sexta-feira, 13 de abril de 2012

AFINAL, QUEM É RICARDO COUTINHO?


Ricardo Coutinho foi eleito em condições adversas. Numa onda de continuísmos, tivemos a mudança. Ao invés de José Maranhão, os paraibanos preferiram Ricardo. Numa eleição difícil, ele esteve sempre em 2º lugar. A virada deu-se nos últimos dias e de nada adiantou lançar panfletos apócrifos dizendo que o “mago” tinha um pacto sinistro com as forças do mal. Já a transição foi complicada. Ricardo dizia não ter acesso às informações. Falava mesmo que o governo Maranhão lhe sonegava dados.



Veio a posse e todos deram a Ricardo o benefício da dúvida. A oposição lhe deu aqueles três ou quatro meses iniciais sem pressioná-lo. Mas, eis que as contradições ricardistas vieram à tona. Como governador, Coutinho abandonou as características do parlamentar. Como vereador e deputado estadual, Ricardo era um defensor do diálogo e da participação da sociedade nas questões político-institucionais. Como governante, vimos uma personalidade dada a atos unilaterais, como aquele que decidiu que Luciano Agra seria seu lugar-tenente na prefeitura de João Pessoa.


Surpreendeu a muitos ver Ricardo desestimulado ao diálogo com aliados. Indisposto a ouvir os que o cercam antes de tomar decisões. Causou, não sei se ainda causa, estranheza o fato de Ricardo mudar tão rapidamente a relação política com as forças e lideranças paraibanas. Ele já foi aliado e adversário de José Maranhão e já se colocou como a alternativa ao espectro político paraibano. Era um crítico do senador Cássio Cunha Lima. Mas, fez uma aliança com este que, tal qual castelos de areia, podem ruir na primeira onda que passar.


A composição líquida de seu governo é como a tentativa de misturar a água e o óleo, por mais que se tente cada elemento ficará em uma camada diferente. Ricardo tem em seu governo todas as colorações partidárias. Desde o “coletivo girassol”, passando pelo PSB (seu partido) e o PPS, até o PSDB e o DEM. Mas que não se reclame da composição água-e-óleo ricardista, já que este é o modelo de governança em nosso país.


Aliás, o que viria a ser o “coletivo girassol”? Um sólido agrupamento político em torno de ideias que logrou êxito em levar Coutinho ao governo estadual? Ou, apenas, um ajuntamento em torno de um projeto político individualizado, útil até quando legitimava a inserção ricardista nas alianças políticas? Ricardo nunca foi dado à vida político-partidária. Sua eloquente personalidade não parece caber em siglas. Ele esteve sempre acima do PT, por onde passou, por exemplo.




O tal “coletivo girassol” diz muito da grandiloquente personalidade ricardista. Como todos sabem, o girassol é uma flor que se movimenta em torno do sol. Ricardo é, ou foi, o sol. O coletivo girava em torno dele. Mas isso parecia incomodá-lo, tanto é que ele decretou, no começo do ano, o fim do coletivo.


Continuará Ricardo sendo o sol, que de tão luminoso a todos ofusca? Ou será uma estrela que, mesmo brilhante, aceita dividir o céu com outras mais ou menos luminosas?