O Instituto
Sensus e a Revista Isto É divulgaram, no final de semana, uma pesquisa sobre a
eleição para Presidente da República. Os números que vi só confirmaram minhas
impressões. A chance dessa eleição se resolver já no 1º turno é mínima. É que
não estamos falando de uma eleição qualquer. Quando se trata da disputa pelo
Palácio do Planalto as questões eleitorais devem ser colocadas sempre no
superlativo. Dessa vez a peleja não vai se resumir ao FLA X FLU de sempre entre
PT e PSDB. Dessa vez temos novos atores políticos na disputa, com potencial
para mudar os rumos do processo eleitoral. Já na eleição de 2010, Marina Silva
influiu na medida em que tirou votos de Dilma Rousseff, contribuindo para o 2º turno
contra José Serra.
De acordo com a pesquisa, Dilma tem 35% das intenções de voto, Aécio Neves
tem 23.7% e Eduardo Campos tem 11%. A margem de erro é 2.2%. É bem simples
entendermos por que as chances de termos 2º turno cresceram exponencialmente. Basta
somar os percentuais dos candidatos que não estam em 1º lugar. Se todos eles
juntos tiverem mais votos do que o candidato mais bem posicionado a eleição não
termina. Os dois mais bem votados vão para o 2º turno, disputar a maioria
simples. Dito de outra forma, se o candidato que está em 1º lugar tiver metade
mais um dos votos válidos ele é eleito em 1º turno. A pesquisa Sensus aponta
para o 2º turno porque Aécio e Eduardo somam 34.7%, enquanto Dilma tem 35%. Uma
diferença ínfima de 0.3%.
Por essa lógica quanto mais candidatos houver na eleição, melhor para
Aécio ou para o candidato que for para o 2º turno com Dilma. Eu explico.
Digamos que se confirme a expectativa de termos algo em torno de dez
candidatos, não contando com Dilma. Os votos de um candidato, que não almeja
ganhar a eleição, se somarão ao percentual que definirá a realização ou não de
um 2º turno. Em 2010, Dilma terminou o 1º turno com 46.09% dos votos válidos,
os outros oito candidatos juntos tiveram 53.09%. Digamos que Marina Silva não
tivesse concorrido em 2010, provavelmente Dilma teria sido eleita no 1º turno.
É que José Serra teve 32.61% dos votos válidos e Marina teve 19.33%. Juntos,
Serra e Marina tiveram 51.94%, contra os 46.9% de Dilma.
Marina tirou votos de Dilma e a jogou numa disputa de 2º turno. Quem fará
o papel de Marina nesta eleição, além dela própria, deve ser Eduardo Campos que
trabalha para tirar votos de Dilma e de Aécio, pois ele quer ir para o 2º
turno. Mas, quem decide quem tira votos de quem, é o eleitor. Ainda não deu
para aferir em qual capital eleitoral Eduardo vai fazer mais estragos, se é que
vai. Sendo da oposição, ele tende a tirar mais votos de Dilma e ajudar Aécio a
ir para o 2º turno. Isso aumentaria seu cacife junto ao PSDB. Mas, o eleitor
pode querer comparar Aécio com Eduardo, pois eles são parecidos em termos de
perfil político. Aécio e Eduardo são moderados, de uma vertente liberal, além
de se colocarem como algo novo na política.
É possível que o eleitor divida a eleição em dois atos distintos. Num 1º
ato, ele isolaria Dilma em 1º lugar e se dedicaria a decidir quem disputaria
com ela o 2º turno. Dessa forma, o 1º turno seria uma disputa acirrada entre o
segundo e o terceiro colocados. Se o Sensus não pesou a mão, este 1º turno
deverá manter os três primeiros colocados sempre muito próximos. Daí que as
outras candidaturas vão ter papel importante, não pelas suas próprias
pretensões, mas na maneira como podem vir a influir no resultado. Vejamos que
na pesquisa estimulada aparecem nomes como o do Pastor Everaldo (PSC), do
senador Randolfe Rodrigues (Psol), de Mauro Iasi (PCB) e dos eternos candidatos
cacarecos José Maria Eymael e Levy Fidelix.
Juntos somam algo em torno de 4 pontos percentuais. Numa eleição apertada,
isso pode ser a diferença entre ter ou não um 2º turno. Mas, interessa ver que
quando aparece apenas os 3 grandes da eleição, Dilma tem 35%, Aécio tem 23% e
Eduardo 11%. Quando a pesquisa Sensus incluiu as pequenas candidaturas, Dilma
perdeu apenas 1 ponto percentual, enquanto Aécio perdeu 3.8% e Eduardo perdeu
2.7%. Ou seja, as candidaturas sem maiores pretensões eleitorais devem
preocupar mais a oposição do que a situação. O eleitor parece decidido a
utilizar este 1º turno como pré-seleção para ver quem reúne as melhores
condições de enfrentar Dilma no 2º turno. Mas, isso tudo não passa, claro, de
especulações. Pois, a preço de hoje, Dilma estaria reeleita por pequenina
margem de votos.
O que vai importar neste jogo é o comportamento da oposição, pois a
situação agirá na perspectiva de não mudar, de deixar tudo como está para ver
como é que fica. A oposição é quem vai ter que mostrar alternativas melhores
das que se apresentam. Por enquanto a estratégia é explorar o assalto que o PT
e seus aliados fizeram nos cofres da Petrobrás. Mas, o passado serve para nos
ensinar algo. É bom ver que o Mensalão não serviu para barrar Dilma nas urnas,
pelo contrário, ela pareceu ter se fortalecido ao mostrar que não era conivente
com a quadrilha de José Dirceu.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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