Eu já disse, aqui mesmo no Politicando, que a política paraibana se
transformou num grande negócio de família e citei exemplos vindos do interior
paraibano. Eu vou continuar a tratar da questão com outros exemplos, pois os
atores políticos se perpetuam no poder mais pela hereditariedade do que pelos
seus atos.
Dos doze deputados federais paraibanos, pelo menos oito tem descendência
direta com políticos importantes. Eu vou citar os casos mais famosos, pois a
lista é grande. O deputado federal Wilson Filho tem o ex-senador Wilson
Santiago como pai. Hugo Motta é neto dos deputados Edvaldo e Francisca Motta. O
senador Efraim Morais emplacou seu filho, Efraim, como deputado federal. O
ex-governador José Maranhão tem seus sobrinhos Benjamim e Olenka como
deputados. O ex-prefeito e ex-deputado Enivaldo Ribeiro tem seus filhos Agnaldo
e Daniella como deputados. O deputado federal Ruy Carneiro vem de uma família
de políticos.
Um caso famoso é do ex-governador Ronaldo
Cunha Lima que legou seu filho Cássio Cunha Lima para a política. Na Assembléia
Legislativa da Paraíba, pelo menos metade dos deputados pertence a famílias
tradicionalmente envolvidas com a política em suas cidades. E não vamos
esquecer a família Vital do Rêgo entronizada no poder, com vários cargos. Tínhamos
Vital do Rego pai que foi deputado federal, dentre outras coisas. Pedro Gondim,
ex-governador, vem a ser pai da deputada federal Nilda Gondim que é mãe do
prefeito Veneziano e do senador Vital Filho
O que mais estranha é a forma como
as famílias vão se apropriando do poder. Eu citei casos de famílias que
permanecem em prefeituras por anos a fio. Temos os casos de atores políticos
que se apossam de uma cadeira no parlamento e depois de vários mandatos, legam
esse espaço de poder para um herdeiro. O procedimento usual é o que o deputado
federal Dr. Damião adotou. Primeiro introduziu sua esposa na política, depois
lançou o filho como vereador.
Nesta tradição as câmaras de
vereador seriam um rito de passagem. Uma espécie de “escola”, onde os filhos
das lideranças tomam aulas de como fazer política. Só existe uma exigência. O
herdeiro tem que ter dezoito anos e ter título de eleitor, claro. Se ele fizer
um curso superior ajuda, se for direito, tanto melhor. Os meninos e meninas da
política começam sem enfrentar dificuldades. Herdam o capital político de seus
padrinhos e a estrutura partidária que estes possuem. Contam com a experiência
que os mais velhos adquiriram, pois é interessante se aconselhar, com base na
confiança familiar, com alguém que está na política a 20 0u 30 anos.