Ricardo Coutinho foi eleito em condições adversas. Numa onda de
continuísmos, tivemos a mudança. Ao invés de José Maranhão, os paraibanos
preferiram Ricardo. Numa eleição difícil, ele esteve sempre em 2º lugar. A
virada deu-se nos últimos dias e de nada adiantou lançar panfletos apócrifos
dizendo que o “mago” tinha um pacto sinistro com as forças do mal. Já a transição
foi complicada. Ricardo dizia não ter acesso às informações. Falava mesmo que o
governo Maranhão lhe sonegava dados.
Veio a posse e todos deram a Ricardo
o benefício da dúvida. A oposição lhe deu aqueles três ou quatro meses iniciais
sem pressioná-lo. Mas, eis que as contradições ricardistas vieram à tona. Como
governador, Coutinho abandonou as características do parlamentar. Como vereador
e deputado estadual, Ricardo era um defensor do diálogo e da participação da
sociedade nas questões político-institucionais. Como governante, vimos uma
personalidade dada a atos unilaterais, como aquele que decidiu que Luciano Agra
seria seu lugar-tenente na prefeitura de João Pessoa.
Surpreendeu a muitos ver Ricardo
desestimulado ao diálogo com aliados. Indisposto a ouvir os que o cercam antes
de tomar decisões. Causou, não sei se ainda causa, estranheza o fato de Ricardo
mudar tão rapidamente a relação política com as forças e lideranças paraibanas.
Ele já foi aliado e adversário de José Maranhão e já se colocou como a
alternativa ao espectro político paraibano. Era um crítico do senador Cássio
Cunha Lima. Mas, fez uma aliança com este que, tal qual castelos de areia,
podem ruir na primeira onda que passar.
A composição líquida de seu governo
é como a tentativa de misturar a água e o óleo, por mais que se tente cada
elemento ficará em uma camada diferente. Ricardo tem em seu governo todas as colorações
partidárias. Desde o “coletivo girassol”, passando pelo PSB (seu partido) e o PPS,
até o PSDB e o DEM. Mas que não se reclame da composição água-e-óleo
ricardista, já que este é o modelo de governança em nosso país.
Aliás, o que viria a ser o “coletivo
girassol”? Um sólido agrupamento político em torno de ideias que logrou êxito em levar Coutinho ao
governo estadual? Ou, apenas, um ajuntamento em torno de um projeto político
individualizado, útil até quando legitimava a inserção ricardista nas alianças
políticas? Ricardo nunca foi
dado à vida político-partidária. Sua eloquente personalidade não parece caber em siglas. Ele esteve sempre
acima do PT, por onde passou, por exemplo.
O tal “coletivo girassol” diz muito da grandiloquente personalidade ricardista. Como todos sabem, o girassol é uma flor que se movimenta em torno do sol. Ricardo é, ou foi, o sol. O coletivo girava em torno dele. Mas isso parecia incomodá-lo, tanto é que ele decretou, no começo do ano, o fim do coletivo.
O tal “coletivo girassol” diz muito da grandiloquente personalidade ricardista. Como todos sabem, o girassol é uma flor que se movimenta em torno do sol. Ricardo é, ou foi, o sol. O coletivo girava em torno dele. Mas isso parecia incomodá-lo, tanto é que ele decretou, no começo do ano, o fim do coletivo.
Continuará Ricardo sendo o sol, que de tão
luminoso a todos ofusca? Ou será uma estrela que, mesmo brilhante, aceita
dividir o céu com outras mais ou menos luminosas?