terça-feira, 20 de maio de 2014

PARTIDOS PIGMEUS NA POLÍTICA BRASILEIRA


Existe no Brasil a fantástica soma de 32 partidos políticos em condição de participar do sistema representativo e eleitoral. É difícil precisar, mas o TSE calcula algo em torno de 30 agremiações que trabalham para se tornarem partidos políticos. Se metade dessas organizações conseguirem, nos próximos três anos, se registrarem junto ao TSE teremos, nas eleições de 2018, algo em torno de 40 partidos funcionando. Não esquecendo que o TSE só registra um partido se ele cumprir as exigências legais. Para se tornar partido político é preciso ter, pelo menos, 1o1 eleitores, com domicílio eleitoral em, no mínimo, um terço dos Estados da federação. O partido deve ter um programa, um estatuto e seus dirigentes nacionais têm que ser eleitos em congresso.

É preciso, ainda, ter as listas de apoiamento mínimo. Os partidos tem que reunir quase 492 mil assinaturas. Mas, nada disso parece ser difícil ou algo intransponível. Do contrário, não teríamos um sistema multipartidário inchado de siglas. Não parece ser difícil preencher essas listas que o digam PSD, PPL, PEN, PROS e Solidariedade. Só mesmo o “REDE Sustentabilidade” é que enfrentou dificuldades. Mas, isso pode ser explicado pela Justiça Eleitoral e, talvez, pelo ex-presidente Lula. O que faz um partido grande não é a quantidade de seus filiados. O que faz uma sigla ser de primeira grandeza é o número de parlamentares e de cargos eletivos que ela ocupa no poder executivo. Grandes de verdade, no Brasil, são PMDB, PT, PSDB, PSB, PTB, PP.

Um partido é nanico quando ele não consegue ter mais do que 10 parlamentares no Congresso Nacional. Mas, ao contrário do que se poderia imaginar, tem muitos partidos que são pequenos, gostam de sê-lo e pouco ou nada fazem para mudar esse status. Os partidos mínimos servem aos propósitos dos grandes líderes, mesmo que contribuam pouco para eleger um governante. A exceção foi Fernando Collor, que se tornou presidente pelo obscuro PRN. Mas, isso é um caso de polícia, não de política. O partido pigmeu existe para maximizar objetivos menores de pequenos grupos. Ele nunca irá crescer para que não tenha que atender a interesses difusos de muitas pessoas. A sigla nanica funciona como uma espécie de pequena empresa familiar.

 

Um grupo toma conta da sigla diminuta para garantir cargos menores para seus membros, geralmente no 2º e 3º escalões. A ideia é se fazer presente na seara política para interferir nos negócios, que dela se originam, ganhando suas devidas porcentagens. A grande dificuldade dos pigmeus da política brasileira é garantir seus pequenos espaços no parlamento, pois o partido que não tiver sequer uma cadeira na Câmara Federal não acessa o fundo político partidário, i.e., não recebe verbas públicas. Sem representação no parlamento, o partido nanico não ganha tempo na propaganda eleitoral. Sem aqueles preciosos segundos no rádio e na TV ele fica sem poder de barganha para participar das articulações que criam as coligações partidárias.

A eleição termina sendo mais difícil para os partidos pequenos do que para os grandes. É que um Golias como o PMDB busca cadeiras parlamentares no atacado – sai mais barato. Já os Davis trabalham no varejo, o preço da fatura termina ficando muito alto. É por isso que os nanicos se unem para tentar eleger o maior numero de deputados. É por isso que inventaram aquele negócio de bloco, bloquinho, blocão para atuarem no parlamento. Literalmente, é a história de que a união faz a força. Esses Davis partidários lançam chapas majoritárias ao governo do Estado e ao Senado Federal para fortalecer suas campanhas proporcionais e aumentar o poder de troca quando a campanha for afunilada para o 2º turno.

Na estratégia dos pequeninos os partidos fortões não entram, pois eles amealham os poucos votos dos nanicos e os diluem em suas vigorosas coligações. Aqui na Paraíba, o PT do B e o PSL, por exemplo, uniram suas poucas forças em busca de melhores dias. O deputado estadual Tião Gomes do PSL explicou que eles vão disputar a eleição com cerca de 40 candidatos, cada um com chances de obter algo em torno de 10 a 15 mil votos. Dessa forma, eles têm chances de eleger até três deputados estaduais. Uma coligação que elege três deputados assegura seu assento na composição do futuro governo, ou seja, garante aqueles cargos no 2º e 3º escalões que fazem a festa dos partidos de baixa estatura.

Os nanicos não gostam do puxador de votos. Eles não são tolos de trabalhar para eleger um único deputado com capital eleitoral próprio. Eles preferem os candidatos com pequenas votações para soma-las e privilegiarem os interesses da coligação. O presidente do PTC, Neto Franca, afirma que seu partido deve formar uma coligação com PTN, PMN e PSDC. Ele acusa o problema de se votar em um candidato para terminar elegendo outro, devido ao complexo cálculo do coeficiente eleitoral. O que a “nanicada” quer mesmo é a reforma que vai permitir que sejam eleitos os que tiveram mais votos. Esses partidos baixinhos, mas de vida fácil, deveriam lutar para crescerem. Mas isso é muito difícil, sem contar que pode até atrapalhar os negócios.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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