O PT está montando
uma mega coligação de partidos em torno do projeto de reeleição de Dilma
Rousseff. Ao que tudo indica, 10 partidos deverão se juntar ao próprio PT e ao
PMDB. Em se tratando de eleição presidencial isso não é comum. Lula, sempre
ele, comanda as articulações. Dilma foi poupada porque tem que governar e,
claro, cuidar de sua campanha eleitoral. Enquanto “lulistas”, fora e dentro do
PT, gritam “volta Lula”, o ex-presidente monta os palanques de Dilma pelos
Estados. O maior feito de Lula foi estancar a sangria que a base aliada do
governo sofria. Ele reverteu o pessimismo, em torno do PT, acalmando o PMDB com
mais e mais cargos neste e num futuro governo a partir de 2015. Esse é o jogo
que Lula faz com maestria.
Essa encorpada coligação dará a Dilma um temporal na propaganda
eleitoral. Calcula-se que ela deverá ter uns 15 minutos no rádio e na TV. Já
Aécio deverá ter não mais do que 6 minutos e Eduardo pode sorrir à vontade se
obtiver algo em torno de 3 ½ minutos. Isso não é o suficiente para se ganhar
uma eleição, mas ajuda e como ajuda. Lula e o PT não pensam apenas na eleição.
A ideia é transformar essa robusta coligação na coalizão de governo que dará
sustentação a Dilma a partir de 2015, se ela for, claro, reeleita. Vejam o
poder atrativo do governo num processo eleitoral. Em 1989, Lula foi candidato a
presidente pela “Frente Brasil Popular” composta por PT, PC do B e PSB. Em
1994, PPS, PV e PSTU se incorporaram ao projeto que resultou na 2ª derrota de
Lula.
Em 2002, Lula foi eleito para seu primeiro mandato numa coligação
de seis partidos. Mas, vejam o que aconteceu em 2010, quando o PT conseguiu seu
terceiro mandato presidencial consecutivo. Dilma foi eleita numa coligação de
10 partidos. Muitas siglas, por via das dúvidas, preferem ficar com o candidato
do governo a reeleição. É que, no Brasil, ser situação é algo bastante
confortável. O fato é que enquanto Dilma escorregava nas pesquisas os partidos
não se animavam. Bastou a presidente esboçar uma reação para eles baterem à
porta do PT. Claro, partidos não adentram uma coligação sem a oferta de cargos,
favores, emendas orçamentárias e outras coisas mais que o PT tem para dar,
vender, emprestar.
O PTB, que apoiou o PSDB em 2010, já está com o PT. É que seu
tesoureiro ocupará uma das vice-presidências da CEF. Benito Gama,
presidente/PTB, disse num raro ataque de sinceridade: "Aécio e Eduardo são
um voo no escuro, não tínhamos escolha”. Em cerca de 10 dias, Lula assegurou o
apoio do PTB, do PP e do PROS. Apesar de que o martelo do leilão partidário só
será batido no último dia das convenções partidárias no final de junho, até lá
sempre vai ter uma dessas siglas de vida fácil mudando de lado. O PR está
dividido. Seu presidente, senador Alfredo Nascimento, quer ficar com o PT. A
maioria da bancada, na Câmara, quer se aliar a Aécio e um setor, minoritário,
quer se juntar a Eduardo Campos. Ficará com o PR quem oferecer mais no leilão
partidário.
A estratégia vitoriosa do PT é aquela de trocar o apoio à sua
candidatura presidencial pelo apoio às pretensões estaduais de seus aliados. A
direção nacional do PT sepultou as pretensões eleitorais do PT paraibano em
prol do PMDB de Veneziano Vital. Enfim, o PT seguirá sendo pragmático assim
como o espectro político partidário. Uma mudança que chamará atenção é que o PT
pretende aposentar de uma vez o vermelho que sempre o caracterizou. Apesar de
que a estrela deverá continuar sendo seu símbolo. O conhecido publicitário do
PT, João Santana, praticamente aboliu o vermelho do material gráfico produzido
para os eventos da sigla. Com a anuência de Lula, Dilma e de Rui Falcão o
amarelo deverá ser adotado como a cor da campanha eleitoral.
Em seu aniversário de 34 anos, em fevereiro, e no 14º Encontro
Nacional do PT, agora em maio, os tons de laranja e amarelo predominaram. De vermelho
só mesmo a estrela. E, mesmo assim, ela só era vista num canto do cenário,
quase escondida. O caro ouvinte pode dizer que isso não tem importância, que
são apenas detalhes estéticos. Mas, dirigentes partidários e muitos militantes
não gostaram nem um pouco do que chamam de descaracterização dos símbolos
históricos do partido. E eles estam certos. A ideia é descaracterizar o partido
e dar fim as marcas e sinais que identificam o PT com seu remoto passado de
defensor do socialismo. É o que o PT não tem mais receio algum de ser comparado
aos grandes partidos do Brasil.
Essa elaboração vem de 1998 quando o vermelho deu lugar às cores da
bandeira nacional. A ideia era mostrar que o PT tinha abandonado seus projetos
revolucionários. Ao se apropriar das cores nacionais, o PT passava recibo de
suas mudanças ideológicas. O trocadilho é inevitável, mas o fato é que o PT
amarelou de vez. Se despir do vermelho significa que a conversão do PT, ao
pragmatismo e fisiologismo da política partidária brasileira, está completa. O
PT usava vermelho enquanto só sabia ser oposição. Agora que aprendeu a ser
situação e que não quer mais sair do governo, o PT entendeu a necessidade de
amarelar, de se confundir com o governo. Amarelar significa que o PT abriu mão
de uma vez por todas de seus projetos reformadores.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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