Placas
tectônicas são blocos que compõem a camada sólida externa do planeta terra para
sustentar continentes e oceanos. Elas se empurram, se afastam e se aproximam
modificando constantemente os contornos do relevo da Terra. Quando as placas se
mexem causam problemas, são os abalos sísmicos, os terremotos e maremotos.
Tectônico é de origem grega e significa "a arte de construir". Na
verdade, os terremotos podem ser a rearrumação ou o reagrupamento das placas
tectônicas. Para se fazer uma grande rearrumação é preciso se partir de uma
grande desordem. Quando as placas se movimentam, causam aquele tumulto inicial,
mas depois vem a natural acomodação. Assim, é na política partidária.
As placas, ou melhor, atores e partidos políticos, estam em constante
movimento. Os caciques políticos se empurram, se afastam e se aproximam
buscando mais espaços, i.e., elas se movem em busca de mais e mais poder. Ao se
mexerem podem causar abalos sísmicos e devastadoras catástrofes. Mas, às vezes,
a movimentação tectônica dos políticos não passa de uma marolinha que até pode
fazer algum barulho, mas não rearruma ou reagrupa quem quer que seja. A
política partidária na pequena e heroica Paraíba é assim. Às vezes temos
terremotos devastadores como foi o nebuloso caso do Clube Campestre quando
Ronaldo Cunha Lima e José Maranhão resolveram que era hora de seguirem caminhos
diversos.
Mas, às vezes ficamos com a impressão que tivemos muito barulho por nada.
Agora mesmo vemos os principais chefes da Paraíba numa intensa movimentação
política. Eles se agitam visando às composições para as eleições de outubro de
2014. Na verdade, estam construindo os cenários pós-eleição. É que os grupos
políticos, tal qual placas tectônicas, precisam vez por outra se movimentar e
se reacomodar a partir dos estímulos que vão recebendo das conjunturas
políticas. A aproximação entre o PSDB de Cássio Cunha Lima e o PSB de Ricardo
Coutinho, em 2010, não deve ser considerada um maremoto politico. Aquilo não
passou de uma marolinha, pois eles se aliaram tendo claro que se desaliariam
muito em breve.
Os acontecimentos que redundaram no fim da aliança entre Ricardo e Cássio
eram previstos, apesar de que a secessão foi precipitada. Seus principais
artífices não souberam conduzi-la de forma a maximizar ganhos e minimizar
perdas. Cássio Cunha Lima entendeu que tinha que acabar a aliança para poder
ser candidato ao governo do Estado. Sua estratégia foi bem articulada. Quando
ele deu o xeque-mate, Ricardo não teve mais como defender sua rainha. Mas, para
encurralar a rainha de Ricardo, Cássio teve que entregar muitos peões e até
seus bispos e torres. Vejam que ele perdeu aliados históricos como o
vice-governador Rômulo Gouveia e os deputados Adriano Galdino e Manoel Ludgério.
Mas, se tem alguém que perdeu com o fim da aliança, foi Ricardo Coutinho.
Basta lembrar que ele só se elegeu governador com os votos campinenses que
Cássio lhe transferiu. Sem o apoio de Cássio, as coisas ficam difíceis, em que
pese não impossíveis. Ricardo já sabe a extensão dos danos causados pelo abalo
sísmico que os tucanos fizeram ao deixarem seu governo. É por isso que corre
atrás de forças políticas ainda à venda no mercado eleitoral. Wilson Santiago e
Wellington Roberto que o digam. O senador Cássio trabalha para recompor seu
exército de forma a ir para a eleição de outubro com reais chances de bater o
governo e sua poderosa máquina administrativa. No entanto, a política na
Paraíba não vai acabar junto com as eleições de outubro.
O que temos, hoje, são articulações para a composição das coligações ao
governo do Estado e ao Senado Federal. Mas, os políticos nunca agem como se a
próxima eleição fosse a última. Eles estam, sim, pensando no futuro. As
composições de hoje serão os grupos políticos de amanhã. Cássio e Ricardo não
se separaram por causa do passado, mas devido ao futuro. Duas lideranças desse
porte não podem mesmo ocupar o mesmo espaço político. O PMDB será o centro
dessa rearrumação política, pois ele vai emprestar lideranças para a renovação
dos grupos políticos após outubro. A família Vital do Rêgo buscará uma nova
sigla partidária, a não ser que consiga se apoderar de todo o PMDB.
José Maranhão segue enfrentando seu ocaso, mas ainda influirá, pois tem
gordura política e eleitoral para queimar por um bom tempo. A família Ribeiro
deverá se realiar ao grupo Cunha Lima tentando sempre resguardar alguma
autonomia. Cássio permanecerá onde está, independente de ganhar ou perder a
eleição, até porque ele é o polo de maior atratividade. Ricardo seguirá forte,
mas só se for reeleito governador, do contrário verá sua placa tectônica se
partir em mil pedaços. Em 2015, reis e rainhas da política paraibana serão os
mesmos, mas veremos que eles se farão acompanhar de novos bispos, novas torres
e novos peões. A partir de 2015 veremos adversários se tornando aliados, até
que o próximo abalo sísmico rearrume mais uma vez as placas tectônicas da
política paraibana.
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