Sábado, a equipe de
jornalismo da Campina FM promoveu, com competência, diga-se de passagem, um
debate entre os cinco candidatos a reitor da UEPB. Um debate importante,
considerando que a eleição da UEPB tem um universo de 20 mil eleitores, entre
professores, alunos e funcionários. Para que o ouvinte
tenha ideia da grandiosidade desse processo, a UEPB tem mais eleitores do que
algo em torno de 65% dos municípios paraibanos. A eleição da UEPB é estadual. Passa
por Campina Grande, Lagoa Seca, Guarabira, Catolé do Rocha, João Pessoa,
Monteiro, Patos e Araruna. Diria que é uma mini-eleição para governador. Algumas pessoas me
ligaram ou mandaram e-mails para perguntar: “quem ganhou o debate?”. Eu disse a
todos que não houve nem um grande vencedor e nem perdedores. E esse foi o
problema do debate. Os candidatos, claro, não queriam perder. Mas, não se
mostraram dispostos a vencer. Pareciam se contentar com um empate com gols. E
que não se pense que eu torci pela baixaria desenfreada. Esperei um debate
acalorado, com os candidatos se enfrentando no campo das diferentes ideias que,
suponho, eles tenham. Temos cinco candidatos.
O Prof° Rangel Jr., é o único candidato da situação, sendo apoiado pela reitora
Marlene Alves e toda equipe da administração central. Os outros são, ou seriam,
oposicionistas. Candidataram-se por discordarem da administração de Marlene e
por terem diferentes projetos de gestão. Mas, os quatro candidatos teriam que
deixar claro por que são oposição. A melhor forma de fazer isso seria
inquirindo diretamente à candidatura situacionista. Conversávamos na
véspera do debate, aqui mesmo nos estúdios da Campina FM, e concordávamos que
seria um debate de quatro contra um. Mas, não foi isso que aconteceu. Não é que
as questões não foram feitas, mas elas só aconteciam de forma pontual. Apenas
em alguns poucos momentos houve um confronto direto de ideias. Rangel Jr., talvez
confiante que esteja na vitória, não entrou em enfrentamentos. Utilizou a velha
tática dos debates de bater preventivamente. Quando o Prof° Andrade ensaiou
criticá-lo de forma mais contundente, Rangel Jr., levantou algo que Andrade
teve dificuldades de responder. Andrade pareceu recuar. Nos questionamentos
mais duros, a Profª Mônica se destacou. Mas, a impressão é que ela não soube
definir bem seus alvos, nem organizar as informações que tinha. Ela propiciou
um momento onde me pareceu que a polêmica ia rolar solta. Foi quando perguntou
ao Prof° Andrade porque ele ficou contra ao PCCR docente, uma antiga aspiração
dos professores da UEPB. Eu esperava que a Profª
Eliana Maia inquirisse Rangel Jr., duramente. Mas ela preferiu colocar algumas
questões pontuais sobre a gestão Marlene Alves. Em certos momentos Eliana e Rangel
Jr., promoveram um bate-bola. Nada a estranhar, pois eles estavam juntos, na
administração Marlene, até pouco tempo atrás. Pelo conhecimento que Eliana tem
da UEPB, poderia ter contribuído mais na parte pedagógica do debate, levando os
outros candidatos a se exporem mais. Estranha foi a
participação do Profº Agassiz. Centrou-se numa política de relações
internacionais para a UEPB. Parece esperar que o futuro reitor crie uma
pró-reitoria nessa área. Foi de estranhar que os candidatos de oposição não
aproveitassem a oportunidade para questionarem a forma como a atual gestão da
UEPB lidou e lida com toda a problemática da autonomia. É a oposição que deve
levantar as questões polêmicas. Ela ganha o debate quando leva a situação às
cordas. Corrijam-me se eu estiver errado, mas isso não aconteceu. Quem sabe num
próximo debate? É surpreendente que não tenham perguntado ao Profº Andrade se a
candidatura dele é uma articulação do governador Ricardo Coutinho, já que seu
vice era titular da Secretaria de Recursos Hídricos até dias atrás. O debate foi bom. Contribuiu
para que saibamos quem é quem e o que deseja. Mas, ficou aquele gostinho de
quero mais. E faltou o livre exercício da polêmica. Assim, ninguém ganhou,
ninguém perdeu. Houve um empate com alguns gols. Mais eu ainda torço para
vê-los mais ativos, mais polêmicos, menos passivos.
Professor do Curso de História da Univ. Estadual da Paraíba desde 1993. Mestre em Ciência Política-UFPE e Doutorando em Ciência da Informação-UFPB. Especialista em História do Brasil, com ênfase na Era Vargas e na Ditadura Militar, na democracia e no autoritarismo. Autor dos livros "Heróis de uma revolução anunciada ou aventureiros de um tempo perdido" (2015) e “Do que ainda posso falar e outros ensaios - Ou quanto de verdade ainda se pode aceitar” (2024), ambos lançados pela Editora da UEPB.
segunda-feira, 30 de abril de 2012
sexta-feira, 27 de abril de 2012
ATORES POLÍTICOS NACIONAIS NA ELEIÇÃO DE CAMPINA GRANDE
Temos, neste momento,
dois atores políticos que se não são novos no cenário, ocupam espaços que os
tem projetado nacionalmente. Falo do Senador da República Vital do Rêgo Fº e de
Aguinaldo Ribeiro que é deputado federal e titular do Ministério das Cidades.
Sendo de um estado
pequeno da federação, com pouca influência política, os dois tornaram-se
parlamentares federais em momentos diferentes. Enquanto Vital Fº tornava-se
deputado federal, Aguinaldo era deputado estadual. Quando Vital chegou ao
senado, Aguinaldo foi eleito deputado federal. Em Condições Normais de Temperatura e Pressão - CNTP, os dois ocupariam
o baixo clero, que é o grupo de parlamentares de pouca expressão movidos por
interesses paroquiais ou pessoais. Baixo clero é uma expressão criada por Ulysses
Guimarães para definir os parlamentares que sobrevivem das sobras das disputas
do alto clero. Que vem a ser aquele seleto grupo de parlamentares que frequenta
o noticiário, por ter alto poder de agenda na relação com o governo federal,
dentre outras coisas. São os parlamentares que tem poder de influenciar na
tomada de decisão e que ocupam postos-chave no Congresso Nacional, em seus
partidos e no governo.
Contrariando a regra,
imposta aos parlamentares paraibanos, Vital Fº e Aguinaldo Ribeiro transitam
com desenvoltura pelo alto clero. Não é a toa que Aguinaldo Ribeiro tornou-se Ministro
das Cidades do governo Dilma. Um ministério que, dentre outras coisas, é gestor
de gordas fatias do PAC. Semana passada mesmo, Aguinaldo reuniu-se com cerca de
150 prefeitos da Paraíba para falar dos projetos de desenvolvimento econômico e
humano para a Paraíba. Já Vital Fº sabe bem
como projetar-se nacionalmente. Aliou-se com Renan Calheiros, uma espécie de
padrinho seu no senado, e vem ocupando cada vez mais espaços. Ao PMDB cabia
indicar o cargo de presidente da “CPMI do Cachoeira”. Calheiros convidou Vital
e ele aceitou, calculando que assim terá ainda mais projeção. Vital faz parte
de várias comissões permanentes do senado e da Corregedoria da casa. É relator
da Lei Geral da Copa na Comissão de Constituição e Justiça. Além das
audiências, participa das sessões e é o coordenador do PMDB paraibano para as
eleições. Chego a ter a impressão
que Vital se ausenta propositadamente das articulações da campanha em Campina Grande. É
como se ele estivesse mais interessado nos rumos de sua carreira solo de
político em Brasília, do que com os acontecimentos da política local. Com Aguinaldo não é
diferente, mas ele tem estado presente no processo eleitoral. No final da
semana passada esteve entre Campina e a capital comandando as articulações de
seu partido, PP, com o PT. Convenhamos, a ida de Aguinaldo para o ministério
robusteceu a candidatura de Daniella Ribeiro. Ninguém duvida que ele vai
influenciar diretamente nesta eleição. Temos dois atores com
recursos políticos de sobra para influenciar no processo eleitoral de Campina
Grande. De que forma eles vão agir ainda não está claro. Não desconsideremos,
apenas, que se as condições de temperatura e pressão ficarem anormais muita
coisa muda, inclusive a capacidade de se influenciar no jogo
político-eleitoral.
quarta-feira, 25 de abril de 2012
O DNA DA POLÍTICA PARAIBANA
Eu já disse, aqui mesmo no Politicando, que a política paraibana se
transformou num grande negócio de família e citei exemplos vindos do interior
paraibano. Eu vou continuar a tratar da questão com outros exemplos, pois os
atores políticos se perpetuam no poder mais pela hereditariedade do que pelos
seus atos.
Dos doze deputados federais paraibanos, pelo menos oito tem descendência
direta com políticos importantes. Eu vou citar os casos mais famosos, pois a
lista é grande. O deputado federal Wilson Filho tem o ex-senador Wilson
Santiago como pai. Hugo Motta é neto dos deputados Edvaldo e Francisca Motta. O
senador Efraim Morais emplacou seu filho, Efraim, como deputado federal. O
ex-governador José Maranhão tem seus sobrinhos Benjamim e Olenka como
deputados. O ex-prefeito e ex-deputado Enivaldo Ribeiro tem seus filhos Agnaldo
e Daniella como deputados. O deputado federal Ruy Carneiro vem de uma família
de políticos.
Um caso famoso é do ex-governador Ronaldo
Cunha Lima que legou seu filho Cássio Cunha Lima para a política. Na Assembléia
Legislativa da Paraíba, pelo menos metade dos deputados pertence a famílias
tradicionalmente envolvidas com a política em suas cidades. E não vamos
esquecer a família Vital do Rêgo entronizada no poder, com vários cargos. Tínhamos
Vital do Rego pai que foi deputado federal, dentre outras coisas. Pedro Gondim,
ex-governador, vem a ser pai da deputada federal Nilda Gondim que é mãe do
prefeito Veneziano e do senador Vital Filho
O que mais estranha é a forma como
as famílias vão se apropriando do poder. Eu citei casos de famílias que
permanecem em prefeituras por anos a fio. Temos os casos de atores políticos
que se apossam de uma cadeira no parlamento e depois de vários mandatos, legam
esse espaço de poder para um herdeiro. O procedimento usual é o que o deputado
federal Dr. Damião adotou. Primeiro introduziu sua esposa na política, depois
lançou o filho como vereador.
Nesta tradição as câmaras de
vereador seriam um rito de passagem. Uma espécie de “escola”, onde os filhos
das lideranças tomam aulas de como fazer política. Só existe uma exigência. O
herdeiro tem que ter dezoito anos e ter título de eleitor, claro. Se ele fizer
um curso superior ajuda, se for direito, tanto melhor. Os meninos e meninas da
política começam sem enfrentar dificuldades. Herdam o capital político de seus
padrinhos e a estrutura partidária que estes possuem. Contam com a experiência
que os mais velhos adquiriram, pois é interessante se aconselhar, com base na
confiança familiar, com alguém que está na política a 20 0u 30 anos.
terça-feira, 24 de abril de 2012
AFINAL, O QUE PRETENDEM OS PETISTAS?
Há doze anos eu entrevistei (para uma pesquisa) um
líder do PT em Recife. Queria
saber sobre o comportamento da esquerda nos momentos de tomar decisões
internas. Este líder me disse que o problema é quando dois ou três grupos do PT
discutem em torno de propostas diferentes, pois terminam se enfrentando de
forma violenta. Disse-me que tomar decisões democráticas no PT é algo quase
impossível. O grupo que sai derrotado não aceita o resultado e vai para a
imprensa reclamar. Já o grupo que sai vitorioso quase sempre abusa do poder da
maioria e utiliza alguns procedimentos não tão democráticos para impor sua
vontade.
Parece que é isso que aconteceu em Campina Grande. O
PT, tal qual o PSDB paulista, transforma seus processos decisórios internos em
grandes celeumas públicas. Como em João Pessoa , o PT de Campina se dividiu entre
lançar candidatura própria ou apoiar outras postulações, desde que pudesse ter
a vice-candiddatura.
Essa é a estratégia do ex-presidente Lula. Ceder os
postos de governador e de prefeito, ficando com os cargos de vice, para manter
a coalizão que sustenta o governo federal no Congresso Nacional. Essa
estratégia é boa a curto prazo, pelo interesse momentâneo, e desastrosa a longo
prazo porque vai limitando os espaços do partido pelo país a fora.
O fato é que existia a pré-candidatura de Alexandre
Almeida que muitos, inclusive eu, acreditavam que não iria a lugar nenhum. Mas
os defensores da tese da candidatura própria se desentenderam porque não
souberam, ou não quiseram, trabalhar em torno de um único nome. Apareceram
quatro nomes postulando a candidatura própria.
O grupo defensor de uma coligação partidária se
valeu do fracionamento. O PT ainda tinha que enfrentar a contradição de ao
mesmo tempo em que compunha o governo Veneziano querer um projeto de oposição a
ele. Era gritante a contradição. Com cargos na administração municipal, o PT só
pensava em fazer oposição ao governo Veneziano. Até que entregaram os cargos.
Talvez por verem fraquezas no governo municipal e duvidarem da viabilidade do
projeto eleitoral de Veneziano e Tatiana.
O mais estranho é que
parece haver dois PT’s em
Campina. Um que lança nomes e se esforça para nos convencer
de que é dotado de vontade própria. Outro que deixa os encontros partidários
acontecerem, enquanto se reúne com lideranças de outros partidos como o PP.
Na sexta-feira,
enquanto se organizava a reunião do domingo, lideranças do PT se reuniam com
Daniella e Aguinaldo Ribeiro e selevam o acordo. Na capital o PT indicará
Luciano Cartaxo candidato a prefeito e o PP o seu vice. Em Campina o PP
indicará Daniella Ribeiro e o PT o vice dela.
O encontro petista
acabou em briga, pois os interesses eram inconciliáveis. Havia o grupo que
queria impor suas pequenas vontades e o que tinha que honrar o compromisso
feito com o PP. Assim vem sendo o PT paraibano a pelo menos 20 anos. Seus
membros brigam em torno de pequenos projetos. Dessa forma, o PT nunca terá
vitoriosos, só derrotados.
segunda-feira, 23 de abril de 2012
TORTURANDO OS DADOS ATÉ QUE ELES FALEM – PARTE II
A pesquisa 6SIGMA,
divulgada sexta-feira passada, é importante por influenciar as articulações
visando à formação das chapas para eleição majoritária. Não é a toa que na
medida em que ela ia sendo anunciada e mesmo divulgada, notícias falavam da
aproximação entre partidos. Entre a sexta-feira e o sábado tivemos notícias
dando conta da aproximação do PP, da deputada Daniella Ribeiro, com o PT.
Ontem mesmo o PT
campinense aprovou a tese, por ampla maioria, da aliança com o PP já no
primeiro turno das eleições municipais. No final da semana passada o PT
anunciou que entregaria os cargos que detinha na administração do prefeito Veneziano.
Mas, esta questão eu analisarei amanhã.
A decisão do PT foi
pragmática e objetiva, os petistas não podiam mesmo desconsiderar os dados da
pesquisa do grupo 6SIGMA. Porque insistir em candidatura própria se na pesquisa
espontânea da 6SIGMA, onde se pergunta em quem se pretende votar sem citar
nomes, só apareceu, do PT, a presidente Dilma e, claro, ela não conta. Nenhum
dos nomes que o PT veio apresentando nos últimos dois meses apareceu na
pesquisa espontânea.
Daniella Ribeiro
apareceu em 1º lugar na pesquisa estimulada, com 5,7 pontos percentuais a
frente do 2º colocado, Romero Rodrigues, e 10,8% a frente da 3ª colocada, Tatiana
Medeiros. Os petistas entenderam que o melhor é compor com a deputada estadual
do PP. É dessa forma que uma pesquisa influencia nos rumos de uma campanha
eleitoral.
É sempre muito
interessante ver como os atores políticos diretamente envolvidos na campanha
reagem às pesquisas eleitorais. Existe até um modelo a seguir. Quem está na
frente diz que o resultado é a “confirmação do trabalho que já vem sendo feito”,
agradece e coisa e tal. Quem aparece mal, tenta desqualificar a consulta e diz
que a verdadeira pesquisa de opinião será feita nas urnas no dia da votação.
A deputada Daniella
Ribeiro não escondeu, claro, sua satisfação, mas não deu maiores declarações
até para não atrapalhar as articulações com o PT. Romero Rodrigues não tem
motivos para estar insatisfeito, pois a pesquisa 6SIGMA deu-lhe bons elementos
para que ele continue suas articulações. Daniella e Romero ficaram em 1º e 2º
lugares, respectivamente e tiveram baixos percentuais de rejeição. Ela com 4,6%
e ele com 5,2% de rejeição.
Este é, sem dúvida, o
melhor cenário para um pré-candidato. Coloca-se bem nas duas pontas da
pesquisa, na preferência e na rejeição.
Já Tatiana Medeiros,
que ficou em 3º lugar com 5,7% e teve o maior índice de rejeição, 15,3% deu uma
declaração controversa. Disse que os índices se devem ao fato dela ainda não
ter deixado o governo Veneziano. Ora, se o governo municipal é bom, como ela
mesma diz, então ela deveria aparecer bem na pesquisa já que é a candidata
oficial do prefeito Veneziano.
sábado, 21 de abril de 2012
TORTURANDO OS DADOS ATÉ QUE ELES FALEM.
Diz-se que a
estatística é a arte de torturar os dados até que eles falem. Vamos “supliciar”
os dados da pesquisa do INSTITUTO 6SIGMA para prefeito de Campina Grande. Para
mim, e também pra os políticos, importa muito observar os dados sobre a
rejeição que os eleitores possam nutrir em relação aos candidatos.
A rejeição é aferida,
nas pesquisas, a partir da questão: “em
qual dos candidatos apontados você não vota em hipótese nenhuma?”. Rejeição importa mais do intenção de voto, já que na
preferência existe a possibilidade de se mudar de opinião. Preferir é diferente
de escolher em
definitivo. Preferir tem algo de incerteza. Rejeitar é
impositivo. É quando o eleitor não admite e até recusa um candidato.
Uma regra da análise é
que só tem chances reais o candidato que, durante a campanha, não ultrapassar
em momento algum os 27 pontos percentuais de rejeição. Na pesquisa eleitoral
divulgada ontem pela 6SIGMA nenhum dos candidatos esteve muito próximo ou
ultrapassou este percentual de 27 pontos. Mas, a luz de alerta deve ter
acendido para a candidata Tatiana Medeiros, pois ela ficou em 1º lugar no
índice de rejeição com 15,3%. Distante 11,7% do índice de 27 pontos.
Campanhas eleitorais
não servem apenas para diminuir rejeições, podem aumentar, dependendo da
condução da campanha, dos fatos nela gerados e do perfil do candidato.
Os concorrentes diretos
de Tatiana tiveram índices de rejeição bem abaixo. Romero Rodrigues aparece com
5,2%, Daniella Ribeiro com 4,6% e Guilherme Almeida com 5,5%. Este deve ser o
índice que cada um levará até o fim da campanha. Outra regra da análise é ter
como aceitável uma rejeição não superior aos 6 pontos percentuais. Na pesquisa
estimulada tivemos Daniella com 16,5%, Romero com 10,8%, Tatiana com 5,7%, Guilherme
com 4,6%. Aqui a tendência é a seguinte.
Daniella e Romero
consolidando suas postulações e ao que tudo indica já fazendo articulações que
apontem para um possível 2º turno. Daniella aparece bem. Tem boa taxa de
preferência e baixa rejeição. Isso serve para vitaminar suas articulações e
muita gente está mesmo querendo juntar-se a ela. Romero também se coloca bem e
traz uma vantagem. Na pesquisa, o vice-governador da Paraíba, Rômulo Gouveia,
aparece com 12,3% das intenções de votos. Rômulo não é candidato. Seu cargo é
mais importante do que o de prefeito. Mas, ele apóia Romero. E vai transferir
algo desse percentual para Romero.
Tatiana e Guilherme têm
que melhorar seus desempenhos. Com esses percentuais não irão muito longe. Mesmo
que possam ter papel importante num 2° turno entre Daniella e Romero. Ainda
temos Fernando Carvalho, com 2,6%; Marlene Alves, com 1,5%; e Arthur Almeida
com 0,6%. Se eles pretendem levar adiante suas postulações devem agir rápido ou
serão meros coadjuvantes no processo.
É óbvio que a
campanha não começou. Que as chapas ainda não foram montadas e que vamos
esperar o guia eleitoral que redireciona as campanhas. Temos casos de
candidatos que iniciaram suas campanhas com índices baixos e seguiram firmes
até a vitória. Sem contar que o jogo só termina quando acaba.
quinta-feira, 19 de abril de 2012
A POLÍTICA COMO UM NEGÓCIO DE FAMÍLIA.
Numa reportagem do Jornal da Paraíba vi vários prefeitos do interior do
estado abrindo mão do direito de postularem a reeleição. Um dos motivos
apontados é o desencanto com a política, em que pese à reportagem só ter citado
um caso de desencantamento. Citou a rumorosa desistência de Luciano Agra a
reeleição em João Pessoa. Só
que ele já recolocou seu nome a disposição do PSB. Parece que se reencantou!
Outro motivo apontado é o
compromisso político. Na verdade, seria um pacto político feito entre aliados. O
que acontece é o seguinte. Numa determinada cidade, uma mesma família
monopoliza a gestão municipal e os seus membros vão se revezando no cargo de
prefeito. A lógica é que todos tenham vez. A família se une e a prefeitura vai
passando de mão-em-mão, como se fosse uma extensão de um dos negócios da
família. Muda-se a titularidade. Mas as secretarias, distribuídas entre os
membros da família, não mudam quase nunca. Algumas vão passando de pai para
filho, viram herança de família.
Temos exemplos interessantes. Em Montadas
o prefeito Lindembergue Souza (DEM) poderia disputar a reeleição, mas abriu mão
para apoiar José Arimatéia, que é seu tio, e foi prefeito por duas gestões
consecutivas. Em 2008, como não podia ser candidato ao 3º mandato, lançou seu
sobrinho Lindemberg. O trato foi que Lindemberg não sairia candidato a
reeleição este ano e apoiaria seu tio. Lindembergue justifica seu ato como
questão de compromisso e honra. O fato é que existe um acordo na família. Aliás,
tio e sobrinho pertencem ao clã Veríssimo Souza que se reveza e se perpetua no
poder a 40 anos.
Caso idêntico, é o de São Sebastião de
Lagoa de Roça. O sobrinho Flávio Bezerra não concorrerá à reeleição e apoiará o
tio Ramalho Alves, que foi prefeito duas vezes. Na cidade de Damião a prefeita Mª
Eleonora (PMDB) não concorrerá à reeleição para apoiar Geoval de Oliveira, que
já foi prefeito duas vezes. Em livramento Jarbas Correia ,
eleito em 2008, pactuou com José Anastácio que não concorreria à reeleição, em
2012, e o apoiaria. Anastácio já foi prefeito duas vezes. Em Cubati, Dimas Pereira
abrirá mão da reeleição para apoiar seu padrinho político Naldo Vieira ou quem
este indicar.
As histórias são as mesmas, mudam
apenas os nomes das cidades e dos atores políticos. A questão é o revezamento
no poder para que nele se perpetuem. A política é mesmo um grande negócio de
família! Os políticos lançam filhos, sobrinhos, esposas, mães, primos e
qualquer parente que estiver ao alcance da mão.
E o fazem seguindo a lógica do compromisso e da confiança, pois não é interessante deixar um negócio na mão de alguém que não se confia. Com uma prefeitura nas mãos, resolve-se a vida de uma família inteira. Imagine o pai ser prefeito, a mãe, secretaria de educação, o filho secretário de saúde?
É um excelente
negócio se não fosse por um detalhe. Ele é feito à custa do dinheiro público e
passa ao largo dos direitos e interesses de toda uma coletividade.
VOCÊ LEMBRA EM QUEM VOTOU NA ÚLTIMA ELEIÇÃO?
Se considerarmos que votar é o ato pelo qual se contrata a representação
política, esquecer o nome daquele que se ajudou a eleger é muito ruim. Dá para
esquecer o nome da pessoa com quem se contratou algo? Imagine assinar um
contrato de locação de um imóvel e esquecer o nome do locatário? É isso que
acontece quando o cidadão-eleitor contrata alguém para representá-lo junto ao
estado. Não é bom esquecer o nome do cidadão-representante.
O fato é que é comum as pessoas esquecerem
em quem voltaram. Em geral, justificam que “político é tudo igual, que é melhor
esquecer mesmo”. Já ouvi que são tantas eleições e que temos que votar em
tantos candidatos que termina sendo normal o esquecimento. Mas, eu não vejo o
esquecimento como fruto da apatia política ou mesmo por uma atitude
irresponsável do eleitor. Chego mesmo a desconfiar dessas justificativas dadas.
O esquecimento se dá pelo fato das pessoas tratarem a política como algo
distante delas. A maioria não se vê fazendo parte do mundo onde as decisões são
tomadas.
É como se o eleitor escolhesse os
que vão entrar num mundo proibido para ele mesmo. Como ele pode escolher quem
vai entrar, se conforma em ficar de fora. O esquecimento é fruto de uma
perversão de nosso sistema político que consagra o ato da escolha dos
representantes como mais importante.
Acostumamo-nos a participar,
animadamente diga-se de passagem, das campanhas eleitorais e do processo mesmo
de escolha, o ato da votação. O problema é que não participamos, ou porque não
temos hábito ou porque não gostamos do processo seguinte a eleição. Que é
quando os representantes tomam posse em seus cargos e vão trabalhar
teoricamente em nosso nome para decidir coisas que dizem respeito a nós mesmos.
Esquecemos rapidamente em quem votamos porque desconhecemos o que fazer para
acompanhar a atuação do nosso representante.
É providencial para muitos políticos
que seus eleitorais se esqueçam mesmo que votaram neles. Assim, ficam livres
para atuarem do jeito que bem quiserem. Imagine que Demóstenes Torres conta
agora com o esquecimento de seus eleitores, para que possa no futuro voltar a
pedir o voto deles. Se o eleitor restringe sua participação no sistema
democrático ao ato de votar está sim assinando um enorme cheque em branco para
o político que elegeu.
Mas, se ele acompanha o
comportamento político do eleito, fiscalizando seus atos e até denunciando
eventuais práticas irregulares a coisa muda de figura. E que não se diga que
não há como fazer isso. Se foi possível demandar ao legislativo a lei da ficha
limpa, dá para usar os mecanismos de controle disponíveis. Vivemos na era da
informação.
AFINAL, PARA QUE SERVE UM VEREADOR? PARTE III
A Câmara dos Vereadores de Campina Grande sofre solução de continuidade.
Funcionado pouco, e mal, devido à ausência de vereadores. Por lei, o governo
municipal repassa à Câmara o dinheiro que paga o salário dos vereadores e as
despesas da casa. A questão é como esse dinheiro é gasto. Respeitando os limites impostos pela lei, são os vereadores
que decidem quanto a Câmara deve receber via duodécimo. O prefeito deve enviar
o que é solicitado.
O caso de Recife é exemplar. Lá os
vereadores pedem sempre o máximo. A Câmara representa 4.5% de tudo o que o
município de Recife arrecada. Lembrando que o percentual não altera com o
número de vereadores. Não importa se Campina têm 16 ou 30 vereadores, o
percentual é o que a lei define. Assim, algo em torno de 5% do que se arrecada
em Campina vai para a Câmara de Vereadores. Se isso é muito ou pouco, depende
daquela relação entre custos e benefícios da qual já falei.
O pior é que, ao que parece, os
vereadores de Campina Grande consomem mal os recursos públicos e não só por
causa das faltas às sessões. Os vereadores concentram os gastos na maximização
de suas chances eleitorais. Investem na manutenção de seus cargos por vê-los
como um meio de ganhar a vida.
A estrutura da Câmara dos Vereadores
atende às demandas eleitorais dos seus ocupantes. Isso, com raras exceções,
cria ambiente favorável ao clientelismo. Mas, porque os vereadores de Campina
são gazeteiros? Porque são preguiçosos? Não,
porque precisam trabalhar para garantir o próximo mandato. E isso é levado a
sério, pois eles criaram o “rodízio da
gazetagem”. Combinam entre si quem faltará e quando. Depois usam a tribuna
para justificar o injustificável.
Cassiano Pascoal (PMDB) pediu ponto
eletrônico na Câmara. Desconfio da eficácia desse procedimento, afinal sempre
se pode dar um jeitinho. Antonio Pereira (PMDB), numa
das sessões que não houve por falta de quorum, disse que tem vereador que
brinca de legislar. Disse que projetos relevantes para a cidade deixam
de ser votados por causa dos tais gazeteiros. O caro ouvinte sabe o que
aconteceu? No dia seguinte o plenário da Câmara estava lotado.
Alguns gazeteiros foram à tribuna reclamar que haviam sido taxados de
irresponsáveis.
Cassiano Pascoal, Olímpio Oliveira,
João Dantas, Nelson Gomes, Pimentel Filho, Tovar Correia e Fernando Carvalho
ecoaram o discurso de Antônio Pereira. Eles se colocam como os mais assíduos da
Câmara, mesmo que estejam tão somente cumprindo seu dever de representantes do
povo. No entanto, eles somam a metade da Câmara. E a outra metade? E os outros
oito vereadores, o que têm a dizer para a sociedade? Como explicam o nada
honroso título de gazeteiros?
O que os faltosos dizem de suas
constantes ausências nas sessões que tratam assuntos relevantes? E suas
constantes presenças nas sessões especiais que lembram datas, nomes, dão
títulos e coisas do gênero? O papel do vereador foi descaracterizado com o
tempo. Eles são essenciais a democracia porque tem o poder de legislar e
fiscalizar os atos do prefeito. Não para dar assistência aos mais necessitados.
terça-feira, 17 de abril de 2012
AFINAL, PARA QUE SERVE UM VEREADOR? PARTE II
Ontem eu falei que o vereador não pode ser provedor
de necessidades individuais. Mas, ele não pode ser apenas um mediador entre a
sociedade e o poder executivo. Muitos vereadores se gabam da habilidade de
arrancarem do prefeito as necessidades das comunidades que representam. Ele até
precisa fazer isso. Mas, só isso?
O vereador leva pleitos
da sociedade para o prefeito, mas ele não é eleito para isso. É o poder
executivo que tem que receber e perceber as demandas da sociedade. Então, e
afinal, para que é mesmo que serve o vereador? Eu falei do que ele não deve ou
não pode fazer. Agora, vou falar das funções dele. O vereador é eleito para
legislar e fiscalizar os atos do poder executivo. É ele que faz as leis que
regem o funcionamento da cidade.
É ele que faz o plano
diretor municipal, a lei orçamentária e a de uso e ocupação do solo, o código
ambiental municipal, etc. As grandes questões da cidade passam pela Câmara dos
Vereadores. A discussão econômica e o tipo de crescimento; o uso dos recursos
ambientais disponíveis; que tipo de indústria deve se instalar na cidade. Tudo
têm que ser debatido e aprovado pela Câmara dos Vereadores.
O vereador é um fiscal
de luxo das atividades do executivo municipal. Cabe a ele observar se o
prefeito utiliza corretamente as receitas orçamentárias. Ele tem que vigiar os
atos do prefeito para saber se ele está cumprindo os compromissos de campanha e
como age na administração pública. Se o vereador faz as leis municipais e
fiscaliza os atos do prefeito, ele é co-responsável pela administração da
cidade.
Ele tem sim uma função
das mais importantes para a cidade. E isso tudo é bem mais importante do que
algum pequeno (ou grande) favor que ele possa prestar. Quando o eleitor pede um
favor ao vereador ou quando ele se ocupa em conseguir um remédio para seu
eleitor, está deixando de cumprir seu real papel.
Então falemos dos
custos que uma Câmara de Vereadores representa para a sociedade. Como eu disse,
em muitos países o vereador é um voluntário. E
que não se pense que isso faz dele um puro de alma. O cidadão que aceita
trabalhar voluntariamente como vereador influencia os destinos da cidade, pois ele
vai agir em benefício de sua família e dos amigos, de sua categoria
profissional, dos que moram na sua rua e em seu bairro. Enfim, essa
representação é pragmática.
Sobre os custos é
preciso ter claro que eles têm que ser compatíveis com os benefícios que a Câmara
aufere a sociedade. De acordo com a Constituição
Federal o total das despesas do município com a Câmara de Vereadores deve ser
compatível com a quantidade de seus habitantes. Uma cidade com até 100 mil
habitantes só pode gastar 7% de sua receita com sua Câmara de Vereadores. Se a
cidade tem entre 100 e 300 mil habitantes só pode comprometer 6% de sua receita
com seus vereadores.
Campina
Grande, que figura entre 300 e 500 mil habitantes só pode gastar 5% com sua
representação. E assim, sucessivamente, até que acima de oito milhões de habitantes
só se gasta 3,5% da receita. A Câmara
de Vereadores torna-se onerosa para a sociedade se não trabalha porque seus
vereadores faltam às sessões, não importando o percentual gasto.
segunda-feira, 16 de abril de 2012
AFINAL, PARA QUE SERVE UM VEREADOR? PARTE I.
Na quarta-feira da semana passada houve uma
discussão no plenário da Câmara dos Vereadores de Campina Grande motivada pela
persistente falta de quorum. Frequentemente a Câmara de Vereadores de Campina
Grande deixa de fazer sessões por que a maioria dos vereadores não comparece.
Alguns
poucos vereadores defenderam que a mesa diretora adote medidas enérgicas para
assegurar a regularidade da realização das sessões. O vereador Olímpio Oliveira
(PMDB) disse que não tem mais que fazer reunião, tem é que cortar o ponto dos
faltosos e descontar da remuneração mensal deles. Os vereadores Cassiano
Pascoal (PMDB) e João Dantas (PSD) estavam indignados com o que chamaram de “os
gazeteiros da Camâra”.
E a situação vai piorar quando a campanha eleitoral
iniciar e os vereadores tiverem que cuidar de suas campanhas eleitorais. Sempre
que acontecem essas discussões é comum as pessoas perguntarem para que é mesmo
que serve um vereador. Quais seriam suas atribuições? Já ouvi muita gente dizer
que não é necessário termos 16 pessoas eleitas com o nosso voto, para nos
representar, e pagas com o nosso dinheiro. Antes que se pense que quero fechar
a Câmara dos Vereadores, sugiro uma reflexão, pois o edil é o mais próximo representante
do povo junto ao Estado. É ele quem intermedeia a relação do povo com o poder
executivo da cidade, ou seja, o prefeito.
E é assim é desde a Roma antiga. Lá havia os
magistrados que cuidavam da ordem pública, do comércio, das provisões de água e
alimentos e de tantos outros encargos públicos. Por volta de 360 a .C., os edis andavam
pela cidade vendo o funcionamento das coisas e ouvindo as pessoas. Depois se
reuniam para solucionar os problemas detectados.
Guardando as devidas proporções é isso que
faz, ou deveria fazer, o vereador dos nossos dias. Mas, porque muitos não fazem
ou fazem de forma torta? Em várias democracias do
mundo, o vereador é um trabalho voluntário em favor da coletividade, sua remuneração
ou é apenas simbólica ou não existe. Os países que adotam esse sistema entendem
que ser vereador não é profissão e, portanto, não exigem dedicação exclusiva do
edil.
Ao
contrário dos deputados e senadores, o vereador não tem custos de deslocamento.
Não é comum, na Europa, por exemplo, ver a vereança como meio de vida. Porque, então, os vereadores brasileiros se
profissionalizaram? Ganham bons salários, sem contar o elevado custo que
representam para as contas públicas.
Antes de dizer o que o
vereador deve fazer, tenho que dizer o que o vereador não pode, ou não deve
fazer. Vereador deve asfaltar rua e tapar buracos? Deve emitir receita médicas
e doar remédios? Pode mesmo distribuir tijolos, sacos de cimentos e próteses
dentárias? Não, o vereador não pode ser provedor de necessidades individuais. Ele
não pode agir como se fosse uma espécie de entidade filantrópica para quem nos
dirigimos nas horas de necessidade.
sexta-feira, 13 de abril de 2012
AFINAL, QUEM É RICARDO COUTINHO?
Ricardo Coutinho foi eleito em condições adversas. Numa onda de
continuísmos, tivemos a mudança. Ao invés de José Maranhão, os paraibanos
preferiram Ricardo. Numa eleição difícil, ele esteve sempre em 2º lugar. A
virada deu-se nos últimos dias e de nada adiantou lançar panfletos apócrifos
dizendo que o “mago” tinha um pacto sinistro com as forças do mal. Já a transição
foi complicada. Ricardo dizia não ter acesso às informações. Falava mesmo que o
governo Maranhão lhe sonegava dados.
Veio a posse e todos deram a Ricardo
o benefício da dúvida. A oposição lhe deu aqueles três ou quatro meses iniciais
sem pressioná-lo. Mas, eis que as contradições ricardistas vieram à tona. Como
governador, Coutinho abandonou as características do parlamentar. Como vereador
e deputado estadual, Ricardo era um defensor do diálogo e da participação da
sociedade nas questões político-institucionais. Como governante, vimos uma
personalidade dada a atos unilaterais, como aquele que decidiu que Luciano Agra
seria seu lugar-tenente na prefeitura de João Pessoa.
Surpreendeu a muitos ver Ricardo
desestimulado ao diálogo com aliados. Indisposto a ouvir os que o cercam antes
de tomar decisões. Causou, não sei se ainda causa, estranheza o fato de Ricardo
mudar tão rapidamente a relação política com as forças e lideranças paraibanas.
Ele já foi aliado e adversário de José Maranhão e já se colocou como a
alternativa ao espectro político paraibano. Era um crítico do senador Cássio
Cunha Lima. Mas, fez uma aliança com este que, tal qual castelos de areia,
podem ruir na primeira onda que passar.
A composição líquida de seu governo
é como a tentativa de misturar a água e o óleo, por mais que se tente cada
elemento ficará em uma camada diferente. Ricardo tem em seu governo todas as colorações
partidárias. Desde o “coletivo girassol”, passando pelo PSB (seu partido) e o PPS,
até o PSDB e o DEM. Mas que não se reclame da composição água-e-óleo
ricardista, já que este é o modelo de governança em nosso país.
Aliás, o que viria a ser o “coletivo
girassol”? Um sólido agrupamento político em torno de ideias que logrou êxito em levar Coutinho ao
governo estadual? Ou, apenas, um ajuntamento em torno de um projeto político
individualizado, útil até quando legitimava a inserção ricardista nas alianças
políticas? Ricardo nunca foi
dado à vida político-partidária. Sua eloquente personalidade não parece caber em siglas. Ele esteve sempre
acima do PT, por onde passou, por exemplo.
O tal “coletivo girassol” diz muito da grandiloquente personalidade ricardista. Como todos sabem, o girassol é uma flor que se movimenta em torno do sol. Ricardo é, ou foi, o sol. O coletivo girava em torno dele. Mas isso parecia incomodá-lo, tanto é que ele decretou, no começo do ano, o fim do coletivo.
O tal “coletivo girassol” diz muito da grandiloquente personalidade ricardista. Como todos sabem, o girassol é uma flor que se movimenta em torno do sol. Ricardo é, ou foi, o sol. O coletivo girava em torno dele. Mas isso parecia incomodá-lo, tanto é que ele decretou, no começo do ano, o fim do coletivo.
Continuará Ricardo sendo o sol, que de tão
luminoso a todos ofusca? Ou será uma estrela que, mesmo brilhante, aceita
dividir o céu com outras mais ou menos luminosas?
quinta-feira, 12 de abril de 2012
PORQUE UMA PREFEITURA É TÃO ATRATIVA
Nunca, em
Campina Grande , tivemos tantas pessoas querendo o cargo de
prefeito. Nesse exato momento temos nove pré-candidatos. Ser prefeito de uma
cidade do porte de Campina Grande é tarefa para poucos. O nível de
responsabilidade é altíssimo.
A primeira grande dificuldade é que se administra sempre com uma pequena quantidade de recursos e com um altíssimo índice de demandas. O gestor tem que tomar decisões e fazer escolhas. Ou seja, ele precisa elencar prioridades, daí que está sempre agradando a alguns e desagradando a muitos. Mas, mesmo assim, muitos desejam o cargo. Afinal, o que torna uma prefeitura algo tão atrativo?
A primeira grande dificuldade é que se administra sempre com uma pequena quantidade de recursos e com um altíssimo índice de demandas. O gestor tem que tomar decisões e fazer escolhas. Ou seja, ele precisa elencar prioridades, daí que está sempre agradando a alguns e desagradando a muitos. Mas, mesmo assim, muitos desejam o cargo. Afinal, o que torna uma prefeitura algo tão atrativo?
Cerca de 1.700 pessoas vão concorrer
as 223 prefeituras das cidades paraibanas. O que dá uma média de 6 a 7 candidatos por município.
O fato é que, a partir de 2013, os eleitos vão administrar cerca de 4 bilhões
de reais, distribuídos de forma desigual, claro, entre os municípios
paraibanos. Um prefeito nomeia pessoas. Na Paraíba existem entre 10 e 15 mil
cargos comissionados. E a distribuição de cargos entre aliados é uma valiosa
moeda de troca.
Os prefeitos têm muitas regalias. Além
de bons salários, diárias para viagens, possuem foro privilegiado e dispõem de
considerável quantidade de pessoas a lhes servirem. O prefeito de Campina
Grande ganha algo em torno de R$ 10.000,00. Tem o "PALÁCIO DO BISPO",
com toda uma estrutura física, administrativa e política, para governar.
Veneziano dispõe de 178 assessores. São 28 para a área política, 48 técnicos e 102 assessores especiais. Um contingente expressivo, convenhamos. E ele não precisa se reportar a ninguém para nomear seus assessores, nem a Câmara dos Vereadores. Ele só precisa atender as suas conveniências políticas.
Veneziano dispõe de 178 assessores. São 28 para a área política, 48 técnicos e 102 assessores especiais. Um contingente expressivo, convenhamos. E ele não precisa se reportar a ninguém para nomear seus assessores, nem a Câmara dos Vereadores. Ele só precisa atender as suas conveniências políticas.
Veneziano tem motorista particular,
alguém para lhe abrir e fechar portas. Isso não deixa de ser um símbolo de
poder e status. O prefeito tem recursos de poder para determinar os caminhos
que a cidade deve seguir. Ele pode implementar políticas públicos que alteram
(para o bem e para o mal) a vida de todos os cidadãos. Para se ter uma ideia o
orçamento municipal para o ano de 2012 é da ordem de R$ 830 milhões. As
demandas são enormes, mas 830 milhões é muito dinheiro! Uma prefeitura como a
de Campina Grande é atrativa para todos aqueles que pretendem alçar grandes
vôos na política estadual e até nacional.
Ser prefeito de Campina Grande projeta o ator político. Veja-se, por exemplo, que na época do São João o prefeito recebe autoridades políticas de todo o Brasil. Os benefícios de ser prefeito são maiores do que os custos. Por isso, todas as vezes que você ouvir um prefeito se lamuriando de suas atribuições lembre que nem tudo é espinho na vida de um gestor.
Ser prefeito de Campina Grande projeta o ator político. Veja-se, por exemplo, que na época do São João o prefeito recebe autoridades políticas de todo o Brasil. Os benefícios de ser prefeito são maiores do que os custos. Por isso, todas as vezes que você ouvir um prefeito se lamuriando de suas atribuições lembre que nem tudo é espinho na vida de um gestor.
quarta-feira, 11 de abril de 2012
QUANDO CÁSSIO CUNHA LIMA VAI ENTRAR NA CAMPANHA?
Todos devem conhecer a brincadeira que consiste em procurar um
personagem, chamado Wally, num enorme desenho recheado de pessoas. Muitos têm
procurado não Wally, mas sim o senador Cássio Cunha Lima. Na verdade, a
pergunta não é onde ele está. A questão é quando ele vai entrar na eleição? Em
que momento vai arregaçar as mangas para tentar eleger Romero Rodrigues
prefeito de Campina Grande? Afora notícias dando conta que eles se reuniram
para traçar planos, não vi ainda o senador dando declarações que possam influir
no processo.
O fato é que Cássio tem um alto poder de influenciar o processo. Mas esta influência pede sua presença – ela pode ser pouco importante se for mantida a distância. Na verdade, o que Cássio tem feito é trabalhado com cautela impar já que o jogo gira em torno do segundo maior colégio eleitoral da Paraíba. Também existem as articulações visando às eleições de 2014, quando as principais lideranças políticas da Paraíba vão pleitear o cargo de governador. Um passo imprudente agora ou uma decisão apressada pode causar estragos desde agora até 2014.
Sobre João Pessoa, ele foi
literalmente tucano. Disse que é preciso “encontrar mecanismos para que a
eleição municipal não interfira na aliança estadual”. O PSDB tem a candidatura
de Cícero Lucena, mas Cássio tem seus compromissos com Ricardo Coutinho e é
improvável que queira que essa aliança venha a ruir por causa de uma disputa
localizada.
Daí que Cássio parece preferir ficar equidistante das polêmicas da capital. Sobre Campina Grande é que temos outra situação. É claro que Cássio quer que prefeitura de Campina volte a fazer parte de seu guarda-chuva político. Mas se a disputa já começou, por onde ele andará? O que está esperando para entrar de vez na eleição?
Daí que Cássio parece preferir ficar equidistante das polêmicas da capital. Sobre Campina Grande é que temos outra situação. É claro que Cássio quer que prefeitura de Campina volte a fazer parte de seu guarda-chuva político. Mas se a disputa já começou, por onde ele andará? O que está esperando para entrar de vez na eleição?
Ele tem cuidado de seu mandato de
senador. Tem se inserido nas questões nacionais, em que pese não estar clara sua
opinião sobre o envolvimento do PSDB no processo político atual. Não se sabe,
por exemplo, sua opinião sobre a participação de José Serra na eleição de São
Paulo ou sobre a possível candidatura de Aécio Neves a presidente da república
em 2014.
O que pretende Cássio, então? Resguardar-se para o momento em que o embate eleitoral se acirrar? Ou quer esperar para ver como vai ficar sua situação política após a decisão do TSE que o tornaria inelegível em 2014? É possível que ele esteja querendo evitar que algum fato da campanha política venha a tornar sua situação futura ainda mais delicada.
O que pretende Cássio, então? Resguardar-se para o momento em que o embate eleitoral se acirrar? Ou quer esperar para ver como vai ficar sua situação política após a decisão do TSE que o tornaria inelegível em 2014? É possível que ele esteja querendo evitar que algum fato da campanha política venha a tornar sua situação futura ainda mais delicada.
O fato é que Cássio tem um alto poder de influenciar o processo. Mas esta influência pede sua presença – ela pode ser pouco importante se for mantida a distância. Na verdade, o que Cássio tem feito é trabalhado com cautela impar já que o jogo gira em torno do segundo maior colégio eleitoral da Paraíba. Também existem as articulações visando às eleições de 2014, quando as principais lideranças políticas da Paraíba vão pleitear o cargo de governador. Um passo imprudente agora ou uma decisão apressada pode causar estragos desde agora até 2014.
terça-feira, 10 de abril de 2012
O OCASO DE UMA LIDERANÇA?
Na semana passada o TRE desaprovou e rejeitou as
contas da campanha eleitoral de 2010 do ex-governador José Maranhão. O TRE
terminou por acatar o parecer do Ministério Público Eleitoral que apontou que a
prestação de contas de Maranhão continha “vícios gravíssimos”. Alguma novidade? Não,
trata-se de mais um político com suas contas rejeitadas pela configuração de
“caixa 2”
na campanha eleitoral. O problema é que Maranhão é pré-candidato a prefeito de João
Pessoa e recente decisão do TSE atesta que a reprovação de contas de campanha
torna o candidato inelegível. Maranhão disse que não existem possibilidades
dele não se candidatar. Fiel ao estilo de não abrir mão do que quer, afirmou
que mantém a candidatura. Mas, as coisas não são tão simples assim!
Maranhão parece
enfrentar o ocaso de sua carreira política. A derrota sofrida para Ricardo Coutinho
o fez sentir o golpe. A campanha de 2010 foi conduzida como se ele tivesse
certeza da vitória. Ele se preparou para tudo menos para perder. Nas
entrevistas após aquela eleição, Maranhão demonstrou um rancor poucas vezes
visto em um político derrotado
Ele vagou dias e dias, como se fosse um fantasma, pelos corredores do poder da Capital Federal em busca de um cargo. Tentou o 1º escalão do governo federal, Dilma disse-lhe não. Tentou o 2º escalão e a Presidente negou-lhe. Eu mesmo cheguei a ter pena da via crucis de Maranhão pelos emaranhados da burocracia brasiliense. Ele já partia para o 3º escalão, quando deve ter percebido que não ficava bem para um ex-governador e ex-senador da república mendigar por um cargo.
Ele vagou dias e dias, como se fosse um fantasma, pelos corredores do poder da Capital Federal em busca de um cargo. Tentou o 1º escalão do governo federal, Dilma disse-lhe não. Tentou o 2º escalão e a Presidente negou-lhe. Eu mesmo cheguei a ter pena da via crucis de Maranhão pelos emaranhados da burocracia brasiliense. Ele já partia para o 3º escalão, quando deve ter percebido que não ficava bem para um ex-governador e ex-senador da república mendigar por um cargo.
Então, ele veio para a Paraíba
e foi descansar em uma das onze propriedades rurais que apresentou como suas na
declaração de bens apresentada à justiça eleitoral. Quando eu, na minha
ingenuidade de analista, achava que ele havia se resignado, eis que o
ex-governador lança-se candidato a prefeito de João Pessoa. Num processo
conduzido com mão-de-ferro pelo próprio Maranhão, o PMDB decidiu lançá-lo
candidato, deixando de lado nomes como o do deputado federal Manoel Jr. E não
tem se passado um único dia em que políticos do próprio PMDB ou aliados não
deixem de pedir a Maranhão para que reconsidere sua postulação. Com a decisão
do TRE, as insatisfações reinantes tendem a aumentar. Sem contar que é comum
vermos pessoas dizerem que o tempo político de Maranhão findou.
E que não se diga que
me refiro à idade do ex-governador, em setembro ele fará 79 anos. Também não me
reporto ao fato dele ser um homem com uma situação financeira muito bem
definida. Sua declaração de bens apresentada à justiça eleitoral em 2010 dá
conta de um patrimônio de mais de 7 milhões de reais. Só que os políticos não
costumam declarar tudo que possuem. O tempo político de Maranhão passou pelas
suas ideias um tanto quanto antigas. Pelo seu jeito coronelístico de governar e
sua forma rancorosa de fazer política.
Dizem que, na África
setentrional, quando um elefante fica muito velho é afastado da manada pelos
jovens elefantes. Ele é deixado num canto, para ter seu ocaso, e a manada segue
seu caminho. Será que o inferno astral
que José Maranhão vem enfrentando significa que ele está sendo deixado de lado
pelos elefantinhos da política paraibana?
segunda-feira, 9 de abril de 2012
EXPLICANDO O DILEMA DO POSTE
A capacidade de transferência de votos de um líder
político pode variar entre uma eleição e outra. Ou seja, ela não é constante. Não
basta um líder político pedir para se votar num determinado candidato, pois ele
tem que ser merecedor, aos olhos do eleitor claro, da transferência. É preciso
entender que a transferência de votos não é algo automático. Não basta um
grande líder político pedir para se votar em quem ele bem queira. Não é porque
o líder é um Lula da vida que os eleitores vão votar em qualquer um que ele
queira. A história do poste surgiu disso.
Dizia-se que existiam
políticos que de tão populares e tão bem avaliados poderiam eleger o que bem
quisessem. Até mesmo um poste. Em setembro de 2008, por exemplo, Lula era tão
bem avaliado que muitos analistas diziam que ele elegeria até um poste, se
assim quisesse. Mas, como é que surge a história do poste? O advento da
reeleição, a proibição dos governantes buscarem um 3º mandato consecutivo e as
restrições para que tentem colocar parentes como sucessores criou nova
situação. Assim, ter um aliado de confiança como sucessor é estratégico, pois
partidos e políticos não querem deixar o governo para um adversário, por
motivos mais do que óbvios.
Quando o líder político
torna-se cabo eleitoral aumenta sua popularidade. Enquanto pede votos para seu
aliado, aumenta sua exposição, fala do que fez e turbina seus projetos
políticos futuros. Mas, este é um jogo delicado, pois se em caso de vitória a
demonstração de força é grande, em caso de derrota o poder de liderar as massas
é questionado de cima a baixo. Não fazer o sucessor é uma das piores derrotas
que um líder político pode sofrer. É sempre um jogo de aposta alta.
É este o dilema que Veneziano enfrenta hoje. Se Tatiana for eleita, ele entra no jogo eleitoral de 2014, se ela perder, ele fica com o ônus da derrota, além do oxigênio dos políticos que é o cargo público. Cássio Cunha Lima também tem seu dilema. Além de colocar a prova seu prestígio político, apoiando Romero Rodrigues, pode vir a ter que lidar com uma terceira derrota consecutiva em seu principal reduto eleitoral. Já Daniella Ribeiro conta com a capacidade de transferência de votos, para somar ao seu capital eleitoral, mas este é um dilema menos complicado, pois se trata de uma questão de herança política. Claro, o tamanho do dilema de cada um é proporcional a situação política que possuem. A situação de Romero é mais cômoda, pois Cássio Cunha Lima vem sendo um bom cabo eleitoral. Veja-se como ele foi útil na eleição de Ricardo Coutinho.
É este o dilema que Veneziano enfrenta hoje. Se Tatiana for eleita, ele entra no jogo eleitoral de 2014, se ela perder, ele fica com o ônus da derrota, além do oxigênio dos políticos que é o cargo público. Cássio Cunha Lima também tem seu dilema. Além de colocar a prova seu prestígio político, apoiando Romero Rodrigues, pode vir a ter que lidar com uma terceira derrota consecutiva em seu principal reduto eleitoral. Já Daniella Ribeiro conta com a capacidade de transferência de votos, para somar ao seu capital eleitoral, mas este é um dilema menos complicado, pois se trata de uma questão de herança política. Claro, o tamanho do dilema de cada um é proporcional a situação política que possuem. A situação de Romero é mais cômoda, pois Cássio Cunha Lima vem sendo um bom cabo eleitoral. Veja-se como ele foi útil na eleição de Ricardo Coutinho.
sexta-feira, 6 de abril de 2012
ANALISANDO AS NOVE PRÉ-CANDIDATURAS
Em nove dias tratei das nove pré-candidaturas, postas publicamente, a Prefeito
De Campina Grande. Tivemos: Romero Rodrigues, Tatiana Medeiro, Marlene Alves,
Guilherme Almeida, David Lobão, Fernando Carvalho, Alexandre Almeida, Arthur
Almeida e Daniella Ribeiro. O objetivo foi apresentar informações para apontar
quais pré-candidaturas são viáveis. Então, veremos quais são os que não vão
sobreviver ao que eu chamo de período probatório das candidaturas. Pois, até o
dia 06 de junho nós temos o prazo final para as convenções partidárias e os
pré-candidatos trabalham para reunirem aliados e apoios.
Das nove, cinco ocupam cargos
eletivos (Romero, Marlene, Guilherme, Fernando e Daniella). Apenas uma (Tatiana)
ocupa uma secretaria de governo. E três (Lobão, Alexandre e Arthur) não ocupam
cargos públicos. Em termos de capital eleitoral, ou seja, sobre o que estes
pré-candidatos dispõem para não partirem do zero quando a campanha começar
vejamos que: Apenas Romero, Guilherme, Fernando e Daniella são fiéis
depositários de boa quantidade de votos conquistados em eleições anteriores.
Romero, inclusive, dispõe de um
apoiador, eu falo do senador Cássio Cunha Lima, suficientemente forte que pode
colocá-lo no segundo turno e até mesmo levá-lo a vitória. Óbvio, a capacidade
de transferência de votos de um líder político varia de eleição para eleição. Ou
seja, o dilema do poste tem que ser resolvido a cada nova eleição.
Daniella tem o apoio e a estrutura
que sua família lhe dá, além do valoroso apoio de seu irmão, Ministro das
Cidades, Aguinaldo Ribeiro, e vem se articulando bem. Fernando e Guilherme,
mesmo sendo parlamentares bem votados e experientes, carecem de apoios e
alianças consolidadas. Mas, podem ser peças chaves no jogo. Podem até mesmo
conquistarem a vaga de vice em alguma candidatura mais sólida, mas os vejo com fôlego
para chegarem a um 2º turno.
Tatiana disporá do apoio de Veneziano
e, inevitavelmente, terá a estrutura da Prefeitura Municipal a sua disposição. Mas,
pairam dúvidas sobre se ela decolará. Vai depender do tipo de comportamento que
Tatiana terá e se conseguirá cativar o eleitor fiel de Veneziano, pois a
transferência de votos não é algo automático. Não basta o líder político pedir
para seu eleitorado votar no poste. Ele tem que ser merecedor, aos olhos do
eleitor, claro, da transferência.
quinta-feira, 5 de abril de 2012
ANALISANDO OS PRÉ-CANDIDATOS – DANIELLA RIBEIRO
Daniella Ribeiro é filiada ao PP. Tem 39 anos, é divorciada e
campinense. É pedagoga pela UEPB, com pós-graduação em relações internacionais
pela UNB. O valor total de seus bens declarados é de R$ 72.000,00. Ela já foi
vereadora em Campina
Grande e candidata a vice-prefeita na chapa com Rômulo
Gouveia. Foi eleita deputada estadual nas últimas eleições com 29.863 sufrágios
ou 1,5% dos votos válidos. Em suas atuações parlamentares, Daniella é sempre
bem avaliada.
Ela vem de uma tradicional família
da política paraíbana. Seu pai, Enivaldo Ribeiro, foi prefeito de Campina e
deputado federal. Sua mãe, Virgínia Velloso, é prefeita de pilar. Seu irmão, Agnaldo
Ribeiro, é deputado federal e é o atual ministro das cidades do governo Dilma
Rousseff. Talvez, Daniella queira ser prefeita bem mais pelo seu histórico
familiar do que pela sua atuação parlamentar.
A família Ribeiro vê a atividade
política como um negócio próprio. Enivaldo Ribeiro foi preparando seus filhos
para darem prosseguimento a sua carreira. Não é a toa que ele foi repassando,
como se fosse uma herança, o invejável capital político eleitoral que sempre
dispôs em Campina Grande. Daniella
é um daqueles casos em que a família dedica longos esforços para prepará-la para
a vida pública. Isso faz com que o fato dela não ter, ainda, experiência como
gestora pública seja quase imperceptível.
Os passos de sua carreira política
são muito bem pensados. Veja-se que ela foi candidata a vice de Rômulo Gouveia
e, mesmo perdendo, ganhou em popularidade. Se para alguns candidatos essa
eleição para prefeito tem a função de torná-los conhecidos, para Daniella, não,
ela está no jogo para disputar e ganhar, se possível.
Daniella é bem conhecida nos bairros
populares da cidade, pelo seu trabalho assistencialista. Ela se utiliza bem do
discurso de que é uma “mulher do povo”, mesmo que não tenha emergido das
camadas populares. Ela sabe bem utilizar sua disposição para enfrentar
polêmicas. Raramente ela desiste de um debate e, ao que parece, quanto mais
acirrado ele for melhor para ela.
Talvez, a curto ou médio prazos, as
denúncias feitas ao seu irmão, Aguinaldo Ribeiro, possam nela respingar. Se a
indicação de Agnaldo para o ministério das cidades fortaleceu sua candidatura,
podendo ainda trazer muitos dividendos, uma renuncia forçada pode vir a enfraquecê-la.
Por enquanto não é o que se vê. Nem na mídia e nem na sociedade pode-se ver uma
relação negativa entre a questão do “JAMPA DIGITAL” e a sua candidatura. Obviamente,
que todas as acusações que pesam sobre o ministro Aguinaldo podem vir a ser
usadas pelos adversários de Daniela, no guia eleitoral.
Sobre as chances da candidatura de Daniela,
posso dizer que são promissoras. Ela se coloca entre os três primeiros. A preço
de hoje, ninguém apostaria num 2º turno sem Daniella Ribeiro. A política de
alianças que ela vem desenvolvendo demonstra bem isso, pois seu partido vem
negociando com vários outros. Inclusive, existe a possibilidade de um dos
atuais pré-candidatos vir a ser tornar o vice na chapa de Daniella e isso, sim,
a tornaria bastante forte. Mas, como caldo de galinha e cautela nunca fez mal a
ninguém, certa parcimônia neste momento deve ajudar. Até porque num jogo de
aposta alta como este ninguém quer perder e todo mundo quer ganhar.
quarta-feira, 4 de abril de 2012
ANALISANDO OS PRÉ-CANDIDATOS – ARTHUR ALMEIDA
Arthur Almeida é filiado ao PTB. Tem 42 anos, é casado, e natural de
campina grande. É formado em direito pela UEPB e é um bem sucedido empresário
do segmento de vestuário masculino. Arthur exerce liderança no meio comercial e
empresarial campinense, tendo, inclusive, sido presidente da Câmara de
Diretores Logistas (Cdl) de Campina Grande.
E foi exercendo essa atuação como líder classista que Arthur adentrou no terreno da política partidária, tornando-se presidente do diretório campinense do PTB.
Obviamente, que esta é uma questão que ele precisa resolver. Pois a atividade política que ele desenvolve o torna sim um político profissional. Se ele vier a se tornar prefeito de Campina Grande vai ocupar um cargo eminentemente político que envolve, dentre outras coisas, atividade administrativa. Como pré-candidato Arthur busca a linha da independência política. Coloca-se como não aliado de ambos os grupos políticos hegemônicos da Paraíba. Ele critica as gestões que já administraram Campina, por elas terem sido realizadas com objetivos políticos. “Campina é apenas usada como trampolim político”, diz Arthur.
Sobre se a pré-candidatura de Arthur vingará, não se sabe. Faltam-lhe apoios em setores diversificados da sociedade. Ele também não dispõe de uma sólida política de alianças com outros partidos, o que limita o tempo no guia eleitoral do rádio e da TV. Mas, o que falta mesmo a Arthur é resolver essa espécie de crise de identidade que ele carrega entre ser um administrador de empresas ou um político profissional. A Prefeitura Municipal de Campina Grande está muito longe de ser uma empresa que se administra visando a eficiência nos negócios.
E foi exercendo essa atuação como líder classista que Arthur adentrou no terreno da política partidária, tornando-se presidente do diretório campinense do PTB.
Com essa inserção
político-partidária, Arthur passou a ser cogitado a disputar as eleições
municipais. Em 2008 lançou-se candidato a prefeito de Campina Grande. Mas,
terminou retirando sua candidatura para apoiar a de Rômulo Gouveia, inclusive
foi coordenador naquela campanha do atual vice-governador.
Arthur demonstra conhecer bem Campina
e seus problemas. Quando participa do “Debate Integração” ele estuda o tema que
vai ser discutido. Recentemente, acerca da polêmica do aterro sanitário, demonstrou
um bom nível de conhecimento, pontuando as questões mais técnicas, inclusive. Ele
defende que Campina precisa de uma gestão menos política e mais administrativa.
Defende que Campina precisa de um choque de gestão no setor público. No seu
blog, sugere um tipo de gestão que alavanque um verdadeiro processo de
crescimento, retomando a vocação da Rainha da Borborema. Arthur diz, ainda, que
não é e nem deseja ser político profissional, mesmo sendo presidente do seu
partido e candidato a prefeito.
Obviamente, que esta é uma questão que ele precisa resolver. Pois a atividade política que ele desenvolve o torna sim um político profissional. Se ele vier a se tornar prefeito de Campina Grande vai ocupar um cargo eminentemente político que envolve, dentre outras coisas, atividade administrativa. Como pré-candidato Arthur busca a linha da independência política. Coloca-se como não aliado de ambos os grupos políticos hegemônicos da Paraíba. Ele critica as gestões que já administraram Campina, por elas terem sido realizadas com objetivos políticos. “Campina é apenas usada como trampolim político”, diz Arthur.
Sobre se a pré-candidatura de Arthur vingará, não se sabe. Faltam-lhe apoios em setores diversificados da sociedade. Ele também não dispõe de uma sólida política de alianças com outros partidos, o que limita o tempo no guia eleitoral do rádio e da TV. Mas, o que falta mesmo a Arthur é resolver essa espécie de crise de identidade que ele carrega entre ser um administrador de empresas ou um político profissional. A Prefeitura Municipal de Campina Grande está muito longe de ser uma empresa que se administra visando a eficiência nos negócios.
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