segunda-feira, 9 de abril de 2012

EXPLICANDO O DILEMA DO POSTE


A capacidade de transferência de votos de um líder político pode variar entre uma eleição e outra. Ou seja, ela não é constante. Não basta um líder político pedir para se votar num determinado candidato, pois ele tem que ser merecedor, aos olhos do eleitor claro, da transferência. É preciso entender que a transferência de votos não é algo automático. Não basta um grande líder político pedir para se votar em quem ele bem queira. Não é porque o líder é um Lula da vida que os eleitores vão votar em qualquer um que ele queira. A história do poste surgiu disso.

Dizia-se que existiam políticos que de tão populares e tão bem avaliados poderiam eleger o que bem quisessem. Até mesmo um poste. Em setembro de 2008, por exemplo, Lula era tão bem avaliado que muitos analistas diziam que ele elegeria até um poste, se assim quisesse. Mas, como é que surge a história do poste? O advento da reeleição, a proibição dos governantes buscarem um 3º mandato consecutivo e as restrições para que tentem colocar parentes como sucessores criou nova situação. Assim, ter um aliado de confiança como sucessor é estratégico, pois partidos e políticos não querem deixar o governo para um adversário, por motivos mais do que óbvios.


Quando o líder político torna-se cabo eleitoral aumenta sua popularidade. Enquanto pede votos para seu aliado, aumenta sua exposição, fala do que fez e turbina seus projetos políticos futuros. Mas, este é um jogo delicado, pois se em caso de vitória a demonstração de força é grande, em caso de derrota o poder de liderar as massas é questionado de cima a baixo. Não fazer o sucessor é uma das piores derrotas que um líder político pode sofrer. É sempre um jogo de aposta alta.




É este o dilema que Veneziano enfrenta hoje. Se Tatiana for eleita, ele entra no jogo eleitoral de 2014, se ela perder, ele fica com o ônus da derrota, além do oxigênio dos políticos que é o cargo público. Cássio Cunha Lima também tem seu dilema. Além de colocar a prova seu prestígio político, apoiando Romero Rodrigues, pode vir a ter que lidar com uma terceira derrota consecutiva em seu principal reduto eleitoral. Já Daniella Ribeiro conta com a capacidade de transferência de votos, para somar ao seu capital eleitoral, mas este é um dilema menos complicado, pois se trata de uma questão de herança política. Claro, o tamanho do dilema de cada um é proporcional a situação política que possuem. A situação de Romero é mais cômoda, pois Cássio Cunha Lima vem sendo um bom cabo eleitoral. Veja-se como ele foi útil na eleição de Ricardo Coutinho.


A questão não é se o líder político transfere ou não votos. O enigma a ser decifrado é: quanto ele consegue transferir e se isso faz até um poste ser eleito. É por isso que o candidato tem que se mostrar confiável aos olhos do eleitorado. Não basta ter o apoio do líder, tem que saber transformar apoio em votos e isso, meus amigos, é algo bastante difícil. Querer ser eleito por uma força externa, apenas com votos herdados, sem um mínimo de capital eleitoral próprio, é algo arriscado. É preciso saber dosar bem duas coisas: a capacidade de escolha do eleitor e o poder de transferência de votos do líder político. É isso que se coloca no caso da eleição de Campina Grande. Temos candidatos que dependem da capacidade de transferência de votos de seus lideres para se elegerem. Qual deles resolverá o dilema do poste? Nós só saberemos durante a campanha eleitoral.