terça-feira, 24 de abril de 2012

AFINAL, O QUE PRETENDEM OS PETISTAS?


Há doze anos eu entrevistei (para uma pesquisa) um líder do PT em Recife. Queria saber sobre o comportamento da esquerda nos momentos de tomar decisões internas. Este líder me disse que o problema é quando dois ou três grupos do PT discutem em torno de propostas diferentes, pois terminam se enfrentando de forma violenta. Disse-me que tomar decisões democráticas no PT é algo quase impossível. O grupo que sai derrotado não aceita o resultado e vai para a imprensa reclamar. Já o grupo que sai vitorioso quase sempre abusa do poder da maioria e utiliza alguns procedimentos não tão democráticos para impor sua vontade.


Parece que é isso que aconteceu em Campina Grande. O PT, tal qual o PSDB paulista, transforma seus processos decisórios internos em grandes celeumas públicas. Como em João Pessoa, o PT de Campina se dividiu entre lançar candidatura própria ou apoiar outras postulações, desde que pudesse ter a vice-candiddatura.


Essa é a estratégia do ex-presidente Lula. Ceder os postos de governador e de prefeito, ficando com os cargos de vice, para manter a coalizão que sustenta o governo federal no Congresso Nacional. Essa estratégia é boa a curto prazo, pelo interesse momentâneo, e desastrosa a longo prazo porque vai limitando os espaços do partido pelo país a fora.


O fato é que existia a pré-candidatura de Alexandre Almeida que muitos, inclusive eu, acreditavam que não iria a lugar nenhum. Mas os defensores da tese da candidatura própria se desentenderam porque não souberam, ou não quiseram, trabalhar em torno de um único nome. Apareceram quatro nomes postulando a candidatura própria.


O grupo defensor de uma coligação partidária se valeu do fracionamento. O PT ainda tinha que enfrentar a contradição de ao mesmo tempo em que compunha o governo Veneziano querer um projeto de oposição a ele. Era gritante a contradição. Com cargos na administração municipal, o PT só pensava em fazer oposição ao governo Veneziano. Até que entregaram os cargos. Talvez por verem fraquezas no governo municipal e duvidarem da viabilidade do projeto eleitoral de Veneziano e Tatiana.


O mais estranho é que parece haver dois PT’s em Campina. Um que lança nomes e se esforça para nos convencer de que é dotado de vontade própria. Outro que deixa os encontros partidários acontecerem, enquanto se reúne com lideranças de outros partidos como o PP.


Na sexta-feira, enquanto se organizava a reunião do domingo, lideranças do PT se reuniam com Daniella e Aguinaldo Ribeiro e selevam o acordo. Na capital o PT indicará Luciano Cartaxo candidato a prefeito e o PP o seu vice. Em Campina o PP indicará Daniella Ribeiro e o PT o vice dela.


O encontro petista acabou em briga, pois os interesses eram inconciliáveis. Havia o grupo que queria impor suas pequenas vontades e o que tinha que honrar o compromisso feito com o PP. Assim vem sendo o PT paraibano a pelo menos 20 anos. Seus membros brigam em torno de pequenos projetos. Dessa forma, o PT nunca terá vitoriosos, só derrotados.