terça-feira, 17 de abril de 2012

AFINAL, PARA QUE SERVE UM VEREADOR? PARTE II


Ontem eu falei que o vereador não pode ser provedor de necessidades individuais. Mas, ele não pode ser apenas um mediador entre a sociedade e o poder executivo. Muitos vereadores se gabam da habilidade de arrancarem do prefeito as necessidades das comunidades que representam. Ele até precisa fazer isso. Mas, só isso?


O vereador leva pleitos da sociedade para o prefeito, mas ele não é eleito para isso. É o poder executivo que tem que receber e perceber as demandas da sociedade. Então, e afinal, para que é mesmo que serve o vereador? Eu falei do que ele não deve ou não pode fazer. Agora, vou falar das funções dele. O vereador é eleito para legislar e fiscalizar os atos do poder executivo. É ele que faz as leis que regem o funcionamento da cidade.


É ele que faz o plano diretor municipal, a lei orçamentária e a de uso e ocupação do solo, o código ambiental municipal, etc. As grandes questões da cidade passam pela Câmara dos Vereadores. A discussão econômica e o tipo de crescimento; o uso dos recursos ambientais disponíveis; que tipo de indústria deve se instalar na cidade. Tudo têm que ser debatido e aprovado pela Câmara dos Vereadores.


O vereador é um fiscal de luxo das atividades do executivo municipal. Cabe a ele observar se o prefeito utiliza corretamente as receitas orçamentárias. Ele tem que vigiar os atos do prefeito para saber se ele está cumprindo os compromissos de campanha e como age na administração pública. Se o vereador faz as leis municipais e fiscaliza os atos do prefeito, ele é co-responsável pela administração da cidade.


Ele tem sim uma função das mais importantes para a cidade. E isso tudo é bem mais importante do que algum pequeno (ou grande) favor que ele possa prestar. Quando o eleitor pede um favor ao vereador ou quando ele se ocupa em conseguir um remédio para seu eleitor, está deixando de cumprir seu real papel.


Então falemos dos custos que uma Câmara de Vereadores representa para a sociedade. Como eu disse, em muitos países o vereador é um voluntário. E que não se pense que isso faz dele um puro de alma. O cidadão que aceita trabalhar voluntariamente como vereador influencia os destinos da cidade, pois ele vai agir em benefício de sua família e dos amigos, de sua categoria profissional, dos que moram na sua rua e em seu bairro. Enfim, essa representação é pragmática.


Sobre os custos é preciso ter claro que eles têm que ser compatíveis com os benefícios que a Câmara aufere a sociedade. De acordo com a Constituição Federal o total das despesas do município com a Câmara de Vereadores deve ser compatível com a quantidade de seus habitantes. Uma cidade com até 100 mil habitantes só pode gastar 7% de sua receita com sua Câmara de Vereadores. Se a cidade tem entre 100 e 300 mil habitantes só pode comprometer 6% de sua receita com seus vereadores.


Campina Grande, que figura entre 300 e 500 mil habitantes só pode gastar 5% com sua representação. E assim, sucessivamente, até que acima de oito milhões de habitantes só se gasta 3,5% da receita. A Câmara de Vereadores torna-se onerosa para a sociedade se não trabalha porque seus vereadores faltam às sessões, não importando o percentual gasto.