Numa reportagem do Jornal da Paraíba vi vários prefeitos do interior do
estado abrindo mão do direito de postularem a reeleição. Um dos motivos
apontados é o desencanto com a política, em que pese à reportagem só ter citado
um caso de desencantamento. Citou a rumorosa desistência de Luciano Agra a
reeleição em João Pessoa. Só
que ele já recolocou seu nome a disposição do PSB. Parece que se reencantou!
Outro motivo apontado é o
compromisso político. Na verdade, seria um pacto político feito entre aliados. O
que acontece é o seguinte. Numa determinada cidade, uma mesma família
monopoliza a gestão municipal e os seus membros vão se revezando no cargo de
prefeito. A lógica é que todos tenham vez. A família se une e a prefeitura vai
passando de mão-em-mão, como se fosse uma extensão de um dos negócios da
família. Muda-se a titularidade. Mas as secretarias, distribuídas entre os
membros da família, não mudam quase nunca. Algumas vão passando de pai para
filho, viram herança de família.
Temos exemplos interessantes. Em Montadas
o prefeito Lindembergue Souza (DEM) poderia disputar a reeleição, mas abriu mão
para apoiar José Arimatéia, que é seu tio, e foi prefeito por duas gestões
consecutivas. Em 2008, como não podia ser candidato ao 3º mandato, lançou seu
sobrinho Lindemberg. O trato foi que Lindemberg não sairia candidato a
reeleição este ano e apoiaria seu tio. Lindembergue justifica seu ato como
questão de compromisso e honra. O fato é que existe um acordo na família. Aliás,
tio e sobrinho pertencem ao clã Veríssimo Souza que se reveza e se perpetua no
poder a 40 anos.
Caso idêntico, é o de São Sebastião de
Lagoa de Roça. O sobrinho Flávio Bezerra não concorrerá à reeleição e apoiará o
tio Ramalho Alves, que foi prefeito duas vezes. Na cidade de Damião a prefeita Mª
Eleonora (PMDB) não concorrerá à reeleição para apoiar Geoval de Oliveira, que
já foi prefeito duas vezes. Em livramento Jarbas Correia ,
eleito em 2008, pactuou com José Anastácio que não concorreria à reeleição, em
2012, e o apoiaria. Anastácio já foi prefeito duas vezes. Em Cubati, Dimas Pereira
abrirá mão da reeleição para apoiar seu padrinho político Naldo Vieira ou quem
este indicar.
As histórias são as mesmas, mudam
apenas os nomes das cidades e dos atores políticos. A questão é o revezamento
no poder para que nele se perpetuem. A política é mesmo um grande negócio de
família! Os políticos lançam filhos, sobrinhos, esposas, mães, primos e
qualquer parente que estiver ao alcance da mão.
E o fazem seguindo a lógica do compromisso e da confiança, pois não é interessante deixar um negócio na mão de alguém que não se confia. Com uma prefeitura nas mãos, resolve-se a vida de uma família inteira. Imagine o pai ser prefeito, a mãe, secretaria de educação, o filho secretário de saúde?
É um excelente
negócio se não fosse por um detalhe. Ele é feito à custa do dinheiro público e
passa ao largo dos direitos e interesses de toda uma coletividade.