quinta-feira, 19 de abril de 2012

VOCÊ LEMBRA EM QUEM VOTOU NA ÚLTIMA ELEIÇÃO?


Se considerarmos que votar é o ato pelo qual se contrata a representação política, esquecer o nome daquele que se ajudou a eleger é muito ruim. Dá para esquecer o nome da pessoa com quem se contratou algo? Imagine assinar um contrato de locação de um imóvel e esquecer o nome do locatário? É isso que acontece quando o cidadão-eleitor contrata alguém para representá-lo junto ao estado. Não é bom esquecer o nome do cidadão-representante.



O fato é que é comum as pessoas esquecerem em quem voltaram. Em geral, justificam que “político é tudo igual, que é melhor esquecer mesmo”. Já ouvi que são tantas eleições e que temos que votar em tantos candidatos que termina sendo normal o esquecimento. Mas, eu não vejo o esquecimento como fruto da apatia política ou mesmo por uma atitude irresponsável do eleitor. Chego mesmo a desconfiar dessas justificativas dadas. O esquecimento se dá pelo fato das pessoas tratarem a política como algo distante delas. A maioria não se vê fazendo parte do mundo onde as decisões são tomadas.


É como se o eleitor escolhesse os que vão entrar num mundo proibido para ele mesmo. Como ele pode escolher quem vai entrar, se conforma em ficar de fora. O esquecimento é fruto de uma perversão de nosso sistema político que consagra o ato da escolha dos representantes como mais importante.


Acostumamo-nos a participar, animadamente diga-se de passagem, das campanhas eleitorais e do processo mesmo de escolha, o ato da votação. O problema é que não participamos, ou porque não temos hábito ou porque não gostamos do processo seguinte a eleição. Que é quando os representantes tomam posse em seus cargos e vão trabalhar teoricamente em nosso nome para decidir coisas que dizem respeito a nós mesmos. Esquecemos rapidamente em quem votamos porque desconhecemos o que fazer para acompanhar a atuação do nosso representante.


É providencial para muitos políticos que seus eleitorais se esqueçam mesmo que votaram neles. Assim, ficam livres para atuarem do jeito que bem quiserem. Imagine que Demóstenes Torres conta agora com o esquecimento de seus eleitores, para que possa no futuro voltar a pedir o voto deles. Se o eleitor restringe sua participação no sistema democrático ao ato de votar está sim assinando um enorme cheque em branco para o político que elegeu.


Mas, se ele acompanha o comportamento político do eleito, fiscalizando seus atos e até denunciando eventuais práticas irregulares a coisa muda de figura. E que não se diga que não há como fazer isso. Se foi possível demandar ao legislativo a lei da ficha limpa, dá para usar os mecanismos de controle disponíveis. Vivemos na era da informação.


Se os ditadores do oriente médio não bloqueiam totalmente a informação, o que dirá nós com todo o aparato que temos? Pela internet é possível acompanhar em tempo real as sessões legislativas. Assim você não esquecerá em quem votou na última eleição.