Há doze anos eu entrevistei (para uma pesquisa) um
líder do PT em Recife. Queria
saber sobre o comportamento da esquerda nos momentos de tomar decisões
internas. Este líder me disse que o problema é quando dois ou três grupos do PT
discutem em torno de propostas diferentes, pois terminam se enfrentando de
forma violenta. Disse-me que tomar decisões democráticas no PT é algo quase
impossível. O grupo que sai derrotado não aceita o resultado e vai para a
imprensa reclamar. Já o grupo que sai vitorioso quase sempre abusa do poder da
maioria e utiliza alguns procedimentos não tão democráticos para impor sua
vontade.
Parece que é isso que aconteceu em Campina Grande. O
PT, tal qual o PSDB paulista, transforma seus processos decisórios internos em
grandes celeumas públicas. Como em João Pessoa , o PT de Campina se dividiu entre
lançar candidatura própria ou apoiar outras postulações, desde que pudesse ter
a vice-candiddatura.
Essa é a estratégia do ex-presidente Lula. Ceder os
postos de governador e de prefeito, ficando com os cargos de vice, para manter
a coalizão que sustenta o governo federal no Congresso Nacional. Essa
estratégia é boa a curto prazo, pelo interesse momentâneo, e desastrosa a longo
prazo porque vai limitando os espaços do partido pelo país a fora.
O fato é que existia a pré-candidatura de Alexandre
Almeida que muitos, inclusive eu, acreditavam que não iria a lugar nenhum. Mas
os defensores da tese da candidatura própria se desentenderam porque não
souberam, ou não quiseram, trabalhar em torno de um único nome. Apareceram
quatro nomes postulando a candidatura própria.
O grupo defensor de uma coligação partidária se
valeu do fracionamento. O PT ainda tinha que enfrentar a contradição de ao
mesmo tempo em que compunha o governo Veneziano querer um projeto de oposição a
ele. Era gritante a contradição. Com cargos na administração municipal, o PT só
pensava em fazer oposição ao governo Veneziano. Até que entregaram os cargos.
Talvez por verem fraquezas no governo municipal e duvidarem da viabilidade do
projeto eleitoral de Veneziano e Tatiana.
O mais estranho é que
parece haver dois PT’s em
Campina. Um que lança nomes e se esforça para nos convencer
de que é dotado de vontade própria. Outro que deixa os encontros partidários
acontecerem, enquanto se reúne com lideranças de outros partidos como o PP.
Na sexta-feira,
enquanto se organizava a reunião do domingo, lideranças do PT se reuniam com
Daniella e Aguinaldo Ribeiro e selevam o acordo. Na capital o PT indicará
Luciano Cartaxo candidato a prefeito e o PP o seu vice. Em Campina o PP
indicará Daniella Ribeiro e o PT o vice dela.
O encontro petista
acabou em briga, pois os interesses eram inconciliáveis. Havia o grupo que
queria impor suas pequenas vontades e o que tinha que honrar o compromisso
feito com o PP. Assim vem sendo o PT paraibano a pelo menos 20 anos. Seus
membros brigam em torno de pequenos projetos. Dessa forma, o PT nunca terá
vitoriosos, só derrotados.