudando de bancada.

E o fazem com uma naturalidade sem limites, como se nada daquilo fosse fruto das turbulências e das fragilidades institucionais que vivemos. Mas, afinal, o que esperar de alianças feitas para atenderem interesses meramente conjunturais? O líder da oposição, deputado Anísio Maia (PT) estava radiante com o anuncio do Deputado Dunga. Ele disse que “a oposição está de braços abertos para receber mais ex-governistas”. Maia afirmou que vai lutar muito para trazer mais colegas para a oposição. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ricardo Marcelo, anunciou que seu partido, o PEN, já apoia o PSDB e que o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, foi indicado para ser candidato a vice-governador de Cássio Cunha Lima.

 

Aqui, não houve uma mudança de lado. Como se sabe o PEN adotou a postura de não ser nem ácido e nem base desde sua criação. Afora, os enfrentamentos entre Ricardo Marcelo e o governador, o PEN mantinha uma postura inodora e, claro, cômoda. Menos mal, o PEN finalmente assumiu uma postura. Claro, ela só se manterá se Luciano Agra for contemplado com a vaga de vice na chapa do PSDB. Os seis deputados estaduais do PEN vão, agora, bater acima e abaixo da cintura do governo do estado. Aliás, essa é a maior preocupação do líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Hervázio Bezerra (do PSB). É que as defecções de Carlos Dunga e de Iraê Lucena devem ser tão somente as primeiras de uma série de várias.

Hervázio foi otimista e disse que a base aliada deverá perder apenas 04 deputados. Mas, eu acho que ele está precisando de um choque de realidade, pois a se confirmar essa previsão a bancada situacionista cairia dos atuais 18 deputados para apenas 14. Se com a exata metade, dos 36 deputados, o governo vinha cortando um dobrado a cada nova votação, o que dirá agora sendo, de fato, minoria? Sem contar que é sempre custoso, em anos eleitorais, convencer um deputado a votar a favor do governo. Vejam que, na sessão da terça, os deputados Anibal Marcolino e José Aldemir (ambos do PEN), Frei Anastácio e Anísio Maia (do PT), Janduhy Carneiro (do PTN) e Raniery Paulino (do PMDB) ocuparam a tribuna em bloco para dar estocadas no governo.

A situação parece não ter assimilado o golpe, pois seus deputados não se pronunciaram. Apenas o deputado Hervázio é que foi a tribuna defender o governo. Mas, sem ter quem lhe ecoasse a fala, pregou no deserto, enquanto a oposição comemorava. O fato é que as mudanças na conjuntura político-eleitoral alteraram a correlação de forças, também, na Assembleia Legislativa e não foi a favor do governo. Daqui a uns dias os deputados vão analisar as contas do governo do ano de 2013. O governo já sabe que não vai poder contar com, pelo menos, 20 votos. Num ano eleitoral, isso pode ser devastador para um projeto de reeleição. A oposição sabe tão bem disso que aproveitou a primeira sessão para mostrar, ao governo, suas garras afiadas.

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