No final da semana
passada Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e candidato a presidente pelo
PSB, nos visitou com a tarefa de provar aos paraibanos que sua candidatura não
é mais uma das tantas que conhecemos. Será que ele conseguiu? Eduardo veio à
Paraíba apenas cincos dias após a visita da presidente Dilma. Essa é uma tática
de campanha. Eduardo vai onde Dilma foi para desmanchar as boas impressões e
pontuar as ruins deixadas pela presidente. Aécio Neves deve fazer a mesma
coisa. Eduardo veio reforçar a campanha a reeleição de Ricardo Coutinho e
reforçar o novo discurso do governador da Paraíba que tenta mostrar que o fim
da aliança PSB/PSDB não foi ruim e que o golpe desferido pelos tucanos já foi
assimilado.
Foi por isso que Eduardo afirmou que é preciso enfrentar a
realidade com naturalidade e respeito, já que não foi possível manter a aliança
na Paraíba. Apenas lembrando, Eduardo se esforçou bastante para que o PSDB
permanecesse no governo de Ricardo. Algo que chamou a atenção no discurso de
Eduardo Campos foi a dubiedade em relação aos adversários do PT. Muitas pessoas
não estam entendendo por que Campos critica ferozmente o governo Dilma, ao
mesmo tempo em que acaricia Lula e seu governo. Numa de suas declarações à
imprensa Eduardo disse que Dilma nos prometeu que ia melhorar o Brasil, mas o
país só piorou. Ele disse, ainda, que a presidente afirmou que isolaria a velha
política, mas que é esta quem manda no país.
Campos ainda lançou a seguinte questão: “O que foi entregue na vida
dos nordestinos que nos permita pensar que a próxima década será melhor?”. Em seguida,
ele afirmou que vai conduzir bem a economia brasileira, de forma que ela retome
o crescimento. Ninguém em volta do ex-governador se lembrou de perguntar de
qual momento exato ele se referia ao falar de retomada do crescimento. Mas, o
candidato fez questão de dizer que vai aperfeiçoar as políticas sociais
desenvolvidas pelo governo Lula. Foi nesse momento que ele se deu ao trabalho
de elogiar Lula, ao ponto mesmo de falar que era a favor do movimento “volta
Lula”. O fato é que Eduardo quer, pelo menos no Nordeste, se colocar como
herdeiro político dos anos Lula.
A estratégia é arriscada. Para incorporar o que as administrações
do PT têm de bom e afastar o que elas têm de ruim, ele tem que provar que Dilma
não é Lula e que a presidente faz um governo totalmente diferente do que Lula
fez. Eduardo vislumbra a possibilidade de voltar a ser aliado de Lula, se é que
algum dia deixou. Claro, num improvável 2º turno, entre ele e Aécio Neves,
Eduardo receberia de muito bom grado o apoio definidor de Lula e de parte do
PT. O discurso de Eduardo é o da terceira via. Ele vai pontuar toda sua
campanha na perspectiva de mostrar que não é mais do mesmo, que sua candidatura
é, de fato, diferente das outras. Mas, isso no Brasil, é muito, mas muito
difícil mesmo.
Nesse aspecto o discurso precisa ser lapidado. Pois, não me parece
que o eleitorado brasileiro esteja disposto a aceitar a tese da mudança, a
tirar pelas pesquisas eleitorais. Sem contar que a mudança que Eduardo propõe
vai além da díade PT/PSDB. Eduardo tem feito um discurso que pode alavancar sua
candidatura ou enterrá-la de vez, sem meio termo. Ele falou que “nós
representamos a mudança para o futuro, a mudança verdadeira, já que nem eu e
nem Marina nunca governamos o Brasil”. Se mostrar como novo, por nunca ter sido
governo, pode ser bom e pode ser ruim. O eleitorado pode tanto entender que a
candidatura não está contaminada, pelos vícios da governança, como pode
entender que a candidatura não tem experiência administrativa.
Para se mostrar como alternativa, ele veio com a tese da farinha do
mesmo saco e lembrou que o PSDB governou com as forças que hoje estam no
governo. De fato, PT e PSDB são parecidos tanto quando governam como quando
estam na oposição. Mas, Eduardo esqueceu que ele próprio esteve no governo de
Lula, como ministro da Ciência e Tecnologia, e que até outro dia seu partido, o
PSB, era da base aliada do governo Dilma. Mas, por favor, não vamos exigir muito
da memória de um político. Outra tese de Eduardo é que a sua candidatura é a
única que pode unir o Brasil, já que PT e PSDB representam a polarização que
vem dividindo o país. Essa pretensão de unir o Brasil é perseguida por todos os
candidatos em todas as eleições.
Na verdade, o que os candidatos querem não existe. Não se pode unir
um país, mesmo que em torno de um projeto político, tão diversificado como o
Brasil. Eduardo ainda fez as promessas de sempre para nordestinos verem e
sonharem. Falou que vai terminar a Transposição do Rio São Francisco e que a
Transnordestina vai passar pela Paraíba. Claro, ele não disse como. Mas, isso é
normal até porque em campanha não se diz como e porque fazer, apenas se diz o
que fazer. No mais, foi o de sempre. Típico de campanha. É aquela correria de
um lado para o outro, com aquela paradinha estratégica, no centro da cidade,
para tomar um cafezinho na lanchonete mais popular que se encontrar. Em termos
de campanha, nada de novo, tudo como dantes no quartel de Abrantes.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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