quarta-feira, 25 de abril de 2012

O DNA DA POLÍTICA PARAIBANA


Eu já disse, aqui mesmo no Politicando, que a política paraibana se transformou num grande negócio de família e citei exemplos vindos do interior paraibano. Eu vou continuar a tratar da questão com outros exemplos, pois os atores políticos se perpetuam no poder mais pela hereditariedade do que pelos seus atos.


Dos doze deputados federais paraibanos, pelo menos oito tem descendência direta com políticos importantes. Eu vou citar os casos mais famosos, pois a lista é grande. O deputado federal Wilson Filho tem o ex-senador Wilson Santiago como pai. Hugo Motta é neto dos deputados Edvaldo e Francisca Motta. O senador Efraim Morais emplacou seu filho, Efraim, como deputado federal. O ex-governador José Maranhão tem seus sobrinhos Benjamim e Olenka como deputados. O ex-prefeito e ex-deputado Enivaldo Ribeiro tem seus filhos Agnaldo e Daniella como deputados. O deputado federal Ruy Carneiro vem de uma família de políticos.


Um caso famoso é do ex-governador Ronaldo Cunha Lima que legou seu filho Cássio Cunha Lima para a política. Na Assembléia Legislativa da Paraíba, pelo menos metade dos deputados pertence a famílias tradicionalmente envolvidas com a política em suas cidades. E não vamos esquecer a família Vital do Rêgo entronizada no poder, com vários cargos. Tínhamos Vital do Rego pai que foi deputado federal, dentre outras coisas. Pedro Gondim, ex-governador, vem a ser pai da deputada federal Nilda Gondim que é mãe do prefeito Veneziano e do senador Vital Filho


O que mais estranha é a forma como as famílias vão se apropriando do poder. Eu citei casos de famílias que permanecem em prefeituras por anos a fio. Temos os casos de atores políticos que se apossam de uma cadeira no parlamento e depois de vários mandatos, legam esse espaço de poder para um herdeiro. O procedimento usual é o que o deputado federal Dr. Damião adotou. Primeiro introduziu sua esposa na política, depois lançou o filho como vereador.


Nesta tradição as câmaras de vereador seriam um rito de passagem. Uma espécie de “escola”, onde os filhos das lideranças tomam aulas de como fazer política. Só existe uma exigência. O herdeiro tem que ter dezoito anos e ter título de eleitor, claro. Se ele fizer um curso superior ajuda, se for direito, tanto melhor. Os meninos e meninas da política começam sem enfrentar dificuldades. Herdam o capital político de seus padrinhos e a estrutura partidária que estes possuem. Contam com a experiência que os mais velhos adquiriram, pois é interessante se aconselhar, com base na confiança familiar, com alguém que está na política a 20 0u 30 anos.


Existe impedimento para que o filho siga a carreira do pai? Não, não deve haver. Principalmente se houver vocação e a natural influência. O problema, é que na Paraíba, se criaram verdadeiros feudos na política. São prefeituras e cadeiras no parlamento que se tornam propriedades particulares. Assim, a política vira algo de uns poucos. Os que não nascem em famílias tradicionais da política ficam fadados a serem meros representados.